Capítulo 36

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Seth dirigia enquanto eu conversava no celular com Lucy, que ficou meio possessa comigo por ter simplesmente desaparecido por uma semana, sendo que a gente meio que tinha marcado algo, mas ficou feliz quando ficou sabendo que eu e ele nos ajeitamos.

- Lucy, para de dar chilique – falei pela milésima vez. – Você sabe que a gente precisaria desse tempo pra poder colocar tudo no lugar. Eu só preferi fazer isso sozinha com o Seth...

- Eu não estou contestando essa parte – falou impaciente. – Vocês poderiam ter ficado um mês que eu não iria reclamar. Eu só queria que você não tivesse simplesmente desaparecido. As pessoas se preocupam com você, sabe?...

- E por que você não ligou pra Dona Elbe pra perguntar se estava tão preocupada? –Seth se meteu na conversa e eu agradeci com o olhar. – Você sabe que ela não sumiria assim sem avisar para a mãe... – segurei a risada, lembrando quantas vezes eu já fiz exatamente isso... Bom, na época eu queria fugir do meu pai, então eu simplesmente desaparecia. Depois que ele saiu de casa, eu nunca mais fiz algo parecido, até porque eu sei o quanto ela se preocupa comigo. Seth me olhou com a sobrancelha arqueada e mexeu a boca, falando baixinho para que Lucy não nos ouvisse: - Eu não acredito!

Acabei rindo de qualquer jeito por causa do seu olhar que me julgava.

- Lucy, você já reclamou e eu já entendi seu ponto. Eu não estou realmente no clima pra ficar te ouvindo reclamar por mais trinta minutos. A gente já tá voltando. Então estou desligando. Tchau! – encerrei a chamada antes que ela tivesse tempo de me atacar com outra enxurrada de protestos e reclamações. – E você, não me entenda mal – falei pro Seth. – Eu tinha meus motivos pra simplesmente desaparecer e você muito provavelmente consegue imaginá-los.

- Seu pai?...

- Sim, meu pai – suspirei. – Mas isso não importa mais e eu não quero estragar tudo isso que a gente viveu agora pensando nele.

- Tudo bem, me desculpe – ele sorriu docemente pra mim e pegou minha mão que descansava em meu colo e a beijou com carinho. – Você quer ir pra minha casa ou quer voltar direto pra sua?

- Hmm... Eu tenho a sensação de que se eu for pra casa agora, eu vou atrapalhar minha mãe de alguma maneira... – sorri.

- Ela disse que tem algum compromisso?

- Mais ou menos isso – confirmei. – Seus pais estão em casa?

- Eu duvido muito...

- Então podemos ir pra lá.

- Vamos virar a noite jogando? – brincou e eu sorri.

- Seria muito bom. Quer alguma coisa diferente pra jantar?

- Nah. A gente para e compra alguma coisa em algum lugar antes de chegar. Eu não quero te dar trabalho e eu não estou com muita vontade de cozinhar, não...

Sorri de canto. Será que esse é o tipo de futuro que nos espera? Pra mim essa simplicidade é encantadora.

- A gente tá comendo muita besteira – resmunguei, só pra poder vê-lo revirar os olhos e ouvir sua resposta.

- Você nem gosta de cozinhar – revirou os olhos como eu previ, me fazendo sorrir.

- Isso era pra ser um segredo... Eu nunca falei isso abertamente, como você sabe?

- Às vezes enquanto você tá cozinhando, você começa a fazer caretas – ri. Mamãe já implicou muito comigo por causa disso no passado, mas como ela parou, eu pensei que eu tinha conseguido controlar e não fazia mais...

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