a morte de baji keisuke na vida de chifuyu matsuno fora, certamente, um evento traumático.
mesmo após completar seus vinte e seis anos, o rapaz loiro, que agora tinha deixado suas madeixas negras predominarem sua cabeça - o motivo exato, na verdade, era por causa da coloração dos cabelos do melhor amigo morto, como uma forma de melhor lembrança de quando ele prometeu que sempre estaria consigo -, chifuyu continuava tendo problemas psicológicos.
certa vez, quando tinha dezesseis anos , três anos após a morte de keisuke, por pura insistência de mitsuya, fora ao médico fazer alguns exames e consultas. os resultados eram, de fato, preocupantes, já que os médicos o diagnosticaram com estresse pós-traumático, ansiedade e depressão. ele também sofria de alguns tremores nas mãos a cada vez que ficava com raiva, entretanto, ele cerrava fortemente os punhos para não demonstrar suas emoções.
matsuno nunca gostou de contar seus problemas para as pessoas, ele via isso como algo desnecessário.
se as pessoas não poderão me ajudar, que diferença faz contar-lhes sobre meus problemas?
por conta disso, a ansiedade, a depressão e principalmente o estresse não o deixaram, muito pelo contrário, eles fizeram morada no corpo do homem delinquente. chifuyu passou a tomar cerca de quatro a seis remédios controlados por dia, para manter-se estável.
a verdade era que desde aquele dia, chifuyu nunca mais esteve estável, sua mente nunca mais foi a mesma. nem sua identidade era mais a mesma, o seu eu.
identidade.
chifuyu se questionou por anos - e ainda se questiona - sobre quem ele genuinamente é, já que perdeu sua principal razão de querer sempre continuar lutando.
"todos os dias em que você estiver lutando, porque você... sempre continue lutando. está me ouvindo?"
talvez o pedido de baji fora a única coisa que o deixou vivo até o dia de hoje. no entanto, sua vida acabou com uma confissão de si mesmo, alegando ser o impostor da toman, liderada por kisaki tetta, com uma bala de 9mm de uma pistola no meio de sua testa.
por parte, matsuno queria poder acabar com seu sofrimento há tempos, mas também não queria ter simplesmente jogado toda a responsabilidade de deter o kisaki e ajudar a toman nos ombros de takemichi.
e agora ele não poderia voltar no tempo para se salvar. não tinha um gatilho que fizesse isso.
por isso, assim que levou o tiro, foi como se todo o peso que sentiu durante todos esses anos havia sumido, como se nunca houvesse existido. quando abriu os olhos, reparou estar um lugar desconhecido e completamente calmo, parecia muito como se ele estivesse na paz - algo que ele realmente almejava ter.
ele levantou seu tronco, olhando ao seu redor.
nada. tudo era um completo nada.
levou sua mão à testa, procurando algum machucado.
nada.
onde ele estava? por que estava ali? como chegou até lá?
ele se levantou e, sem rumo, começou a caminhar para qualquer lado. notou que sua roupa não era o terno que costumava usar, mas sim, o uniforme de vice-capitão da gangue tokyo manji. de algum modo, ele descobriu que sua aparência não era adulta, atual, era a de quando tinha treze anos, ainda com o cabelo loiro.
sua mente estava tão focada em achar algum rumo em meio àquele nada, que nem percebeu que havia alguém lhe chamando de longe.
"chifuyu!"
"chifuyu!"
"chifuyu!"
- chifuyu! - aquela voz. aquela voz que ele não escutava há anos. aquela voz que ele jamais esqueceu de como era uma melodia para seus tímpanos. aquela voz que ele sentia saudades.
a voz de baji keisuke.
- baji...san...? - ele se virou lentamente, visto que os gritos vinham da direção de suas costas.
lá estava ele, com aquela cabeleira negra e aquele par de olhos caramelados, correndo em sua direção com um grande e brilhante sorriso nos lábios, de braços abertos para recebê-lo em um apertado e reconfortante abraço.
- chifuyu! - novamente gritou, fazendo o garoto loiro cair em lágrimas de alegria, com o maxilar cerrado. então, começou a correr na direção do outro, deixando seus corpos impactarem em um forte e emocionante entrelaces dos braços de ambos.
matsuno afundou o rosto na clavícula do outro, coberta pelo uniforme da gangue, deixando o tecido completamente encharcado, permitindo-se soluçar e esvaziar-se de todos os sentimentos ruins que o acompanharam a vida toda.
baji apenas pousou uma de suas mãos sob a cabeça do menor enquanto sorria.
- eu tenho tanto orgulho de você, chifuyu... obrigado por me encontrar.
e talvez a morte de chifuyu matsuno não tenha sido uma tragédia tão grande, pelo menos, não para ele.
eu encontrei você, baji-san.
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i found you, baji-san ━━ bajifuyu.
Fanfiction"eu encontrei você, baji-san." [bajifuyu] [angst] [continuação de if you love me, let me go] [+14 pela violência]