A Caixa

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Estava um completo silêncio em meu escritório, nenhum chamado nem ocorrência, finalmente paz.
— Estranho, normalmente estou lotado de serviço, parece que finalmente terei sossego. — suspirava aliviado.
O sol atravessava as grades da janela, batendo em minha mesa, o som da máquina de café era alto, mas não incomodava, tudo estava perfeito para um ótimo cochilo no serviço, porém infelizmente tudo foi interrompido pelo som do telefone tocando desesperadamente.
— Aff, detetive Wilbur, em que posso ajudar? — atendia sem muita vontade, mas meu humor muda totalmente após escutar a frase:
— Bom dia detetive, precisamos de sua ajuda para um caso de homicídio. — aquilo despertou minha curiosidade, então aceitei na hora, fazia anos em que não participava de uma investigação policial.
— Certo, chego em meia hora. — desligava o telefone e pegava meu caso junto a maleta, saindo de casa.
Enfim, enquanto faço esta viagem, irei me apresentar para você leitor.
Me chamo Addam Wilbur, tenho 45 anos e sou detetive particular faz 20 anos. Minha esposa faleceu 5 anos atrás no parto de nossa filha, mas deixemos isso de lado e voltamos para a história.
Ao chegar na delegacia de polícia, encontro um homem alto, musculoso, careca, negro e com uma papelada extensa.
— Olá detetive, me chamo Hawks, sou o responsável pelo caso e gostaria de sua ajuda para solucioná-lo. — o homem estendia a mão para me cumprimentar.
— Certo, poderia me explicar o contexto por favor? — eu retribuía o gesto enquanto entrava em sua sala sem permissão.
O homem então, colocava os papéis na mesa e apontava para o rosto de uma garota.
— Esta é Louise Manner, uma garota de 20 anos que foi brutalmente assassinada 2 meses atrás. — a garota tinha cabelos pintados de rosa choque, com alguns piercings e tatuagens, branca, sorridente, dos olhos castanhos escuros e usava uma gravata vermelha, originalmente de uniforme escolar.
— Ela era estudante? — perguntei reparando em suas roupas.
— Sim, cursava medicina na universidade de Chicago, tinha grande futuro, mas sua família atrapalhava sua vida escolar.
— Como assim? O que a família dela fazia?
— Ela é filha de George Manner, grande mafioso inglês, chefe de uma das maiores indústrias de tráfico mundial. — O homem franzia a testa e colocava sua mão no queixo, estava pressionando.
— Certo... O que aconteceu com ela?
— Ela foi encontrada nua e desmembrada em cima de sua cama, seus braços e pernas amarrados, e não havia sinal de violência sexual nem luta, a causa da morte foi hemorragia.
O clima ficou tenso e pesado, mas tudo piorava quando eu abri a pasta com as fotos da cena.
Havia muito sangue em cima da cama, cada corda tinha um nó diferente, o que pareciam ser mais de uma pessoa ou algum marinheiro, havia também um pouco de cabelo no chão, seus dedos foram arrancados, também como joelhos e cotovelos, demonstrando que o corte teria que ter sido com algo resistente para cortar tão bem os ossos.
Quanto mais eu lia, mais entrava no caso, então pedi ao investigador, para que pudéssemos ir até ao necrotério para recebermos as informações do cadáver.
Estávamos dentro da viatura quando no meio da estrada alguém entrou no meio da pista e nos obrigou a descer.
— EI SEU FILHO DA PUTA, VOLTE AQUI RÁPIDO! NÃO PENSE QUE VAI FICAR ASSIM! — o policial xingava até os antepassados da pessoa, estava extremamente explosivo, enquanto eu apenas o observava.
Era um homem de casaco preto, com uma calça jeans suja de terra, usava um boné preto e tinha cabelos azuis desbotados, em seu rosto, tinha uma máscara higiênica preta e seus olhos eram azuis esverdeados. Ele carregava uma caixa rosa com pompons e glitter, toda enfeitada com estrelinhas e corações de lantejoulas.
— Me desculpem rapazes, mas descobri que pegaram o caso da Louise, certo? — o policial que estava explodindo de nervos, se assustou com o fato de ele saber de algo que ainda era confidencial.
— ESCUTE RAPAZINHO, COMO SABE QUE PEGAMOS ESSE CASO HEIN? — ele avança no garoto, pegando pela sua jaqueta e balançando.
— Acalme-se, eu só quero ajudar. — O garoto falava calmamente, como se já fosse algo cotidiano.
— Como descobriu que pegamos o caso? — O policial se acalmava e soltava o rapaz.
— Bem, eu faço parte da vida de Louise, e acho que vocês vão precisar da minha ajuda. Prazer, Aki Hinomura, chefe do departamento 14 de tráfico de armas.
O homem já retirava algemas para prender o garoto, mas recua com sua ação quando é mostrada uma foto do menino com a vítima abraçados.
