bells in santa fe

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Uma confusão havia se instalado na mente de Alec agora, e ele não sabia o que pensar, o que falar, como agir ou o que esperar de toda essa situação. Não estava entendendo nada, e sua cabeça parecia estar girando sem parar. Mesmo agora, todo confortável no instituto, com mais ninguém além de Lydia e Magnus no mesmo ambiente que ele, ele se sentia estranho, como se estivesse em uma sala com uma enorme multidão. Se lembrava de ter saído do apartamento de Magnus há poucas horas, e não entendia como todos aqui podiam achar que ele estava sumido havia uma semana. Talvez fosse tudo da sua imaginação, talvez tudo isso fosse um sonho ruim. Talvez ele estivesse sofrido algum tipo de acidente e estivesse em coma. Tudo isso parecia irreal para ele, e impossível também. Com um suspiro frustrado, decidiu se beliscar, na tentativa de se acordar caso estivesse preso em um sonho ruim. Soltou um gemido de protesto baixinho, se dando conta de que tinha se beliscado um pouco mais forte do que pretendia.

- Sabe que nada disso vai ajudar, não sabe? - ouviu Magnus perguntar.
- Não custava tentar. - respondeu Alec quase com um sussurro.
- Alexander, você não está tendo um pesadelo, ou preso em algum tipo de paralisia do sono, se é isso que acha. -
- Talvez não... - Alec disse, a voz carregada de frustração.
- Olha, temos um problema real aqui. Temos que descobrir onde você esteve, se esteve com alguém e o que esteve fazendo. E principalmente, como não se lembra de nada. - Magnus explicou enquanto um tipo de chama azul saía de suas mãos e iam envolvendo o corpo de Alec. Alec sentiu os músculos tensos relaxarem na hora, como se estivesse em um Spa de luxo recebendo o tratamento VIP. - Vai ficar tudo bem. Eu prometo. - Magnus assegurou, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Alec retribuiu o sorriso e apenas relaxou sob o toque da magia de Magnus. Não queria nada mais do que descobrir o que havia de errado com ele, para que pudesse consertar.

Um pouco afastada de onde Alec e Magnus estavam, se encontrava Lydia, fingindo mexer em seu Ipad, quando na verdade observava a cena à sua frente. Ela já tinha percebido o que estava acontecendo aqui. Na verdade, tinha percebido desde o momento em que Magnus Bane colocara os pés no Instituto essa manhã. Ela notou a ansiedade e nervosismo que pareciam exalar do feiticeiro. Também notara o desespero e a pressa dele em encontrar Alec, o "amigo" desaparecido. Todos ao redor pareciam não notar o que estava embaixo de seu nariz, ou notavam e fingiam não notar.
De qualquer modo, Lydia não podia enganar à si mesma e nem negar o que estava diante de seus olhos. Os toques, a troca de olhares, a forma como a voz de Alec parecia mais suave e aveludada quando ele se dirigia a Magnus. O cuidado, o carinho que Magnus tinha ao se dirigir à Alec. Ela não era burra! Também não era mais uma criança, ingênua que não percebia o que acontecia à sua volta. Ela tinha concordado em conhecer Alec Lightwood antes de vir ao Instituto de Nova York. E por insistência e pressão dos pais, havia concordado com o casamento.

Sabia que era errado, casamento arranjado não traria nada de bom para ela ou para Alec. Mas traria para a familia dela e para os Lightwoods. E mesmo que ela odiasse admitir, ela não sabia como se defender, não sabia como lutar pelo que acreditava ser o certo, não sabia vociferar contra os pais exigentes e abusivos que tinha. Era vergonhoso e ela sabia disso. Não se orgulhava de ainda ser a garotinha assustada, que obedecia cegamente às exigências da família e as ordens da Clave. Ela queria negar, espernear se fosse preciso. Queria gritar, dizer o quanto esse casamento era errado, e como essa ideia era extremamente ridícula. Mas ela simplesmente não conseguia. Parecia que quando tinha a necessidade de enfrentar os pais para defender seus interesses, algo dentro dela a impedia de fazer isso.
Com um suspiro cansado ela se lembrou da última conversa que havia tido com a mãe antes de partir de Idris...

- Mas eu não quero me casar! - protestou Lydia. Sua mãe a encarou, segurava a taça de vinho com uma firmeza que poderia estilhaçar a taça e milhões de caquinhos, mas ao mesmo tempo com uma graciosidade digna de ser admirada.
- Essa não é uma opção para você querida. Já lhe disse que isso não depende de você. - respondeu a mãe com indiferença.
- Não estávamos falando sobre isso há duas semanas ? Sobre como eu achava que não estava na idade de me casar ?
- Lydia, você já tem vinte anos. Sua mãe tinha dezoito quando nos casamos. - disse o pai.
- Mas...
- Sem mais subterfúgios Lydia. - a mãe interrompeu, se levantando do sofá onde estava sentada. - Você fez um juramento. A Clave ficará deveras animada com esse casamento, e você sabe disso. - apontou a mãe. Lydia sabia que era verdade. A Clave ficaria completamente satisfeita com a união de duas famílias poderosas e influentes. - E, você não entende agora, mas vai entender no futuro. Queremos isso para o seu bem, querida. - a mãe disse enquanto acariciava seu rosto. Lydia sorriu fraco e resolveu ceder. Sabia que não teria como escapar do futuro que estava predestinado para ela pela família e pela Clave. Ela poderia usar todos os argumentos do mundo, que ainda assim, achariam uma forma de refutá-la.
- E se eu não gostar dele? - ela questionou. A mãe gargalhou. Uma gargalhada que soltava apenas quando ouvia algo que julgava ser extremamente ridículo.
- Por acaso já viu Alexander Lightwood querida ? - perguntou a mãe. Deboche pingando de sua voz. - Ele é tudo o que uma mulher pode sonhar, me atrevo a dizer que até mais. É inteligente, teve boa educação, é um Shadowhunter habilidoso, um dos melhores pelo que ouvi dizer. - a mãe começou a listar as qualidades que havia encontrado em Alec Lightwood. - Pelo anjo, também é muito influente no mundo das sombras. E a Clave o tem em alta estima! Vai gostar dele, confie em mim.

Se Eu Não Posso Ter Amor, Eu Quero PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora