Mente flutuante

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Ruby Jane


Como tudo, sempre deve haver um lado ruim. Eu estava dispersa do mundo físico, me encontrava em inércia em minha mente, apenas pensando na porcentagem em probabilidade de eu a reencontrar, cálculos que por sua vez não se batiam, talvez nem meu cérebro brilhante fosse capaz de camuflar minha loucura, eu apenas havia a visto uma única vez na vida, e não conseguia parar de trazê-la de volta em imagens mentais.

- Você é ou não é o que diz ser?! Se for por atrapalhar apenas saia senhorita Ruby.

- Podemos bem analisar a situação. Eu sou ou não seu superior? Você está a ajudar ou atrapalhar?

- Só digo para que faça o seu trabalho.

- Pois bem, você é um químico então não é como se precisasse trabalhar de babá.

- E você uma engenheira mecânica e não uma astronauta para estar no mundo da lua! - ele exalava arrogância, e sempre dizem que os engenheiros são compostos por tal, talvez os químicos também. E por mais certo que estivesse eu não o deixaria falar assim comigo.

- Vou dizer mais uma vez, eu sou o seu superior e sempre soube que para você foi difícil saber que uma mulher o comandaria, mas essa é minha estação, eu mando e desmando, eu paro e ordeno que o façam e você apenas me desacata em frente a todos. Você está mais que errado em aumentar seu tom ao se dirigir a mim!

- Jennie você se acha o maioral mas assim que eu falar com o doutor Park você estará fora.- eu sorrir, na verdade ri, não era de meu feitio esse comportamento agressivo, era para se contar em poucos dedos as vezes que enfrentei alguém na vida, mas eu já estava saturada das implicações desse ser arrogante, desde que eu reivindiquei meu cargo. O olhei severamente, enquanto lentamente levantava minhas mangas e desabotoava um dos botões de minha blusa social.

- Chame-o Sincler, a filha dele usa de menos autoridade que eu, o departamento é meu, e se ele o delegou a mim é porque eu fui melhor que você, então não se sinta ofendido, apenas saia e apresente sua carta de demissão, você não trabalha mais aqui.

- Com licença?!- ele pergunta como se zombasse de mim, fingindo não ter escutado e com aquele sorriso cínico no rosto. Ele mexeu comigo em um dia errado.

- Isso mesmo, agora há de ter vários que precisam de seus salários e você está a atrapalhar, saia de meu departamento e reclame o quanto quiser a Park e sobre processos quaisquer que tiver contra mim, espero que saiba que pode os fazer, estarei esperando.- Ele olhou-me ateado fogo com os olhos e saiu da sala.

- Senhor Kyoto, assuma o cargo.

- Sim senhora!- ele se reverênciou e logo se pós a organizar as coisas.- com um suspiro me sentei de volta em meu lugar.

Será que seu rosto teria outro aspecto caso irritado? Suas feições eram tão plenas quanto as de alguém em um lago sentindo a brisa bater, enquanto degustava de um bom livro. Mas ela não parecia alguém que iria em um lago, ao menos que o mesmo se chamasse jacuzzi, porém aparências enganam, existe um milhão de combinações para apenas um código, será que haveria um milhão de chances de que eu possa reencontra-la? Na verdade há bem mais, seu rosto e a forma como ela olhava o local, ela era familiarizada, ela sabia dali, ela sentia, talvez se houvesse outra noite estrelada em Paris eu a encontrasse na estrada de pergolado, não que eu tenha tempo ou disposição a isso, mas eu realmente desejo revê-la.

A Garota na torreOnde histórias criam vida. Descubra agora