Capítulo 3 - Oh Sue, don't act like you're dead while you're still alive

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- Emily? - Sue perguntou, ainda juntando seus pertences. - O que tu tá fazendo aqui? - o tom da sua voz não escondia a sua surpresa por estar no mesmo ambiente que Emily.

- Eu estudo aqui, Letras, 3º semestre. - respondeu, ajudando Sue. - O que tu tá fazendo aqui? - questionou, como se Susan fosse a novata, o que de fato ela era. Susan observava os olhos grandes de Emily, que ganharam destaque com os óculos. Ela estava levemente extasiada, questionando se não estava alucinando ou sonhando.

- Eu... moro aqui, agora. - disse, observando Emily pegar sua caixa sem sequer questionar.

- Sério!? Que legal, então essa caixa é tua? - Sue respondeu com um aceno de cabeça. - Deixa eu te ajudar então, qual o teu quarto? - perguntou, ignorando completamente o fato que deveria encontrar o estudante do quarto 74-A e decidindo por si que iria ajudar Sue.

- É no sétimo andar do prédio A... - Sue respondeu, juntando seus braços ao corpo de maneira nervosa. - Têm certeza? Não precisa, sério, deixa eu levar a caixa - falou, tentando tirar a caixa dos braços de Emily.

- Não mesmo, é o mínimo que eu posso fazer depois de esbarrar em ti e derrubar tuas coisas. - disse, levando a caixa para o lado oposto de Susan. - E também, eu tava indo pra esse andar.

- Ok... - Sue disse, se encaixando ao lado de Emily e caminhando em direção ao seu quarto, ainda tentando acreditar que a situação era real.

- Então, quando tu chegou? - Emily perguntou, tentando fazer conversa. Ela estava intrigada com a presença da estranha de sexta à noite e que lhe desencadeou tantos sentimentos.

- Na quinta de noite, vim mais cedo com um amigo meu. - Sue explicou. - A gente veio de Londres. - concluiu a fala, "Susan ela nem perguntou de onde tu veio porque tu sai falando assim" espraguejava em seus pensamentos inseguros. Gilbert estava nervosa, a pessoa cujo nome ecoou em seus pensamentos, deslizou em sua boca e acalmou suas primeiras noites no alojamento estava ao seu lado e ela sequer a conhecia direito para sentir todas as coisas que estava sentindo.

- Londres é? Agora o sotaque faz sentido. - Emily riu, virando-se levemente de lado para desviar de uma pessoa que estava saindo pela porta do prédio dos alojamentos e entrando no saguão em seguida. - Uau, esse lugar ficou legal mesmo - comentou, olhando ao redor.

- Sim, eu gostei bastante, principalmente do campus - Sue disse, admirando o espaço com Emily. - O elevador é aqui. - falou, caminhando um pouco e virando à direita, apertando o botão para que o aparelho chegasse ao térreo.

- Eu até diria pra gente ir de escada, mas acho que ainda tá meio cedo pra subir sete andares carregando peso. - Emily disse, olhando para Sue com uma expressão travessa, o que a fez inconscientemente sorrir.

- Hoje mais cedo tava meio caótico, então talvez a gente tenha que... - as portas do elevador abriram, fazendo Sue interromper a sua fala. - Ah, que bom, chegou rápido. - disse, entrando e colocando o braço direito entre as portas, para que não fechassem enquanto Emily passava por elas. Sue apertou o botão do sétimo andar e colocou suas mãos nos bolsos da jardineira que vestia, como sempre fazia quando estava nervosa. O elevador parou em cada andar anterior ao sétimo, e logo estava cheio com as pessoas que entravam. No quinto andar, uma pessoa passou ao lado de Emily, em direção ao fundo do espaço, fazendo a jovem se desequilibrar e tensionar para o lado de Susan, que extintivamente colocou uma mão embaixo da caixa, para ajudar a segura-la e outra na cintura de Emily, para evitar que ela caísse. Com as suas mãos se tocando sob a caixa e seus corpos tão próximos, as jovens se encararam por alguns segundos, os olhos vidrados uma na outra, as respirações pesadas. O pouco tempo de contato proporcionou ao corpo das duas um êxtase nunca experienciado. Se afastaram quando as portas do elevador abriram apresentando, para Susan, o familiar cenário do sétimo andar. Emily se recompôs e elas saíram do elevador, respirando novamente.

900 segundos de tensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora