.First and only one

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Ao conhecer Kisaki Tetta, Hanma se sentiu curioso com o jovem garoto que o buscava graças ao seu apelido de "Shinigami". Quem em sã consciência procuraria alguém que levava pessoas para o hospital? Talvez mafiosos, mas nem isso Tetta era. Hanma se apaixonou quase de primeira vista, primeiro movido pela curiosidade, depois pelas descobertas que havia sido proporcionadas por Kisaki. Com ele, Hanma não se sentia entediado e sempre tinha algo movendo o mundo ao seu redor.

A primeira vez que Hanma sentiu seu peito apertar por amor, ele estava assistindo Kisaki estudar em seu quarto enquanto falava sobre o seu mais novo plano, e que com certeza tiraria Mikey da Toman; o garoto falava sobre uma nova gangue e coisas que deveriam ser feitas para que tudo ocorresse da melhor forma. Hanma não ligava para nada disso.

Largado na cama do mais novo, ele apoiou a cabeça na parede e somente observou cada movimento que o outro fazia. Ele poderia estar errado, mas decidiu aproveitar o sentimento quente que surgia em seu peito toda vez que Kisaki virava e perguntava sua opinião sobre algo, ele só concordava nem escutando o que lhe era dito. Naquele dia, ele voltou para sua casa sorrindo feito bobo, jurando que deveria aproveitar enquanto aquele sentimento não passava.

Kisaki já estava vestindo o uniforme da toman quando Hanma o viu, e ouviu, rir pela primeira vez. Não a risada cínica e forçada que ele costumava fazer, era genuína e pura, o som saía fluído dos lábios de Tetta. Estavam na calçada de uma rua qualquer, comendo salgadinho e conversando sobre absolutamente nada de importante. Hanma disse algo que não se recordava e logo Kisaki começou a rir, tendo que tirar seus óculos e coçar os olhos, tentando recuperar o fôlego. Shuji só conseguiu ficar parado, desestabilizado com o que havia acontecido. Aquela era a risada mais linda que havia escutado em toda sua vida.

Em consequência, naquele mesmo dia fora a primeira vez que seu coração havia sido quebrado. Ao ver que Kisaki se sentia à vontade, perguntou o motivo pelo qual ele fazia tanto esforço em entrar na toman — Mesmo fazendo tudo que lhe era pedido, ele não explicava muito as coisas para si —, com um sorriso no rosto, Kisaki disse que Hinata Tachibana era o seu motivo. Hanma escutou cada detalhe da história, sobre como os dois se conheceram há tempos atrás e como Kisaki se apaixonou por ela.

Hanma bateu em pelo menos cinco pessoas diferentes, depois que saiu daquele lugar com uma desculpa barata. Seu coração doía tanto. Uma dor que já se era esperada.

Talvez ele só tivesse imaginado um cenário impossível onde Kisaki o amaria de volta. Mas kisaki amava Hinata, enquanto Hanma nem o título de "melhor amigo" poderia levar.

A primeira vez que viu Kisaki chorando, ele prometeu que nunca mais sairia do lado dele. Estavam fugindo da briga entre tenjiku e Toman, seu objetivo inicial era brigar com Draken, mas não queria deixar o amado sozinho sabendo que ele não poderia se defender muito bem. Kisaki era a parte inteligente da dupla, e não a parte bruta, isso era seu trabalho. Correu o mais rápido que suas pernas permitiam, deixando o vice-líder da outra gangue confuso. Procurou com os olhos o lugar onde ele e takemichi poderiam estar se enfrentando; quando o encontrou, ele estava agachado no meio da pista, se preocupou se o garoto poderia estar machucado, mas viu ao longe luzes brilhantes de um automóvel vindo na direção de Kisaki.

Hanma não sabia dizer o que aconteceu, sua consciência só retornou quando Kisaki agarrava seu corpo com força, jogados do outro lado da rua. O caminhão havia batido em um dos muros ao lado oposto ao deles. Se afastou rapidamente, averiguando-o. Os olhos claros de Kisaki estavam marejados e seu rosto assustado, mas estava bem. Shuji agarrou o corpo pequeno contra o seu, deixando que finas lágrimas caíssem, o medo de perder algo tão importante o corroendo por dentro. Tetta o apertou de volta, fungando em seu peito.

