Park Jimin
As poucas horas de sono durante a noite marcaram sua presença no meu rosto. Minhas olheiras chamavam atenção e meus olhos ardiam com a falta de descanso, mas já não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. Os guardas prateados chegaram à porta da minha casa às seis da manhã em ponto. Tive pouco tempo para arrumar minhas malas e me despedir da minha família. A presença dos dois homens altos e fortes vestidos com uniformes brancos com azul escuro — sinal que serviam ao palácio, já que essas eram as cores da casa Jeon — me faziam estremecer. Querendo ou não, eu sentia que jamais poderia confiar em uma pessoa de sangue prateado, por mais que o príncipe tivesse sido tão estranhamente gentil comigo na noite passada. Jihyun tentava confortar meus pais que seguravam as lágrimas. Pela primeira vez consegui perceber o quão maduro o meu irmãozinho mais novo estava se tornando, sendo capaz até mesmo de consolar nossa família nesse momento. Eu sabia que no fundo ele também estava triste, todos estávamos, mesmo sabendo que ir para o palácio era melhor do que dar a vida em uma trincheira por uma guerra perdida.
O caminho de Busan para Seul era longo, demoramos aproximadamente umas quatro horas de viagem para chegarmos à capital. Eu observava a paisagem e sentia na pele o clima mudando; estávamos próximos do outono e Seul era consideravelmente mais fria que minha cidade natal. Árvores com folhas secas decoravam diversos lugares na capital, já que a cidade era repleta de verdes, um tipo de prateado com a capacidade de controlar a natureza. A própria rainha Haewon era uma verde, uma pessoa com um poder tão belo e puro se comparado aos murmuradores que entravam na nossa mente e controlavam nossos pensamentos. Consegui visualizar mentalmente prateados levando breves segundos para fazerem todas aquelas árvores crescerem instantaneamente. A agitada Seul não foi uma distração suficiente para minha mente. Eu estava perturbado por meus questionamentos sobre a última noite e sobre o príncipe, mas duvidaria muito que qualquer um dos dois guardas me respondessem caso eu falasse algo. Tentar lembrar com detalhes do que tinha acontecido fazia minha cabeça latejar, mas essas não eram minhas únicas preocupações. Eu ainda não havia tido quaisquer informações sobre Taehyung e isso fazia minha garganta fechar. A ideia de perder a única pessoa que estaria do meu lado nesse momento me sufocava aos poucos.
Quando atravessamos todos os bairros, tanto os mais luxuosos quanto os periféricos da cidade, chegamos ao palácio de Deoksugung. Uma fileira de soldados prateados estava à minha espera. Pude reparar que muitos deles tinham medalhas e broches de diferentes cores nas faixas de seus uniformes, mas eu não fazia ideia do que aquilo significava. Isso servia como mais um lembrete: eu não pertenço aqui. A primeira coisa que faço ao sair do carro é procurar Taehyung. Olho para um lado e para o outro, porém não o encontro. Sigo o caminho que os guardas me guiam, passando por diversos salões enormes, cobertos de safiras e diamantes — apenas uma dessas pedras seria o suficiente para fazer com que a minha família e a do Tae nunca mais passasse dificuldades. Entro em uma sala coberta de plantas; samambaias caem até o chão e magnólias decoram a enorme mesa presente no local. O lugar, mesmo com tanto verde, não perde o luxo. Esmeraldas também fazem presença na decoração. Não demoro muito a perceber que aquele era o escritório da rainha Haewon, e que a mesma estava à minha espera em pé diante da enorme mesa.
— Você deve ser Park Jimin, correto? — Ela me pega desprevenido, mas consigo ter o impulso rápido de acenar positivamente com a cabeça e, pela primeira vez naquele dia, sorrir. A rainha tinha um timbre suave e doce, sequer parecia que poderia matar alguém apenas com espinhos de cactos. — Jungkook falou-me bastante sobre você. Estávamos precisando mesmo de novos musicistas, ainda mais com o baile de outono cada vez mais próximo. Normalmente não costumo avaliar os novos empregados do palácio, mas meu filho disse que você tinha algo especial. — Especial? Eu? Minha cara de confusão estava nítida. Encarando a rainha, pude reparar em sua aparência mais detalhadamente. Seus cabelos eram longos e pretos, em contraste com sua pele um pouco mais pálida.
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O Príncipe Prateado | Jikook
Fanfiction"Nossa sociedade é definida a partir do nosso sangue. Os de sangue prateado são a elite, as pessoas nobres, ricas ou da realeza. Além do privilégio social, eles também têm poderes: alguns controlam o fogo, outros a água. Há também os que conseguem m...