Querido Diário: Você será meu legado.

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Querido Diário.

Eu não sou cientista, então não sei dizer ao certo como toda essa loucura começou, e nem como tudo isso funciona. O que eu sei, é o que eles disseram na tv.

Vi no jornal de hoje, pela manhã, que o mundo estava em colapso. Não só a América do norte, ou a Europa, mas todo o mundo estava em choque, com a raríssima exceção da Antártica (o que era extremamente estranho, já que o causador veio de lá), e do meu país que ainda não tinha casos confirmados (foi o que o âncora do jornal disse). A humanidade havia, finalmente, encontrado seu fim, um predador perfeito: "quase-humanos" dotados de uma força inimaginável, agressivamente implacáveis, praticantes de canibalismo, e, ao que tudo indicava, seres irracionais que atacam por instinto.

Há algumas semanas, alguns cientistas estudavam bactérias e vírus encontrados em icebergs, a fim de encontrarem neles, ajuda para problemas modernos. Ninguém quis se voluntariar, para os testes, então, os cientistas deram um jeito de inserir os mesmos, em seus próprios corpos. O resultado?

Um deles ficou hospitalizado em uma UTI do laboratório utilizado para pesquisa, de início, ele apresentou uma febre muito alta, convulsões, dilatação das veias e vasos sanguíneos, descoloração de pele e confusão mental. Após tudo isso, ele simplesmente apagou. Os aparelhos que o monitoraram perceberam um aumento da frequência cardíaca dele e uma respiração pesada e rápida, como se tivesse corrido uma maratona.

O parceiro desse, apagou na hora, sem atividade cerebral, sem pulso, foi dado como morto.

Apesar dessas reações, não foi feita nenhuma quarentena no laboratório. As pessoas simplesmente seguiram com o dia normalmente, trataram como casos isolados. Não enxergaram problema, afinal, os seres invisíveis à olho nu, estavam fazendo mudanças nos organismos dos doutores e não geravam risco aos trabalhadores...

Ah se isso ao menos fizesse sentido...

A primeira pobre vítima, foi o zelador. Doutor Cooper (o primeiro infectado), era sempre muito gentil com Gerald (o zelador), então, quando o malfadado vigilante soube do ocorrido, foi vê-lo, queria saber como ele estava por seus próprios olhos, e não pelos boatos que corriam pelo laboratório.

Ao adentrar o quarto e ouvir os sons dos aparelhos, seu coração se entristeceu, o aparelho que monitorava o coração do cientista produziu então, um som alto e contínuo ao invés dos constantes 'bips' atestando sua morte, o que levou o cuidador daquele laboratório a chegar mais perto do leito, e esse, foi seu erro fatal.

O doutor agora acordara para a sua não-vida e desferiu mordidas pelo corpo do zelador, que caiu em choque, sem reação.

E infectado.

A infecção do pobre Gerald se deu em minutos, e não demorou muito para que as próximas vidas fossem ceifadas pelo laboratório, alguns corpos sem vida para sempre (os monstros devoraram toda a carne), e outros que mais tarde acordavam para a sua quase-morte.

O problema, foi que os portos marítimos não foram fechados, os aviões e trens continuaram fazendo suas viagens, então as cidades pouco a pouco se infectavam, não entraram em quarentena, os exércitos tentaram conter as infecções, mas os soldados também acabaram infectados. Agora, dia após dia, os países ganhavam odores pútridos e manchas permanentes de sangue. Acidentes quilométricos também enfeitavam as cidades pós-apocalipse.

Quero deixar registrado em você, querido diário, meus dias e o que descobri sobre essas criaturas, você será meu legado e, se caso eu perder essa guerra e me transformar em um desses seres desprezíveis, alguém poderá achar e talvez o que eu descrever em você, ajudará mais pessoas a sobreviverem nesse mundo que se encaminha para seu fim.

Diário do apocalipse: Não Deixe Que Te Mordam.Onde histórias criam vida. Descubra agora