O mundo de hoje já não era mais o mesmo de décadas atrás. Era estranho pensar que, mesmo depois de cinquenta anos, ainda tentávamos nos recuperar das consequências deixadas pelo caos que foi a última guerra. A terceira guerra mundial não foi diferente das duas anteriores, apesar de ter deixado um estrago pior, o motivo era o mesmo: ódio.
Eu, felizmente, não vivi aquela época para afirmar com certeza os fatos. No entanto, os meus avós presenciaram todo o atentado, e sempre diziam, convictos, que fora a pior coisa que já aconteceu na terra. Foi como se uma bomba atômica de mal tivesse sido lançada em cada continente. Inúmeras organizações secretas disseminavam o ódio, invitando pessoas a aderirem suas ideologias preconceituosas e sexistas. O resultado foi quase irreparável, mais da metade da população do mundo foi morta, e os poucos que restaram se refugiaram em pequenos santuários.
É triste saber que se Hitler não venceu da segunda vez, seu exército de adoradores fez isso por ele na terceira. O humanidade foi, por torturantes anos, obrigada a viver em páginas antigas de livros de história, submetida às mais humilhantes situações, nas mãos das mais desumanas pessoas que já habitaram a terra.
"E o mal destruiu tudo o que um dia foi bom." Terminei de contar a história e Minnie, minha irmã mais nova, apoiou o rosto nas duas mãos.
"Ugh, eu odeio o mal!" Ela exclamou, fazendo uma careta engraçada. Bom, Minnie, sinto muito advertir, mas esse não é o caminho. Nos dias atuais, nós ignorávamos qualquer sentimento de ódio que prevalecesse dentro de nós. O ódio havia apenas causado destruição, e tudo o que estávamos buscando era reconstruir um lugar bom para viver. Felizmente, quando meus avós já tinham idade o suficiente para casar, surgiu o Doutor Choi Hoseok, um cientista afortunado que investiu na criação de meios tecnológicos que pudessem nos ajudar a reverter toda essa situação. Doutor Hoseok criou as máquinas e aparelhos mais sofisticados de toda a história da humanidade, sendo até mesmo acusado de ter contato com extraterrestres. Essas máquinas serviam para espalhar o amor pelo mundo. Não era como um "Bibbidi Bobbidi Boom" e a abóbora se transformava em uma carruagem. Ele apenas desenvolveu um aparelho que testava a compatibilidade das pessoas, assim, ajudando-nos a descobrir de forma mais rápida e eficiente com quem daríamos certo. Ninguém mais tinha tempo a perder, os sentimentos bons e relações igualmente boas eram 30% contra os 70% de ódio disseminados em todo o planeta. Deveríamos agir da forma mais célere possível. E assim foi feito, aumentando, consideravelmente o número de famílias felizes, e, consequentemente, pessoas contentes com a vida que levavam.
Após a morte do Doutor Hoseok, sua filha, Cho Miyeon, assumiu a sua instituição. Ela era, assim como o pai, um gênio. Miyeon evoluiu as máquinas, e, atualmente, era tudo ainda mais preciso. Bastava um teste e você não apenas sabia se o seu parceiro era compatível com você, como o aparelho localizava, no mundo inteiro, a quem você havia sido destinado. Era quase mágica. O mal não governava mais o mundo, mas ainda o habitava, lamentavelmente, portanto, o uso dessa tecnologia era necessário.
Deixei Minnie emburrada no quarto, não sei por que ela insistia em me pedir para lhe contar a história, se acabava ficando brava. Todos nós vivíamos em um ambiente constantemente amoroso, devia ser difícil para ela admitir que o ódio já chegou àquela proporção.
"Boa noite, minha filha." Mason, meu pai, gritou, enquanto eu seguia para o meu quarto. "Durma bem e não se esqueça de acordar cedo. Amanhã você tem o teste." O teste. Aquilo embrulhou o meu estômago. Eu estava no alto dos meus dezessete anos e me achava nova demais para me prender a alguém. Eu havia tentado ignorar nos últimos dias o fato de que a minha vez estava chegando, mas esse era o ponto final, não tinha mais como ignorar.
O despertador tocou, fazendo com que eu pulasse da cama. Eu estava desejando ter tido um sonho horripilante e acordar aos prantos, mas a noite havia sido tranquila e eu estava convicta de que tudo iria dar certo. Não tinha como dar errado, afinal. Vesti o uniforme branco, que indicava que eu estava indo para o instituto de pesquisas, desci as escadas me preparando para os mais diversos conselhos que eu iria receber. Talvez eu devesse ouvi-los com atenção, ou apenas ignorá-los. "Shu," Minnie me lançou um olhar desconfiado, "você sabe que o seu futuro será decidido hoje?".
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Destinadas - adaptação Sooshu
Roman d'amourEm uma época onde o mundo está tentando se recuperar das consequências deixadas pelas guerras, tenta-se encontrar formas mais rápidas de deixar o planeta um lugar bom de novo. Após grandes períodos de ódio gratuito, isso não é fácil. O amor é o únic...