Janet
Yeosu, Maio de 1689
Vê-lo sair e me trancar ali dentro foi algo que atiçou o desespero. Busquei ar e minha garganta latejou da força, ofegante. Tentei não chorar ou pensar em coisas piores, mas tudo foi em vão. Não desejava fazer o que dizia, entregar Taehyung para outra seria dilacerante, mas sofrer a pressão calada por não cumprir uma obrigação estava absurda e não conseguia mais suportar sozinha. Externar ela foi tentadora.
Poucas horas mais tarde, a porta abriu e ele entrou, dessa vez calmo. Estava deitada na cama desembrulhada pelos movimentos extravagantes e continuei olhando. Taehyung mostrava um controle grande quando queria e media palavras quando precisava de argumentos para convencer. Mesmo querendo, não queria desculpa-lo por me trancar ali. Ele fez algo errado, me convenci.
─ Está mais calmo?
Perguntei baixo e os punhos rígidos relaxaram ao lado do corpo dele. Eu deveria estar com aquela raiva, mas me acostumei a não reagir quando era insultada, entendia que isso fazia aqueles momentos acabarem mais rápidos quando não discutidos. Kim era meu marido e isso mudava certas coisas, ele não era o mesmo homem que os outros da aristocracia, me deu a liberdade de tecer nosso casamento com minhas mãos, então não temia questioná-lo quando o assunto me cabia.
─ Mudou de ideia?
Sentou de costas na cama para tirar suas botas sujas. Devia estar tão alheio que esqueceu-se do seu hábito. Os sapatos de rua não entravam em casa. Em outras circunstâncias, o ajudaria a se aprontar para a cama.
─ Sim.
Suspirei baixo e ele virou o rosto surpreso. A testa enrugou e abriu os lábios trêmulos. Pude ouvir a respiração cortada na garganta e a suspeita nos olhos arregalados.
─ Achei que fosse se revoltar. O que a fez desistir? A minha Janet não é tão fácil assim.
Se ajeitou de lado ao querer cconversar. Me aprontei sobre os joelhos e firmei os dedos na coberta grossa.
─ Claro que quero ter um filho, mas ele não é mais importante que o nosso casamento. Coisas se assimilaram e pude ver quando estava cega.
O casamento deveria ser a prioridade, mas não o de um marquês. Isso envolvia mais do que nossos desejos, eram deveres, onde haveria luta se não os cumprissem. Como um combate sem armas, algo frio, teríamos de rebater, para não rebaixar nossos pensamentos, com soluções lógicas, não palavras ao vento.
─ Confesso que estou surpreso. Obrigado por reconsiderar, mas não consigo acreditar que mudou do nada. Teve algum motivo? Pode me falar.
Fiquei surpresa por mudar tão rápido o pensamento, mas as atitudes do Kim eram fortes o bastante para lutar contra minhas vontades. Seria uma longa guerra se continuasse. Se um não cedesse, nada mudaria. Taehyung era duro consigo e orgulhoso, só o vira ceder uma vez entre nós.
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MARQUESA • kth
FanfictionCONCLUÍDO Ele era o mais novo, um sorriso cativante e um olhar sedutor, sempre se mostrou inconsequente e despreocupado de seus deveres como terceiro filho de um duque. Mas as coisas mudaram quando seu pai e seu irmão decidiram contrair um matrimôni...