Estou estacionado em frente ao Beaufort House. É um prédio de poucos andares, bastante elegante e de aparência cara. Sua fachada é simples, bem arrumada, com um belo jardim em volta. A entrada é branca e seus andares em tijolinhos marrons, bem claro. Como um prédio tipicamente londrino, não pode faltar detalhes ornamentados nas portas e nas janelas nos andares superiores. O prédio está localizado em Beaufort Gardens, um tranquilo terraço regencial arborizado, no coração da área exclusiva de Knightsbridge.
Me encontro dentro do carro, decidindo se vou ou não ao apartamento de Any. Tenho medo de ter interpretado errado as suas palavras. Estava bêbado na noite anterior e posso muito bem não ter entendido ao certo o que ela disse. Fiquei animado, me precipitei e agora estou aqui, olhando pela janela do meu carro e tentando adivinhar qual é a o apartamento de Any, para me contentar em ficar apenas observando.
Mas eu preciso encarar a verdade, ou não. Eu preciso sair do carro e falar com Any, cara a cara e sóbrio. Quero dizer tudo que está preso dentro de mim, e principalmente saber se ela sente o mesmo ao meu respeito. Não devo me preocupar com o resultado, tenho que fazer o que o meu coração está mandando, pois nesse momento é ele que está a controlar o meu corpo.
- Vamos lá, Noah.
Saio do carro e caminho até a entrada do prédio. Olhando de perto, penso na sorte que tenho da pesquisa não ser remunerada, caso contrário não poderia tê-la aceitado. É obvio que ela é muito bem de vida, e isso me incomoda. Mas, por enquanto, preciso resolver outro tipo de inquietação, o do meu coração, que bate acelerado desde o momento que lembrei das palavras de Any: “Eu não vou ficar longe de você”.
Atravesso a entrada do hotel e me viro para a recepção ao lado. Há um rapaz, vestido de branco e no seu peito vejo uma plaquinha com o seu nome escrito, Paul. É para ele que me dirijo, tirando sua atenção do computador:
- Boa noite.
- Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo?
- Gostaria de visitar a srta. Any Soares, que se encontra hospedada aqui.
- Pois não. - Ele olha o computador e digita o nome de Any. -Sim, aqui está. Apartamento 7, quarto executivo, no terceiro andar. Gostaria que eu anunciasse a sua chegada, senhor?
- Não, obrigado, - agradeço. E acrescento uma mentira: - Ela já me espera.
Saio da recepção e sigo pelo saguão para o elevador. Ao entrar nele, aperto o botão para o terceiro andar e aguardo.
Minhas mãos estão suando, e eu tento controlar o nervosismo. Calma, Noah! Onde está o controle? Eu nunca fui assim. Por anos tenho sido um cara frio e temido em algumas situações. Onde está sua áurea de confiança? Respiro e inspiro fundo. Quando o elevador abre, estou mais calmo e no controle da situação.
Saio do elevador e ando pelo corredor a procura do apartamento 7, o encontrando rapidamente. Encaro o número na porta e ele me olha de volta. Já estou aqui. Não há mais volta. Estendo a mão e pressiono o botão da campainha. Enquanto espero, escuto passos se aproximando da porta, até que ela se abre e surge Any.
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pinturas intimas; noany
FanficRude e frio, Noah Urrea é professor de História da Arte e, como todo amante do universo artístico, também é pintor. Mas há muito que ele não pinta um quadro, pelo menos não como ele gostaria. Falta-lhe inspiração, assim como a vontade de mudar a sua...