O Gato Preto e a Floresta de Caveiras

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Esperar que Outubro terminasse foi torturante. Eu amava comemorar o Halloween, especialmente com meus amigos, mas naquela noite eu estava sozinha.

Caminhei, sentindo minha barriga se revirar. Olhava para todos os cantos escuros, com medo do que poderia estar lá. Apesar de amar o Halloween, sair de noite sozinha é muito assustador para uma criança de treze anos... ainda mais para uma menina medrosa e desastrada como eu.

Mas fazer o que eu poderia fazer? Eu não confeccionei minha fantasia para não usar depois. Ela consistia em um par de botas na cor marrom de cano alto, uma calça moletom roxo escuro, uma camisa de frio lilás com detalhes, um chapéu violeta com detalhes em abóbora e uma capa enorme e preta cobrindo tudo.

Buscando encher minha cesta de doces, segui até a casa azul piscina, muito bem decorada para a data.

Bati na porta, esperando que alguém me atendesse. Logo, uma senhorinha atendeu. Ela usava uma touca de seda rosa na cabeça e um vestido azul de bolinhas, estava com pantufas rosas e sua pele era bem clarinha com manchinhas. Ela me olhou de cima a baixo e perguntou:

-- em que posso te ajudar?

-- doces ou travessuras? -- fiz a famosa pergunta.

Eu poderia pensar em muitas coisas que eu amo, mas poucas que eu odeio. Uma das coisas que eu posso afirmar que eu detesto são adultos como essa senhora.

-- tenho certeza que você tem mais de doze anos, mocinha. -- me olhou com aqueles olhos grandes e um sorriso doce... falso.

-- e eu tenho certeza que você tem mais de setenta anos, senhora. -- virei as costas, não querendo o doce que outrora pedi, poderia até vir envenenado, que perigo!

-- mal-educada! -- bateu a porta.

-- mal-amada... -- sussurei aos risos, me escondendo do frio da noite com a capa grossa da minha fantasia de bruxa.

"Miau..."

Ouvi um miado baixo vindo do muro vizinho da velha. Virei meu rosto, procurando o gato a quem aquele miado pertencia. Me deparei com um gato preto de olhos verdes, me olhando. Os pelos do meu corpo se arrepiaram quando troquei olhares com ele. Me deixou desconfortável por dois segundos, como se fosse uma pessoa e não um animal.

Me aproximei dele, tomando cuidado para não assustá-lo, mas o gatinho nem parecia ligar para minha presença, me olhando... curioso? Não consigo entender gatos ainda.

Passei minha mão em sua costa, me surpreendendo com a maciez de seus pelos. Ele ronronou com o carinho, se assustando com o próprio barulho e me olhando com os olhos esbugalhados.

-- você é engraçado. -- eu disse depois de rir dele. -- qual seu nome? sou a mari. -- perguntei como se fosse responder, mas tudo que o gato fez foi se levantar e dar no pé dali. -- ei, espera!

Eu o segui, mas ele era muito rápido. Não sei por quantas ruas nos passamos, mas sei que minhas pernas estão nas últimas e... as dele também.

-- peguei você! -- gritei quando você parou de repente. pulei em sua direção, abraçando seu pequeno corpinho. você me olhou e lambeu meu dedinho, achando... graça?

-- você é divertida, humana. mas não está com medo? perseguir um gato preto como eu a noite não é lá muito inteligente... -- pensei ter ouvido errado quando o gato começou a falar. A FALAR!

Dei um tapa em meu rosto, belisquei minha bochecha e toquei meu coração conferindo os batimentos. Não era um sonho.

-- esse tapa doeu em mim. -- ele... riu.

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2022 ⏰

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