— Ei, você de cabelo azul, que caixa é essa? — eu perguntava com um maço de cigarro nas mãos, começando a fumar ali mesmo.
— Caixa? Que caixa? — dizia o investigador confuso, até reparar nas mãos do garoto. — Ah sim! O que é essa caixa moleque?! — ele fazia uma cara de mau, mas não impressionava nadinha o menino.
— Ela é da vítima, eu ganhei um ano antes do assassinato acontecer, no mesmo dia. — ele dizia com ódio no olhar, parecia querer vingança.
— Entre no carro, você irá conosco. — eu abria a porta de trás do carro e o menino entrava.
— Vamos mesmo levá-lo com a gente? — perguntou o policial.
Eu apenas acenei a cabeça positivamente, fechando a porta e entrando no carro.
A viagem estava seguindo silenciosamente, até eu quebrar o clima com perguntas.
— Como se conheciam?
— Eu era namorado da vítima. — respondeu o rapaz
— Como descobriu que estávamos aqui e o que te levou a fazer uma ação tão radical?
— Eu fui informado sobre o local que vocês iriam, então esperei para que pudesse para-los.
— Quem te informou sobre isso?
— Não posso dizer.
— Certo, sabe que estamos indo para o necrotério não é?
— Sim, preciso que abram a caixa ao lado do corpo.
— Você já abriu a caixa? — ele concordava com a cabeça.
— Conte-me tudo que sabe, e não iremos entregá-lo para a polícia. — ele concordava novamente.
— Tudo começou em uma manhã de quinta-feira...
— “Estávamos conversando sobre negócios como de costume, mas naquele dia, ela estava diferente, parecia que algo a preocupava.
— Amor? Tudo bem? — eu dizia enquanto passava a mão em seus cabelos.
— Sim meu bem, eu apenas não me sinto bem... — ela estava suando frio, segurando minha mão com força.
— Você não parece bem, o que está aco-  — minha voz foi cortada por um desmaio repentino da garota.
Levei ela urgentemente no hospital, mas depois de horas em exames, o médico falou que havia uma quantidade anormal de veneno em seu sangue, e que era uma raridade ela não ter morrido aquela hora.
O que eu estranhei, era que ela era vigiada 24 horas por dia pelos próprios seguranças da família. Alguém de dentro estava tentando matá-la.
— Quem pode ter feito isso cara... — o policial falava emocionado, com os olhos lacrimejando.
Nós dois olhamos estranhando para ele.
Chegando ao necrotério, fomos até a sala em que estava o corpo, mas o médico tinha um rosto de apavorado.
— Vocês não vão acreditar no que aconteceu! — o médico dizia com as mãos trêmulas anotando na ficha médica.
— O que seria? — perguntei.
— A vítima além de apresentar fraturas no crânio, olhos vermelhos, língua para fora, corte nos joelhos, cotovelos e dedos, apresentava uma grande quantidade de areia no estômago e pulmões, como se tivesse sido enterrada viva em um deserto. A morte oficial na verdade foi asfixia por areia.
Aquilo era surpreendente, mas por fora, ela não parecia ter areia no corpo...
— Morreu a quanto tempo exatamente? — Perguntou o garoto de cabelos azuis.
— Ela morreu dois dias antes do corpo ser encontrado. — a resposta do médico fez o menino que era frio e sério, ficar lacrimejando e tentando resistir a tristeza.
Eu comecei a analisar o corpo e percebi uma tatuagem de coração em seu calcanhar.
— Você sabe o que significa isso Hinomura?
— Era uma tatuagem que fizemos no aniversário de 5 anos de namoro. — ele não resiste e começa a chorar, saindo da sala e indo para a recepção.
— Meu deus... Ele pode ser mafioso mas também tem coração! Mundo cruel! — o policial fica comovido com a situação e começa a chorar também, saindo em conjunto com o jovem.
— Ótimo, sobrou apenas eu. Doutor, pode me dizer se o corpo tinha alguma característica de veneno por favor?
— Para falar a verdade, não, ela apenas tinha um pouco de arsênio no sangue, mas não era em grande quantidade.
— Certo. — quando a conversa acaba, os dois homens voltam para a sala e o mais novo abre a caixa.
Na caixa, haviam fitas coloridas de cabelo, um pouco de glitter e alguns pacotinhos com CD's dentro, cada um deles tinha um título diferente.
“N1°: Se eu morrer, assista.
N2°: Amigos.
N3°: Me fizeram mal.
N4°: Amor.
N5°: Cuidado.”
— Bom, parece que teremos uma sessão cinema agora. — após eu dizer isso, o policial comemora realmente acreditando que iriamos assistir um filme.
— Cinema?? Que filme vamos ver?? — Dizia ele empolgado.

Não... Arg deixa. — pego a caixa e o laudo médico, saindo da casa e entrando na viatura.

Que comece o caso...

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⏰ Última atualização: Oct 12, 2021 ⏰

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