- ...Os sentimentos do Baji-san... A Toman... Eu encarrego eles a você, parceiro. - Foi a última coisa que disse antes de ouvir o barulho do tiro e sentir uma dor aguda em minha cabeça, mas estranhamente ela passou em questão de segundos.
O clima havia mudado, e mesmo com os olhos fechados, eu podia ter a certeza que até o local que estava deitado era diferente, sentia que não estava mais preso em uma cadeira com as mãos e pés amarrados por fita isolante. Me levantei assutado, ficando confuso ao ver que não tinha nada onde estava.
Era vazio e extremamente branco de todos os lados que consegui ver. Franzi o cenho, levemente confuso.
Onde estava, afinal de contas? E o Takemichi, será que ele estava bem? Mas o que mais me confundia, era, como eu vim parar aqui?
Ouvi uma risada inconfundível, e virei automaticamente a cabeça de forma brusca em direção de onde vinha. Aquela risada era do Baji-san, eu tinha certeza. Uma dor em meu peito se alastrou enquanto uma felicidade que não sentia à tempos me invadia naquele momento.
Há quanto tempo eu não ouvia aquela risada? Era uma pergunta que a resposta estava clara em minha mente. Doze anos. Doze longos e dolorosos anos.
Olhei para o lado e depois abaixei a cabeça, encontrando o Baji-san deitado tranquilamente em meu lado. A face tão bela e jovial quanto me lembrava. O sorriso perfeito de orelha a orelha deixava as presinhas que sempre achei adoráveis a mostra e os olhos estavam fechados. Simplesmente lindo.
Eu queria o tocar para saber se era real ou apenas uma ilusão criada pela minha mente, não seria a primeira vez e talvez nem a última que eu estivesse alucinando com ele. Mas o medo de encostar e a figura dele desaparecer diante dos meus olhos era maior, eu não queria que ele sumisse tão rápido.
Observei atentamente quando Keisuke abriu os olhos, me encarando com ternura. Os olhos castanhos e gentis passavam carinho, eu me senti acolhido. Meu coração estava pulsando tão forte que achava que teria uma parada cardíaca logo logo, mas não era como se aquilo me importasse, ao menos, naquele momento.
Ele estava na minha frente após tanto tempo, isso era a melhor coisa que me aconteceu desde a partida dele.
- Chifuyu, por que está chorando? - Baji-san me perguntou tranquilamente enquanto erguia o tronco, ficando sentado assim como eu estava. Levei a mão direita de encontro com meu próprio rosto, o sentindo molhado. Quando eu tinha começado a chorar? Não fazia a menor idéia.
- Eu estou feliz. Feliz por poder revê-lo, Baji-san. - Falei com a voz cortada, a minha garganta estava seca e pareceria ter um nó que me impossibilitava de falar. Queria o tocar, o abraçar e até mesmo o beijar. Mas, o medo de Keisuke desaparecer a qualquer momento ainda estava ali, ainda falava mais alto que qualquer outro sentimento. - Eu nem consigo acreditar nisso. Você é mesmo real? Não é apenas minha mente me fazendo te ver? - Limpei as lágrimas do meu rosto com o ante-braço. - Eu queria te tocar, Baji-san. Mas tenho medo de o ver sumir. - Um soluço escapou dos meus lábios trêmulos. - A última vez que te toquei, você já estava sem vida. - Murmurei baixinho antes de sentir os braços longos do Baji-san me rodearem, Keisuke pôs uma mão na minha cabeça, provavelmente me indicando a deitar a mesma em seu ombro, e a outra fazia descia e subia sobre minhas costas. Creio que era uma forma para me acalmar. - Eu senti tanto a sua falta... - Apertei o tecido da blusa do Baji-san entre meus dedos. Sentir o cheiro dele após tantos anos era reconfortante. - Agora eu vou poder voltar a te seguir, Baji-san? - O perguntei com um fio de voz, erguendo o rosto para ver a face tranquila e compreensiva dele. Como eu amava aquele rosto.
