"Mate-o. Mate-o ou ele se virará contra você no futuro e será o assassino de seus pais. Mas deve ser certeiro e em seu coração. O coração que planeja coisas boas e ruins, que ama e trai, que mente e finge. Tudo o que precisa é ir até a sala, ele está perto da lareira, sozinho. Todos estão dormindo, vá! De manhã você colocará a culpa em um criado. Vá!" A voz dizia para Isabelle, que a ouvia e acompanhava obedientemente. Desceu as escadas do casarão às 2h, com passos leves e um punhal em suas mãos, pronta a enfiá-lo no peito do amigo de seu pai: Matteo. A voz controlava seu corpo e mente, e com grande rapidez, matou o homem, antes que este pudesse se defender. Afinal, quem suspeitaria que ela iria mata-lo? Uma criança de apenas 10 anos... O feitiço a abandonou assim que o sangue escorreu pelas suas mãos, permitindo que ela sentisse o liquido viscoso tocar sua pele, e seus ouvidos ouvirem um choro de uma criança de longe. O filho mais velho a encarava e depois o corpo frio de seu pai, repetindo essa ação várias vezes, enquanto tentava impedir seu irmão de ver. Tudo o que vem depois são os pais de Belle assustados, gritos, os filhos de Matteo indo embora sabe se Deus pra onde, e abandono. Seus progenitores estavam com medo da garota, que nem sequer se lembrava de como tinha feito tudo isso. Ela não sabia. E isso a enlouquecia. Havia esquecido tudo que fez para tirar a vida do homem. Como isso é possível? Belle não sabia. Só sabia que daqui pra frente, estaria sozinha, talvez para sempre."
As plantas já estavam começando a crescer de novo, e subindo pela mansão, como se aqui fosse um lugar abandonado, como se cada tijolo fizesse parte de mim, e os raios de sol não entrassem mais, nem na casa, nem em meu coração. Os criados se moviam pra lá e pra cá, como se realmente tivessem algo pra fazer além de tirar poeira e se pegarem na cozinha. Há 15 anos tem sido assim, desde aquele dia. Aquele maldito dia. Podia lembrar como se fosse hoje, ou melhor, NÃO me lembrar. Me levantei e fui ao jardim lateral, precisava da terapia daquele lugar, do cheiro e de minhas amigas: as flores. E lá estavam elas, petúnias, lírios, margaridas, girassóis, tulipas, e as minhas preferidas: rosas. O aroma invade meu nariz e me pergunto se existem mais pelo mundo, ao menos, tão lindas quanto as deste jardim. Durante esses anos raramente saio de casa, normalmente 1 vez por ano, e apenas pra visitar o tumulo de Matteo e pedir perdão. Parece engraçado, não é? Uma assassina pedindo perdão. Como se isso o trouxesse de volta ou aliviasse a minha culpa. Mas ainda assim o fazia. Fora isso, meus dias são cuidando das finanças, nossa produção de perfumes, e lendo livros, em especial os de romance. Amo romances. Não que eu tenha esperança de viver um, mas ler é o mais próximo que chego, e já é o suficiente.
- Senhorita, desculpa incomodar, mas é que-
- Shh... estou acabando O príncipe cruel. Espere alguns minutos.
- Mas senhorita- fechei o livro, brava. Deixar a Jude e o Cardan esperando era um pecado imperdoável!
- Tem 1 minuto.
- Há uma empresa interessada em fazer parceria com a nossa.
- Muitas querem. Nem todas podem. Prossiga, rápido.
- São bem conhecidos, e seriam ótimos parceiros. Tem 30 filiais pelo mundo e poucos sócios. São seletivos e tem uma renda anual de 5 bilhões de dólares.
- 5 bilhões? São apenas 13milhões por mês, será que são bons mesmo? Bom, irei pensar.
- O CEO está na sala de espera.
- Ele não tem nenhum secretário? Mande-o embora e diga que espere nossa ligação.
- Ele havia dito que não irá embora até que te veja. Parece ser um homem bem sério.
- Pois diga a ele que traga uma cama na próxima vez. Vai se cansar de esperar. Geralda, você sabe bem que eu não encontro ninguém pessoalmente, e ele não vai ser exceção. Nunca vi um CEO que não tenha acesso a tecnologia antes, sinceramente!
- Senhorita-
- Só darei a resposta virtualmente, e se o excelentíssimo CEO da... da... qual é a empresa mesmo?
- Smeraldo Parfum.
- Se ele não se retirar, será forçado a isso. Agora saia, quero ler em paz.
- Ok, senhorita.
Por que raios um CEO viria aqui? E ainda insistiria em me ver pessoalmente? Que cara esquisito... Fui deitei na cama e mergulhei no livro, seguido por um mergulho de um longo sono. Acordei apenas no outro dia, bem indisposta, como sempre. Batidas ecoavam pelo meu quarto.
- Senhorita! Senhorita Isabelle! Ele está aqui de novo!
- Quem??
- O CEO da Smeraldo Parfum.
- MAS SERÁ QUE ESSE CARA NÃO DESISTE?? QUE SACO! MANDE ELE IR EMBORA!
- Não vou embora. – Uma voz grossa veio do lado de fora, fazendo minha respiração parar por um minuto. Não mostrava o meu rosto há anos, e esse merdinha pensa que pode fazer isso mudar? O investimento é de fato muito bom, droga. O que eu faço???
- Ok, me espere na sala. – Meu cérebro se iluminou com uma ideia, e corri para pegar a máscara de Sagui que eu ganhei de um dos criados uma vez. Era ridícula? Sim. Mas era melhor do que mostrar meu rosto. Desci as escadas e fui em direção a sala, encontrando um homem parado de costas. Era alto e tinha cabelos longos jogados pra trás com gel. E tinha um perfume delicioso, como se um arvoredo tivesse entrado no aposento. Ele se virou e seu rosto era ainda mais bonito que o corpo, se é que isso é possível. Abriu um sorriso enorme e se dirigiu a mim:
- Olá, Isabelle.
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Garden of Fate
Fanfiction"Minhas mãos estavam manchadas de sangue. Um garoto da minha idade abraçava outro, que parecia ser seu irmão, tampando-lhe a visão e o impedindo de ver o corpo no chão. O corpo de seu pai. Não me lembro como cheguei aqui. Não me lembro do porquê est...