12. Aaron

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Eu precisava ficar longe de Gabrielle.  Saí do quarto e fui até a varanda do apartamento. Abri as portas francesas. O vento gelado atingiu meu corpo entorpecido. Eu precisava beber alguma coisa. Voltei pra sala fechando as portas da varanda e coloquei uísque em um copo, minha mão tremia. Sexo. Fora apenas sexo. Eu sabia tudo sobre sexo. Não  era mais um menino. O que porra estava acontecendo comigo? Vinha praticando sexo e obtendo êxito nisso desde que fui seduzido pela irmã mais velha  de um amigo quando tinha 15 anos.

Mas o que experimentara agora, com uma mulher que conheci algumas horas antes, era diferente de tudo que já fiz. Fora algo avassalador. E, ainda assim, não fizemos nada de diferente, fora sexo em sua forma mais normal. Será que me senti tão diferente pelo fato de Gabrielle  ser inexperiente? Talvez o meu paladar esteja tão entediado que a novidade de uma amante iniciante era a única coisa capaz de excitar-me?

Servi-me de outra dose de uísque. Não, era mais do que isso. Lá no fundo eu sabia. E odiava ter de admitir. Tomei o uísque em um só gole, como se pudesse afogar o desejo que já dava as caras novamente, que fora aplacado apenas por alguns segundos depois do orgasmo. Eu me orgulhava da minha potência, mas aquilo já era ridículo, eu já estava louco pra me enterrar nela novamente. Voltei para o quarto, Gabrielle havia virado de bruços. O lençol cobria precariamente sua bunda maravilhosa e aquelas covinhas faziam minha boca salivar. Cerrei os punhos. Não havia como chegar perto daquela cama sem ficar excitado e querer fodê-la novamente. Em silêncio,  virei-me e levei  o corpo que ardia de desejo para a sala novamente , onde tentei distrair-me com o trabalho.

Peguei meu celular para checar as mensagens. Tinha várias, mas me detive na da minha mãe e do meu assistente. Decidi ouvir o áudio da minha mãe primeiro.

"Olá , querido. Em que parte do mundo você está, Aaron? Mamãe tem uma surpresa pra você. Você pode estar em Nova York depois de amanhã? Aguardo sua resposta, amor, e espero que seja positiva. Eu te amo, querido."

Revirei os olhos. Eu sabia exatamente a que tipo de surpresa minha mãe se referia. Com certeza encontrou outra moça elegível para ser sua nora.

Abri a mensagem de Ian.

" Boa noite, senhor. O aeroporto abriu, o senhor pode estar em Miami o horário que achar devido. Em seu e-mail segue a agenda de compromissos. "

Porra! Eu pensei que teria ao menos dois dias com Gabrielle.

Liguei meu tablet e fui analisar a agenda, eu sabia que tinha muitos compromissos para o dia seguinte, depois de encarar a tela por um tempo e não ver nada além do rosto de Gabrielle quando deslizei para dentro do corpo dela pela primeira vez, recostei-me na cadeira e esfreguei o rosto com as mãos. Aquilo era loucura. Estava imprestável. Precisava dela de novo. Naquele instante. Num rompante levantei-me da cadeira e voltei para o quarto. Ela estava agora deitada de costas, com o lençol cobrindo os seios. Ela moveu-se discretamente, como se tivesse sentido minha presença. Aproximei-me e vi aquele par de cílios negros tremelicarem contra a pele alva. Ela mexeu a boca e eu quis cobri-la com a minha. Meus olhos cravaram no contorno perfeito dos lábios dela e me perguntei como não reparara nela na primeira vez.

– Olá...

A voz sensual dela me pegou de surpresa. Ela estava me encarando de um jeito lânguido. Algo mexeu dentro de mim. Tive a bizarra sensação de que tudo em minha vida até então havia sido apenas um borrão e neguei aquilo impiedosamente. Aquele era mais um caso,  como qualquer outro que já tivera. Era um pouco mais intenso, talvez... Química. Era isso.

– Olá. Tudo bem se eu me juntar a você?

Gabrielle balançou a cabeça e eu tirei a calça moletom que vesti antes. Ao deitar-me, aproximei-me dela e ela veio pra mais perto, seus braços envolvendo-me como peças de um quebra-cabeça que finalmente se encaixaram. Quando nossos lábios se encontraram e um beijo delicioso explodiu,  eu desisti de tentar raciocinar sobre o que estava acontecendo, pelo menos por enquanto, pois a ânsia de apenas agir era mais forte do que eu.

– Fique alguns dias comigo em Miami.

Não dei tempo dela responder, ataquei sua boca. Interrompi o beijo e desci a boca até sua intimidade.  Explorei-a com a boca procurando a fenda de seu corpo e abrindo-a. Era deliciosa.  Perfeita. E ali, eu tive certeza que dois dias não teriam sido suficiente. O  corpo de Gabrielle  se contorcia, querendo mais tanto quanto eu. Quando ela gritou de prazer, peguei outro preservativo e deslizei em meu pau.

Minha boca se apossou novamente da dela enquanto a penetrava. Levei a mão para baixo da coxa dela, encorajando-a a envolver-me a cintura com a perna. O movimento levou-me para mais fundo dentro de seu corpo, e Gabrielle gemia. Ela levantou a outra perna, e eu me retirei, antes de voltar a penetrá-la. Coloquei uma das mãos entre nós e massageei o clitóris. Gabrielle arfou e arqueou as costas. Meus movimentos  se tornaram mais urgentes, mais vigorosos e mais rápidos. Os gemidos e as palavras sem nexo estavam inundando-me de ainda mais prazer. Abaixei a cabeça e beijei-a sentindo as contrações poderosas de seu corpo ao redor do meu. Meu corpo  enrijeceu, antes que eu emitisse um grito gutural, e a seguisse na deliciosa onda do orgasmo.

Meu cérebro deu um nó. Ainda podia sentir as ondas do orgasmo de Gabrielle mantendo meu corpo rígido, não me deixando voltar completamente do segundo clímax mais intenso que já experimentara. Bem, o primeiro tinha sido àquela mesma noite e com a mesma mulher que tinha nos braços.

Era a coisa mais difícil do mundo quebrar a conexão entre nossos corpos, mas cerrei os dentes e me movi, liberando nós dois. Os olhos dela estavam lânguidos, as faces, coradas, o cabelo, desalinhado e ainda assim era a mulher mais linda que meus olhos já viram. Deitei de lado, puxando-a, de modo que  ficássemos  cara a cara. Geralmente, depois do sexo, eu sentia uma necessidade opressiva de fugir. No momento, fugir era a última coisa em minha mente. Ela encaixou-se ao meu corpo, uma perna ainda sobre minha coxa. Uma mecha de cabelo estava no rosto lindo, úmida de suor. retirei de maneira delicada.

Conforme minhas faculdades normais retornavam,  tomei ciência de sentir-me cada vez mais vulnerável. Mas ainda não consegui me afastar dela. Então vi um brilho nos olhos verdes, na luz fraca. A boca se abriu num bocejo seguido por um lindo sorriso envergonhado.

- Obrigada, você me proporcionou os melhores orgasmos da minha vida.

Sorri aproximando-a mais junto a mim.

- Obrigado por isso também.

E me rendi junto a ela a um sono tranquilo.

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora