Abro os olhos e a primeira coisa que faço é gritar. A dor lateja forte em minhas asas e se espalha por todo o meu corpo, fazendo minha cabeça girar. Não tenho força nem para manter a cabeça em pé. Uma quantidade de veneno dessa poderia me matar…
—Pensei que suas asas eram mais... rígidas — a mulher fala e observo o rosto angelical dela.
Essa fêmea...eu tinha roubado muita coisa dela. Não foi difícil mas eu tive que me aproximar dela para conseguir roubar. Algumas jóias e uns vestidos. Foi a primeira vez que roubei roupas e foi divertido.
—Minhas asas são macias, já seu cabelo não tenho tanta certeza— falo com a voz embargada e solto um grunhido de dor. Nunca pensei que sentiria algo parecido.
O rosto dela fica vermelho de raiva e ela tira uma adaga do bolso, enfiando na minha outra asa. Grito de dor e uma lágrima quente desce em meu rosto. Quanto tempo eu estava aqui? Ela parece se incomodar com os gritos e coloca um pano na minha boca.
—Você fala tanta besteira... não tem medo? — ela se agacha e pergunta bem perto do meu rosto. Solto uma risada e nego com a cabeça, olhando com desdém para ela.
Minhas asas estavam amarradas juntas e...pregadas na parede com pregos enormes. Ela estava preparada para isso, estava planejando meu sequestro. Por isso que estava me seguindo.
Não me lembro exatamente do nome dela mas sei que ela costumava pintar o cabelo de várias cores. Agora seus cabelos longos estavam platinados. Ela é da Corte Diurna e ostentava jóias e roupas finas. Meus olhos brilharam quando fui na casa dela pela primeira vez.
Observo o lugar onde estou, provavelmente no subsolo novamente. Não tinha nada na sala, nem uma mesa nem janelas. Não sei como estamos conseguindo respirar já que não tem tubulação de ar. É literalmente uma sala vazia e suja com pregos e correntes na parede. É uma sala de tortura.
A fêmea pega outra seringa de veneno e aplica todo o líquido em meu pescoço. Depois disso, só senti dor e uma sensação de estar levitando.
🔥
Acordo com um soco no rosto e fico tonta com a dor. Nesse momento eu não me importava mais com a dor, só quero que isso termine logo.
—Sabe que me torturar não vai trazer suas jóias e roupas de volta, não sabe? — pergunto para a fêmea e soluço.
—Ao menos se lembra do meu nome? — ela pergunta e vejo uma mágoa passar pelos olhos dela mas foi rápido demais para que eu me sentisse culpada. Semicerro os olhos para lembrar...mas não vinha nada. Ainda mais dopada e morrendo de dor do jeito que estou.
—Espera que eu lembre alguma coisa nesse estado? — pergunto e me mexo sem querer, fazendo os pregos em minha asa rasgarem mais ela. Fecho os olhos com força com a dor.
—Hemety — ela gargalha de um jeito estranho e olho para ela assustada. Ela sempre teve esse jeito estranho e nunca tinha percebido o quão isso é anormal. Ela quase nunca piscava os olhos e tinha uma serenidade fora do comum. Eu achava que era parte do charme, mas olhando de perto ela parece estar enlouquecendo.
—Quanto tempo estou aqui, lírio dourado?— pergunto e quando ela ouve o apelido me olha assustada. Acho que ela me considerava como uma amiga e se decepcionou quando percebeu que eu a roubei.
—Está aqui a uma semana — ela responde baixo e eu engasgo com o ar. Quando Tryn vai sentir minha falta? Ou até Eris… —Não pense que seus amigos irão vir te buscar porque você só sai daqui quando eu deixar — Hemety fala e eu estremeço. Nunca pensei que sentiria tanto medo na vida. A aparência de Hemety não estava boa. Ela estava pálida, a pele suja e seca. Porém os cabelos platinados estavam brilhando e em perfeito estado. Parecia que era a única parte do corpo dela que ela fazia questão de cuidar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cortes de Chamas e Memórias
Fiksi PenggemarHyrin (filha nessian) depois de anos de treinamento pesado, resolve tirar um tempo para si mesma e viajar por Prythian. Sua última parada é a Corte Outonal onde Eris é o Grão-Senhor.