02.

153 24 6
                                    

Luke Patterson

Desperto com uma música infernal tocando bem perto do meu quarto. Coloco um dos meus travesseiros no meu rosto, afim de que isso me isso me impeça de ouvir aquela música.

Sofya.

Mas a tentativa foi em vão. Levanto da cama com raiva, meus olhos flamejavam e meus punhos estavam cerrados. Ando até o quarto de Sofya e esmurro a porta, que logo é aberta por ela.

- Que porra. - Sofya resmunga.

- "Que porra"? Olha aqui, garota, eu acho bom você abaixar o volume dessa música. Você estragou os meus últimos dez minutos de sono. - digo com raiva e ela cruza os braços, claramente debochando.

- Que pena! Você vai chorar agora? - ela faz beicinho.

- Escuta aqui, não era pra você estar na escola? - franzi o cenho, cruzando os braços.

- Não é da sua conta. - ela tenta fechar a porta, mas eu seguro.

- Abaixa a... - começo a falar e a voz do meu pai me corta.

- Qual é o problema aqui? - ele pergunta se aproximando.

Leonardo já estava devidamente vestido para mais um dia de trabalho na corretora. Em seu terno não havia nenhum sinal de amasso e seus sapatos estavam devidamente engrachados.

- Essa garota não sabe ouvir uma música descente e ainda escuta essas merdas no volume máximo. - digo apontando para Sofya.

- Sofya, abaixe o som, ok!? E, você, vá se vestir para o trabalho, tenho algo importante para você hoje. - Leonardo diz saindo de lá.

Sigo as sobrancelhas e mostro a língua para Sofya, que apenas fecha a porta na minha cara.

- Eu ainda mato essa garota. - murmuro seguindo para o meu quarto.

Ando até o banheiro, onde timo um banho quente e escovo os dentes. Sigo para o closet com uma toalha enrolada na cintura, enquanto corria o olhar entre os cabides. Acabo vestindo uma blusa preta, um blazer azul bem escuro e uma calça da mesma cor.

Coloco um relógio no pulso, um cordão simples no pescoço, alguns anéis e uma pulseira no outro pulso. Por fim, calço um sapato social, mas não tão social.

Desço as escadas e sigo para o cômodo onde fazemos as refeições. Tem uma mesa de 12 lugares e um lustre sobre ela. Meu pai estava sentado na ponta da mesa e sento no meu lugar de sempre.

- Por que Sofya não foi para a escola? - pergunto me servindo de suco de laranja.

- Disse que está em uma "fase feminina". - meu pai faz aspas com os dedos.

- "Fase feminina"? - solto uma risada nasal fraca. - Isso é uma bela desculpa que todas as mulheres usam. - dou de ombros.

Bebo um gole do suco.

- Então, qual é o negócio importante que tem para mim? - pergunto colocando o copo na mesa.

- Eu quero Julie Molina! - meu pai diz olhando sério para mim, com os dedos entrelaçados na altura da boca e os cotovelos na mesa.

- Quê? Olha, pai, até onde eu sei, Julie curte caras mais novos. - digo com um ar de riso.

- Não dessa maneira. Quero que Julie trabalhe na minha empresa, quero que ela trabalhe para mim. - Leonardo diz e balanço a cabeça.

- Uma Molina na nossa empresa? Acho que você não está raciocinando direito. - bebo outro gole de suco.

- Estou raciocinando perfeitamente bem. O único que tem que raciocinar aqui é você! - meu pai diz colocando a sua torrada em seu prato.

- Que ideia é essa? Colocar Julie Molina para trabalhar na nossa empresa? - digo ainda incrédulo.

- Me escute! Eu sei do que essa garota é capaz. - ele faz uma pausa. - Ela é esperta e ambiciosa, procuro por pessoas assim. Eu e Ray competimos e tentamos fazer negócios com Pierre Durand há muito tempo. Julie praticamente nos atropelou, ela conseguiu um negócio maior ainda com Durand. - Leonardo diz e minha boca se abre sem nem eu perceber.

Como essa garota conseguiu negócio com Durand?

Ah, já sei.

Ela é mulher e até onde eu sei, Durand adora mulheres mais novas.

Com certeza Julie usou de sedução e talvez até sexo para conseguir esse negócio.

Bingo.

- Eu não concordo em colocá-la na empresa. - digo em tom de protesto.

- Não me importa com o que você concorda ou não. Seu primeiro dever como diretor vai ser fazer com que Julie Molina trabalhe para mim. - Leonardo diz bebendo um gole do seu café em uma xícara de porcelana. - Ligue no escritório e agende uma reunião ainda hoje com a Julie.

- Sabe que ela nunca vai aceitar, não é!? - digo levantando da mesa.

Leonardo continua calado e apendas dá de ombros.

Eu mereço.

Boss (JUKE)Onde histórias criam vida. Descubra agora