Nada melhor do que mudança

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  Não foi uma escolha, no caso, não foi MINHA escolha

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  Não foi uma escolha, no caso, não foi MINHA escolha. Sabe o que é ser uma jovem expulsa das casas dos pais aos 22 anos... Bem, é uma necessidade se desvincular dos pais, só que a grana para pagar aluguel certamente acabaria com mais da metade da grana do meu estágio e me deixaria sem teto posteriormente.  Então suponho que essa tenha sido a decisão mais insensata feita pelos meus pais, considerando que não me deixariam morar na rua. Enfim, vida!

  O lugar onde consegui arrumar, é uma quitinete bem pequena, mas seria meu espaço pessoal, e ao redor, digo que não existe nenhum vizinho gato ou possível sugar daddy para me bancar, ou seja, só o que terei de felicidade será resumido àquele quarto com banheiro ser meu espaço, MEU!

  Sei lá, nunca fui excepcional na minha vida, nunca fui uma pessoa considerada inteligente, ou legal, ou simpática, ou bonita, ou esperta, ou qualquer outro adjetivo positivo. É como se eu tivesse sido um combo de características medianas que decidiu ganhar a corrida dos espermatozoides e só isso, já que nunca ganhei nada muito relevante por conta própria, nenhuma corrida, concurso, competição, etc. Porém, também nunca havia sido notada por ser extremamente feia, ou burra, ou chata. Sou ótima para o papel de coadjuvante  ou figurante numa história, uma pena que nem para ser notada para isso fui. 

  Durante a quarentena, decidi por gostar de kpop, que me levou a gostar de kdramas e atualmente, sou frustrada. Não que isso aconteça com todos os seres humanos que optam por esse caminho, contudo esse foi o meu. E se você estiver se perguntando onde iniciará o romance digo que foi bem no momento que estava sentada no colchão desenhando uma carinha feliz no meu pé. Por que? Porque se eu não estava feliz bebendo um copo descartável de champanhe deixado pelos meus pais,  pelo menos, meu pé estaria.

  E foi bem naquele momento que a minha porta, a um metro de mim, emitiu um barulho. 

"Toc, toc, toc, toc, toc, etc" - pessoa impaciente!

-- Quem é? -- pergunto baixando o som do meu incrível Super Junior, com um nome tão irônico que combinava com a média de idade atual do grupo, 35 ou mais.

-- Só preciso usar o banheiro, caramba! -- Diz uma voz com um tom meio agudo que poderia de ser uma mulher muito atraente ou um homem que já foi zoado pelos amigos.

--Agora, estou segura para abrir a porta no meio da noite para um desconhecido! - Respondo tendo uma ideia do idiota.

-- Você sabe quem eu sou, droga! Eu te avisei que passaria no seu novo quarto, Kai! É o Charmander! -- Diz ele aumentando o ritmo de suas batidas na porta. 

 Já sabendo de quem se tratava, abri a porta para o único Charmander possível, meu amigo nada bonito e zoado por outros, Lorenzo. Um cara da mesma idade que eu, uma semana mais novo, e totalmente sem noção. Sim, se fosse possível um personagem que jamais seria considerado galã, seria ele. Uma garota poderia estar dando em cima dele, caso essa tenha uma visão de beleza invertida a qualquer padrão de beleza presente na Terra, ele demoraria por volta de mil anos e um para decidir falar com alguém para confirmar sua possível suspeita baseada ao seu catálogo de fatos que uma garota deve fazer para dizer que está atraída por você.  

  Enfim, um lerdo bem mais do que eu, e isso seria a principal razão da nossa amizade. Já que um dia tinha que formar duplas e demoramos o suficiente para sobrar apenas nós dois e não termos outra pessoa para ser uma opção. O que ele chama de destino burro, eu chamo variável da vida dos lerdos. 

  Pois é, só que nesse instante, ele foi rápido o suficiente para entrar no banheiro, fechar a porta e fazer seu xixi que dava para ouvir de uma forma desnecessária e nada atraente. Só que por questões de parede fina e espaço minúsculo, era perfeitamente audível. 

 -- Sabe... - Diz ele através da porta. -- Eu acho que se eu fosse um pouco mais bonito, seria capaz de eu receber umas cantadas, ao menos, uma vez em meus 22 anos de existência humana, né? 

