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No caminho para a tenda, nossos passos foram atentamente observados por vários pares de olhos, e em cada um pude notar percepções diferentes. Curiosidade, desconfiança, talvez raiva.

Quando sentamos à mesa, o homem de cabelos escuros e tom de voz tedioso se apresenta como Levi. Ele nos serviu chá, que pelo cheiro, acredito ser de erva-cidreira. Yelena então anuncia seu nome e em seguida Onyankopon, deixando-me por último. — Eris Welch

— O que significa essa sua braçadeira? — Hange pergunta, apontando para o tecido vermelho com a estrela branca que uso.

Apesar do tapa-olho, a eldiana é boa observadora. A pergunta me pega desprevenida, parecia improvável que a primeira seria direcionada a mim. Até o momento, estava me sentindo distante de tudo que estava acontecendo, como uma espectadora de uma peça de teatro. Estava assistindo a uma sequência de atos sem me preocupar sobre como agir quanto aquilo que se desenrolava diante de mim, mas Hange me puxou para o palco à força.

— Em Marley, todos os eldianos precisam usar braçadeiras para serem identificados com facilidade, — começo a explicar, procurando a melhor combinação de palavras. — Não somos considerados cidadãos com plenos direitos, então precisam ter controle sobre nós.

Hange fica em silêncio por alguns segundos, o que me faz ter certeza que entendeu que não é tão simples quanto parece. Não são apenas braçadeiras para identificação.

— Bem, acho que eu não deveria estar surpresa, — ela murmura pensativa.

— Mas afinal, quem são vocês? — Levi indaga, estreitando os olhos cinzentos em nossa direção.

— Eu e Onyankopon fazemos parte dos soldados voluntários, — Yelena usa seu típico tom tranquilo. — Estamos aqui sob ordens de Zeke Yeager.

O nome cria uma sensação desagradável no ambiente. Assim como os dois outros eldianos, fico surpresa em ouvi-lo. Levi interrompe na metade a ação de levar a louça de porcelana aos lábios, encarando Yelena com o semblante sombrio. Pensei que o homem fosse inexpressivo, mas é a primeira vez que eu testemunho um sentimento tão bem representado visualmente. Yelena deve achar o mesmo, pois a notei prendendo a respiração por um instante ao meu lado. Hange se ajeita na cadeira.

— Zeke Yeager? — ela pergunta com uma das sobrancelhas arqueada. — É no mínimo curioso, depois do estrago que causou por aqui.

— Podemos explicar mais tarde, — Yelena emenda com rapidez, em um esforço de abrandar a situação. — Temos muito sobre o que falar primeiro.

— E você? — Hange se dirige a mim.

— Trabalho para o governo de Marley como engenheira, — respondo, sem intenção de me aprofundar no assunto. — Não tenho ligação alguma com os soldados voluntários.

Yelena, ao me ouvir, parece ter a necessidade de explicar quem são os soldados voluntários. O assunto leva a uma rede de tópicos relacionados, eldianos e os povos conquistados por Marley, questões de geopolítica, a história do país, seu exército. Permaneço calada a maior parte da conversa, apenas respondendo as poucas perguntas dirigidas a mim, até que chegam à parte do armamento de Marley.

— Eris pode lhes falar melhor sobre, ela é atualmente a principal figura no desenvolvimento de equipamentos bélicos de Marley, — Yelena me denuncia, dando um gole em seu chá como um passarinho.

Como se a informação da mulher fosse um ímã, os olhares dos dois eldianos são atraídos em minha direção. Consigo ver que não era exatamente o que esperavam da minha ocupação. Havia me contido para não acender um cigarro durante a reunião, mas ela parecia se desenrolar há horas e meu corpo implora por uma sensação reconfortante. Antes de eu terminar a ação, Levi já torcia o nariz com repugnância.

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⏰ Última atualização: Jun 19 ⏰

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𝐁𝐄𝐘𝐎𝐍𝐃 𝐓𝐇𝐄 𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍, 𝘫𝘦𝘢𝘯 𝘬𝘪𝘳𝘴𝘵𝘦𝘪𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora