Boa leitura!- De onde surgiu essa porcaria velha? - me pergunto quando saio do meu carro analisando o estrago da batida.
- Não fala assim dela. Apesar de ser velha, me rende boas corridas. - encontro do dono da voz e, uau, que lindo. Um rapaz alto, pele bronzeada, cabelos cacheados e olhos verdes.
Estou babando.
- Agora meu carro está arranhado. Que ótimo. - digo tentando me recompor, mas seus olhos permanecem me avaliando.
- Moça, a minha caminhonete foi a mais prejudicada nessa história toda. Terei que trocar a placa traseira. - ele diz e me envergonho ao somente agora me dar conta de que estou conversando e babando pelo dono da caminhonete.
- Você teria que trocar de automóvel, isso sim. - murmuro pegando o meu celular e tirando fotos da grande tragédia.
- Você que deveria trocar a cor do seu carro. - o cara lindo diz, pegando o seu celular e fazendo o mesmo que eu.
- Escuta aqui, meu carro não surge do nada causando acidentes. Isso para mim já é o bastante. - falo começando a me irritar. Quem esse folgado pensa que é?
- Eu acho que você estava distraída e não viu a minha menina parada aqui. - ele diz exibindo um sorriso enquanto lança um olhar orgulhoso para a lata velha.
- Deveria ser crime essa coisa velha andar por aí. - digo irritada e dou uma bicuda em um dos pneus da caminhonete, fazendo com que o dono me lance um olhar magoado.
- Moça, agora você está pegando pesado. - ele diz com um falso ar de tristeza.
- Me desculpe, eu tive um dia cheio. - digo percebendo que agredir o carro de um estranho não é lá muito gentil. Fui grosseira.
- Dia difícil? - ele pergunta se aproximando de mim e eu penas assinto com a cabeça. - Só tente enxergar um arco íris, por menor que seja, em meio a toda essa tempestade. Sou Dominic. - ele estende a mão e eu a pego, surpresa.
O que ele não sabe é que não existe arco íris nesse furacão que estou vivendo.
- Kiki, e obrigada por isso. - falo sem saber o que fazer ao ver seus olhos me analisarem. - E então, eu faço questão de pagar o conserto do carro.
- Tudo bem. - ele diz ainda me encarando.
Deus, me ajuda!
- Pode anotar o meu número, fazer o orçamento e eu transfiro para a sua conta o mais rápido possível. - eu falo e ele sorri para mim, me causando sensações esquisitas.
Trocamos de número, e nós despedimos. Entro em casa, tomo um banho relaxante e ao sair, percebo que a torneira da pia está quebrada. Eu comprei esta casa por menos da metade do preço. Os antigos donos eram idosos e passaram uma vida aqui, e seus filhos queriam se livrar da casa de qualquer jeito. Não está muito ruim, precisa de um bom empreiteiro, uns ajustes e ela está novinha em folha.
Mas, não acho um empreteiro que me agrade. Ou cobram um orçamento absurdo, ou dão encima de mim, ou marcam um encontro para tratarmos os detalhes do contrato e eles simplesmente me dão bolo. Já estou ficando aflita.
Faço a janta e como sozinha. Lavo a louça e vou para o quarto, a melhor parte da casa na minha opinião e me preparo para dormir. Meus pensamentos seguem em Michael, dos nossos momentos, do dia em que o peguei aos beijos com Marise, da solidão que sempre sentir mesmo estando com ele, estando com pessoas que achei que fossem meus amigos, e no final não eram. Esse sentimento de sentir que, em algum momento o mundo todo te dará a costas me sufoca a cada dia.
E mais uma vez eu durmo chorando.
[...]
Hoje eu estou de folga. O dia está ensolarado, bonito, como se estivesse me prometendo que alguma notícia estava por vim.
Esse bobo pensamento fez com que eu ficasse animada, e levantasse antes mesmo do despertador. Tirei do meu closet um macacão que vai até a minhas coxas rosa Pink, deixei meus cabelos cacheados soltos e coloquei meu som para tocar.
Até que, batidas na porta fazem com que eu interrompa a tentativa falha de tentar consertar a pia do banheiro, e me dirijo em direção a porta para atender.
- Oi querida. - diz Nora, uma vizinha muito simpática. Quando cheguei, me deu flores e bolinhos, e embora eu tenha pedido para a perícia do escritório onde trabalho verificar se não tinha nenhum ingrediente anormal, eu confio nela. Depois que dei uma rápida investigada em sua vida.
Meu lado de advogada / detetive sempre fala mais alto.
- Oi Nora. Como vai? - respondo dando espaço para que ela entre.
- Estou bem, querida. Na verdade, iria convidar você para tomar café comigo, fiz um banquete. - ela diz e a encaro duvidosa. - Ah, vamos Kiki. Apenas um café da manhã.
Acabo aceitando e vou até a sua casa. A casa de Nora é simplesmente incrível, e é só atravessar a pequena faixa de concreto para chegar até ela.
- O meu sobrinho está comigo, eu espero que não se importe. - ela diz sorrindo travessa. Não resisto e também sorrio.
- Você disse que estava sozinha.
- Uma mentirinha do bem. O meu sobrinho está solteiro. - ela sussurra a última parte e me lança uma piscadela, arrancando sorrisos de mim.
Entramos e ela me guia até a sua linda cozinha, onde arregalo os olhos ao ver quem está sentado na mesa com um tablet em suas mãos e com óculos de grau, extremamente atraente e concentrado.
O cara que eu bati a caminhonete.
- Dom, essa é a vizinha que te falei. - Nora diz atraindo a sua atenção, e quando seus olhos se encontram com os meus, se arregalam enquanto ele sorri.
- Kiki. - ele diz animado e meu coração acelera.
Porque ele precisa ser tão lindo?
- Oi. - minha voz sai um pouco vacilante. Estou desnorteada demais com a visão dele para pensar em alguma coisa.
- Vejo que já se conhecem. - Nora toca em meu ombro e percebo que estou em pé o observando, e envergonhada, me acomodo em uma cadeira ainda surpresa pelas coincidências da vida.
- Eu bati na caminhonete do Dominic ontem. - falo.
- Ah, então você é a mulher que deixou o Dom sem palavras? Desde ontem, ele não para de falar do quanto a mulher que bateu em seu carro é linda. - Nora diz e dar de ombros, fazendo com que eu abaixe o olhar envergonhada.
Eu deixei Dominic sem palavras?
Ele me acha bonita?

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o namorado de fachada
RomanceKimberly, ou Kiki, como gosta de ser chamada, é uma jovem advogada ambiciosa, doce, e que faz de tudo pelas pessoas que ama. Quando seu namorado a trai com a que costumava ser sua amiga, e os sócios de uma grande Coorporação a qual Kiki sonha em tra...