- Não, Chifuyu. Quero que você ande no meu lado a partir de agora. - Me assustei com o que ouvi, me afastando um pouco dele somente para conseguir ver o rosto do moreno melhor, mas sem desfazer o abraço, eu não queria me afastar muito dele. Baji-san respirou fundo antes de voltar a falar. - Sempre quis te dizer isso pessoalmente. Me desculpe por tudo que te fiz passar, Chifuyu. Eu não queria ter o feito sofrer daquela maneira. - O tom de voz dele demonstrava arrependimento, e ao ouvir aquilo não pude evitar rir levemente, mas parando ao ver ele ficar confuso.
- Eu já te disse uma vez, Baji-san. Enquanto você estiver aqui, no meu lado, tudo ficará bem para mim, independente de onde estejámos. Eu só quero estar contigo. - Meu rosto esquentou com a confissão, e fiquei levemente temeroso se Baji-san havia levado aquilo como uma declaração de meus sentimentos, mas o mesmo somente riu. Aquela risada que eu tanto amava ressoando em meus ouvidos.
- Sabe, Chifuyu, no início eu te achava um cara meio irritante, por isso era grosso com você às vezes. Mas eu fico feliz por você nunca ter desistido de mim, nem mesmo quando eu fui um filho da puta contigo.
- Está falando sobre quando você me bateu? - Perguntei confuso. Já havia se passado tanto tempo daquilo, que eu tinha me esquecido. Por mais que eu tivesse passado esses doze anos planejando uma forma de honrar a morte dele, detalhes insignificantes como aquele não tinham espaço em minha cabeça. As únicas memórias que tinha com ele, eram as boas, onde nos sentávamos nas escadas do prédio que morávamos e conversávamos até tarde, vez ou outra dividindo um yakisoba.- Baji-san, eu só queria te ajudar, mesmo que eu tivesse que apanhar no processo ou até mesmo perder um membro do corpo. - Eu levei uma mão de forma hesitante de encontro com o rosto dele. Como ele não repeliu meu toque, alisei aquela região com carinho. Puxei o ar com força, decidido a fazer uma coisa que sempre quis. - Baji-san, eu preciso te confessar algo. - Desci minha mão até ela estar pousada no ombro largo direito de Keisuke, segurando com força aquela região. - Eu sempre te amei, Baji-san. Talvez desde quando nos conhecemos e você me ajudou com aqueles caras. No início eu pensava ser apenas admiração, mas, desde o momento em que você "traiu" - Fiz aspas com a única mão solta. Ele e eu sabíamos que ele nunca tinha traído a Toman de verdade. - a Toman, eu entendi aquele sentimento que vivia dentro de mim. E quando você partiu, deixou um vazio. Eu me agarrei a única coisa que tinha sobrado de você, a missão de tirar o Kisaki da Toman, e eu falhei. Me... - Quando iria me desculpar, Baji-san fez algo que eu jamais imaginaria. Ele selou os lábios dele com os meus, e por mais que tenha sido somente um selar rápido, foi a melhor experiência da minha vida. Por mais que eu quisesse fechar os olhos para aproveitar melhor daquela sensação, eu tinha medo dele não estar mais ali quando eu os abrisse.
- Eu também te amei, Chifuyu. Fico feliz por você não ter deixado esse sentimento morrer mesmo após tantos anos. - Baji-san disse ao nos separarmos, mas nossos rostos ainda estavam próximos.
- Eu não seria capaz. - Foi a única frase que consegui falar naquele momento, ainda surpreso a atitude dele. Mas uma dúvida me fez me lembrar que ainda não fazia a menor idéia de onde estávamos. - Baji-san, onde estamos? - Perguntei, não me importando da minha confusão ficar exposta com aquele questionamento. Imagino que ele estava aqui a mais tempo que eu, então creio que ele tenha a reposta. Baji-san abriu um sorriso enquanto o rosto ficava levemente avermelhado.
- Eu não faço a menor idéia. - Me respondeu envergonhado.
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[autora]
Eu amo eles dois, sério.
Eles são tão piticos :( meus protegidos.Obrigada a todos que leram até aqui, até uma próxima. 💞

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Vazio - BajiFuyu.
FanfictionOnde Chifuyu se encontra com Baji após tantos anos sem o ver. BAJIFUYU|| SPOILER EPISÓDIO 24|| Também postada no Spirit