-Nós precisamos de um sítio isolado -diz Kendall- A Amanda não se pode transformar em casa nem à frente de humanos.
-Há alguma floresta por perto? -pergunto.
-Há uma -diz Megan com o computador no colo -Fica a 4 km.
-Então vamos para lá assim que ela chegar! -exclama Kendall- Estamos a perder tempo.
-Calma, Kendall -digo- Ela só se pode transformar à noite, iremos para lá às 18.15. Além disso, temos de lhe preparar a surpresa.
-O bolo está na cozinha? -pergunta Anna.
-Está -confere Megan.
-Consigo cheirá-la -informo.
-Apaguem as luzes e escondam-se! -diz ela.
Alguém apaga as luzes e todos se escondem. A sala está decorada com fitas coloridas e balões.
-Cheguei pessoal! -ela pousa a chave e acende a luz.
-SURPRESA!!!
-Oh... Obrigada. Vocês são os idiotas mais fixes que eu já conheci.
Abrimos os presentes e comemos bolo. Olho para o relógio.
-Pessoal... -digo- Três minutos.
-Onde vamos? -pergunta Amanda.
-Resolver o assunto da tua transformação -diz Adam no tom amargo que usa sempre que fala com ela.
Eu e Adam vamos na mota e os outros na carrinha.
Estacionamos no limite da floresta e andamos um pouco até ficarmos suficientemente escondidos pelas árvores.
-Isto vai doer um bocado para todos -digo- Não nos transformamos há semanas.
-Que bom ouvir isso... -diz Adam sarcasticamente.
-Ok, pessoal -explica Megan- Quando a lua estiver por cima de nós, uivamos e fazemos-lhe uma vénia. Amanda, tu saberás o que fazer.
-Ok.
Sento-me na grama e fecho os olhos. Sinto o hálito de lobo contra a minha testa e quando abro os olhos ele está lá. O meu Adam Lobo. Abraço-o.
-Tive saudades -sussurro contra o seu pelo.
A lua está muito perto. Trasformo-me. Posso ver pelos seus olhos que Amanda está muito assustada.
Está na hora. Uivamos e fazemos a vénia. Por momentos não acontece nada e depois um grito. A coluna vertebral dela a partir-se e os pedidos de ajuda. Dois minutos de sofrimento e depois um lobo negro. Tamanho de filhote. Amanda tem pelo negro e olhos vermelhos. Ela fica quieta por uns momentos e depois uiva.
***
-Tu não sabes o que é dor, Emily! -diz Amanda zangada - De certo que não sabes o que eu sofri.
-Eu sofri pior, Amanda, é normal que aches isso mas não é verdade -digo indiferente.
-Prova-o.
-Tens um colar de prata? -pergunto- Ou uma pulseira, brincos... Qualquer coisa.
-Tenho uma pulseira, vou buscá-la.
Volta minutos depois com uma caixa preta na mão. Abro-a sem cerimónias e agarro a pulseira.
-Ah caramba... -a prata queima na minha pele- Dá-me o teu braço.
Ela estende-o . Encosto a prata na pele dela.
-Ai! Que merda é essa? Queres matar-me? -grita.
Levanto as mangas da minha camisola e mostro-lhe as minhas cicatrizes. Depois na clavícula. Nas pernas. No pescoço. E a minha tatuagem.
-Multiplica a dor que sentiste quando a prata tocou na tua pele por isto -digo virando-me.
-Oh céus... Desculpa.
Ding-dong. Megan, Jade e Anna correm para abrir a porta.
Um homem com vinte e poucos anos e uma cicatriz que lhe atravessa a bochecha direita e uma mulher da mesma idade, com cabelos castanho claros. As minhas amigas contéem-se para não os abraçarem. Aproximo-me.
-Autorização concedida -diz o homem. Abraço de grupo!
-Sun, Cold... -uma lágrima escorre-me.
-Lancaster, estou orgulhoso de ti -ele pousa as mãos nos meus ombros e eu olho-o nos olhos, mesmo não sendo permitido - Tu mostras-te que o teu treinamento serviu para algo mais do que alimentar uma alcateia esfomeada.
Eu nunca tive um pai para me dizer que estava orgulhoso de mim. Agora eu tenho um Cold.
-Ob-Obrigada, senhor.
-Cold, Lancaster.
-Cold.
Sun sorri para mim quando acaba de falar com as outras três.
-Os teus reforços estão instalados num hotel no centro da cidade -diz ela.
-Obrigada, Sun.
-Quem são estes? -pergunta Amanda- Os Alfas?
-Não -respondo- São os generais. Os meus superiores.
-Amanda -ela assente.
-Lancaster, disseram-me que o teu filhotinho está cá -diz Cold- É verdade?
-Ele está na cozinha, Cold -rio.
Ele sai. Sun olha para mim diretamente e diz:
-Amanhã de manhã iremos organizar uma estratégia.
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Eu sou... um Lobo
WerewolfO meu nome é Emily, tenho 16 anos e não sou normal. Não sei quem são os meus pais. Fui deixada na alcateia à nascença, talvez os meus pais soubessem o que eu era quando nasci e não me quisessem por isso. Enfim, aqui estou eu, com a minha "família" e...