Quão tênue pode ser a linha entre atração e o desprezo?
Sara Medeiros vê sua vida desmonorar na morte precoce de sua mãe. Sua única família. Fazendo com que ela tenha que sozinha enfrentar a vida e o mundo. Porém, isso se transforma quando um homem...
" Eu tenho corrido pela selva Eu tenho corrido com os lobos Para chegar até você, chegar até você Eu estive nas ruas mais sombrias Vi o lado escuro da lua Para chegar até você, chegar até você
Procurei pelo amor em todos os estranhos Demorei muito para aliviar a raiva Tudo por você, sim, tudo por você Eu tenho corrido pela selva Eu tenho chorado com os lobos Para chegar a você, chegar até você Ooh, chegar até você."
- Wolves, Selena Gomez ft. Marshello
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Sara.
Um momento. Foi um único momento. Eu me sentia o céu. Parecia que estava pulando na nuvens, rodando no céu azul e brilhante presa numa felicidade sem fim. E, no instante seguinte, minhas pernas corriam o máximo que podiam fugindo do que já foi o céu de felicidade na terra. Meu coração batia descontroladamente forte e estava completamente sem ar. Aquilo não era mais o céu, é sim o inferno. Todos os demônios tinham saído da terra e vindo me atormentar.
A penumbra das árvores iam se tornando sombras horripilantes, conforme eu corria mais para dentro da floresta. O mais longe possível de tudo. Os suspiros surpresos e os gritos desesperados sendo evocados com meu nome tinham sumido, se tornando ecos num vazio. Olhares piedosos e chocados estavam sumindo, desparecendo com o vento. Quanto mais longe eu ia, mais eles se tornavam uns daqueles terríveis pesadelos do que a realidade escabrosa. Estava acostumada com pesadelos terríveis. E sempre achei eles a melhor opção perto da realidade.
Eu estava no paraíso. Eu estava bem. Eu estava feliz. Bem, eu estava. A garota que passou seis meses numa cama, presa numa depressão fodida se entupindo de remédios, torcendo para que toda sua dor sumisse depois de perder sua mãe. A garota que pensava que nunca mais ia ser feliz. Que acreditava fielmente que sua vida inteira iria girar num looping de muito baixos e poucos baixos estava feliz. É estava, porque simplesmente estava. Não havia razão exata para aquela alegria. Era genuína. Como não era em muito tempo.
Então, o pai que abandonou ela e a mãe para morrer, apareceu e acabou com tudo. Num passe mágica ruim. Bem ruim. O castelo de cartas desmoronou sem magia ou glamour algum. É claro que, ele achou tinha que aparecer na minha festa de aniversário. Também é claro que, ele achava que eu iria correr para os braços dele e gritar um emocionado "Papai" e também é claro que, eu fui profundamente abalada com a chegada dele.
Antes que eu pudesse evitar, minhas pernas velozes e cansadas tropeçaram num pedaço de pedra e fui com toda minha força contra o chão. Meu rosto colidiu com força no chão, meu braço caiu em cima do meu corpo e minha perna bateu com força numa pedra. Ondas de dores intensas e alucinantes tomaram meu corpo. E eu tive que forçar o meu corpo numa crise profunda de dor a se virar para cima.
1, 2 e 3, contei mentalmente e virei meu copo para o lado. Um gemido sofrido saiu da minha boca quando minhas costas colidiram contra o chão duro e irregular da mata. Novas ondas de dor se apossaram pelo meu corpo. Tentei me mexer e me sentar, mas eu não conseguia. Cada parte do meu copo estava extremante dolorida devido a queda. Aquilo era horrível.