 -- Claro, mas acho que você teria que parar de se vestir horrivelmente.  -- Respondo, lembrando quando uma garota havia esbarrado nele enquanto andávamos na rua e o chamou de " Seu pobre feio! ". Icônico na minha opinião e mal-educada, no conceito geral.  No qual ele respondeu com um: " Sou mesmo, sua feia!" Claro, que Lorenzo era facilmente confundido com um tonto, só que na minha mera opinião, um filósofo mal compreendido, não poderia ser uma melhor descrição.  Quanto a mim, eu me visto bem, só sou invisível para todos do sexo masculino, menos meu amigo e garotas que me conhecem. 

 -- Um rosto bonito se destaca até quando se usa roupas esburacadas, sabia? --Responde ele ao meu comentário.

Levando mais um pouco do líquido no meu copo para minha garganta, olho para meu pé na minha coxa, (uma posição desconfortável) e digo:

 -- Sinceramente, é mais possível você encontrar fadas do que ter um rosto de bonito, então de nada vale essa discussão!

-- Para que ter inimigos, né? -- Fala ele, já lavando suas mãos.

Quando esse sai do banheiro, vejo-o sorrir de escanteio e falhar feio aos se apoiar na batente da porta. Me ocasionando uma risada que após um longo período dele constrangido, eu solto imitando uma voz mais grossa: 

-- Me chama de Tarzan e segura no meu cipó! -- Ao passo que observo-o se constranger ainda mais e depois cair na risada.

-- É sério, Kai, por que meu irmão tem que ser o sonho de consumo feminino e eu o amigo bobão! Isso cansa, sabe? Hoje, passou uma garota linda no trabalho e adivinha? Ela venho até mim, para pedir o número do meu irmão! Como ela sabia quem era meu irmão!!! - Grita ele indignado elevando sua voz a um nível mais agudo do que o comum e enfim, sentando ao meu lado no colchão.

-- Oras! Por que ele malha, parece um Doritos invertido, é mais alto que você e por algum motivo, mais inteligente, apesar de parecer bem burro! Ah! E ele faz skincare, coisa que já te recomendei e você cisma dizer que é para mulher! -- Respondo, estendendo meu braço com o copo para ele beber.

Lorenzo, enfia tudo na boca em um só gole e me entrega o copo vazio. Virado para mim, vejo suas espinhas cruéis ameaçando explodirem na minha cara, e então viro meu rosto para frente, de encontro com a parede pálida da minha sala/quarto/cozinha. E murmuro:

-- Eu posso tentar te transformar num cara agradável, se você conseguir comprar meu ingresso para o show. Dessa vez, não é de um grupo do qual minha internet basta, preciso da internet super sônica da sua casa. Ademais, você precisará seguir a risca o que falo. Não vejo muito futuro no meu experimento com você, só que acho que personalidade e nível de beleza razoáveis, contam bastante para uma garota e você pode alcançar isso, só que eu PRECISO do ingresso do show do BTS, é uma necessidade! Minha vida romântica é inexistente e eu não preciso de uma, só por favor, por favor me arranja esse ingresso!

-- Mas você está ouvindo Super Junior, louca! -- Responde ele aproximando suas espinhas do meu rosto.

-- Por que esses, são atemporais e estão na playlist. Só que eu tô te fazendo essa proposta porque eu quero ir para esse show e sei que a minha internet é uma merda! E dois, porque tô cansada de ouvir você reclamar sobre isso, Lorenzo! Eu tô de saco cheio também de olhar para suas espinhas, então vira o rosto e se afasta de mim, seu Chokito! --  empurro ele com o meu braço bambo.

Sinto sua presença, bem mais longe, quando ouço um:

-- Você ainda vai morrer pensando que vai casar com eles...   Okay, aceito!

Sem nenhum incomodo, gargalho de seu comentário inoportuno.

-- Você real, acha que eu quero casar com eles? Nem coreano eu falo, nem iludida dessa forma eu sou, sinceramente, eu gosto das músicas, eles me promovem um conteúdo de ame a si mesma e me fazem rir, além de ter um fandom que proporciona inúmeros memes e recordes, então sim, adoraria casar com eles, só que sei que jamais vai acontecer, então relaxa, que sou louca, mas consciente da minha situação. E por fim, sou uma ótima amiga, já que o show não tem nem expectativa de ocorrer por esse país! -- Dou uma risada no final da frase, no qual ele me dá um tapinha no meu braço e por fim, ri também.

Meu Projeto ErradoOnde histórias criam vida. Descubra agora