— Eu não quero morrer.

Essa foi a única coisa que ouviu Kisaki dizer com sua voz fraca e chorosa.

A primeira vez que Kisaki ficou bêbado fora inesquecível. Estavam juntos comemorando o aniversário de Hanma, com bebida arranjada de maneira ilegal é claro, e os dois festejaram sozinhos pelas ruas de Shibuya. Kisaki já não ligava para toda aquela besteira de gangue, sequer permaneceu na tenjiku. Escolheu continuar como antes, estudando para orgulhar sua família mas agora podendo se divertir com o então, declarado, melhor amigo. Até mesmo Hanma havia "desistido" dessa vida, claro, de vez em quando os dois iam em busca de alguma confusão, onde Hanma batia em alguém e Kisaki ganhava algum dinheiro sujo com sua lábia; mas Shuji até mesmo conseguiu um emprego em uma loja de conveniência, e utilizou da ajuda de Kisaki para retornar aos estudos.

Porém, o que com certeza ainda permanecia gravado em sua memória era o beijo inesperado que recebeu de um Kisaki alcoolizado, após ser deixado em casa. A sensação de suas bocas juntas e o cheiro de vodka, era indescritível.

Ainda se lembrava de levar o amado para sua primeira tatuagem, com o mesmo cara que lhe tatuou quando tinha apenas 13 anos. O lugar não era dos melhores e duvidava que aquele cara tinha uma licença para sair desenhando na pele das pessoas, mas ele era legal e Hanma gostava dele. Não foi permitido ficar durante a sessão de Kisaki, ele nem sabia que desenho o mais novo escolhera e a curiosidade o remoía. Se surpreendeu quando viu a mão direita de Kisaki, vermelha e um pouco inchada, com o Kanji de "orgulho" tatuado. Hanma deu tantos beijos em Kisaki, ali mesmo na frente do tatuador, que até deixou o pobre homem com um pouco de vergonha.

— Vai logo!

A voz de kisaki era como uma ordem, mas o tom divertido o enganava.

— Calma aí — Hanma respondeu, retirando sua blusa e logo em seguida suas calças. — Sempre quis estrear a casa nova.

Kisaki riu, também tirando suas roupas e seus óculos, deixando-as organizadas do lado do colchão que se encontrava no chão, no meio da sala única repleta de caixas para serem desempacotadas. Era o dia de mudança para o pequeno apartamento onde viveriam juntos, poderiam ter se passados 4 anos desde o início do relacionamento dos dois, visto que Kisaki já ingressava na faculdade e Hanma já havia conseguido um emprego mais estável, mas ainda pareciam duas crianças quando estavam juntos e sozinhos.

— Vamos logo, ainda precisamos arrumar isso tudo — Tetta disse, ficando se joelhos no colchão.

— Tá, tá... Prometo que eu arrumo tudinho depois — Shuji falou, agarrando Kisaki e se jogando sobre ele, arrancando risada dos dois.

O beijo deles era sempre completo e molhado, do jeito que eles tinham certeza que mais ninguém poderia satisfazer. Os corpos já nus se tocavam e trocavam o calor que exalavam. Já estavam habituados a fisionomia do outro.

Para Hanma o corpo moreno de Kisaki era a coisa mais bela que teve o prazer de ver, o suor escorrendo por sua pele bronzeada deixava tudo ainda mais sensual. Os gemidos na voz de Kisaki lhe davam mais prazer do que uma estimulação propriamente dita. De fato, sua única função era satisfazer e permanecer ao lado daquele homem. Sonhava acordado no dia que se ajoelharia e pediria a mão de Tetta, talvez quem sabe até mesmo não o encorajava a terem filhos.

Claro, não precisava pensar nisso agora. O que importava era a bagunça de arfares e gemidos prazerosos que se mantinham em baixo do corpo alto. Poderiam até conversar sobre isso depois, mas primeiro, Hanma deveria inaugurar o novo lar deles. 

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