A Life Of Fragile Lines

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Rio de Janeiro, 1864

- Justina, me ajude a arrumar minhas coisas. Eu não fico nem um minuto a mais do que o necessário nesse país. – eu disse, entrando em casa, para o completo alarde da minha fiel escudeira.

- Dona Luísa, o que aconteceu?

- Eu não aguento mais, Justina. – deixei minhas coisas no sofá, encarando a única pessoa que eu tinha certeza que estava de verdade do meu lado. – Pedro e seus ciúmes e confusões, a Imperatriz, as princesas. Chega.

- Eu vou fazer um chá para a senhora. – ela se apressou.

- Não precisa, Justina. O que eu preciso é que você me ajude a arrumar as minhas malas, os baús. Estou voltando para a França. – respondi, decidida.

- Mas a senhora vai embora assim?

- Sempre fui dona da minha vida, dos meus quereres, do meu destino. – suspirei. – Sacrifiquei anos por essa família, mas agora chega. Dominique precisa de mim e eu preciso priorizar o meu filho.

Justina assentiu, mas saiu apressada em direção à cozinha. Certamente ela faria um chá com propriedades calmantes, mas não adiantaria. Minha decisão estava tomada e nada mudaria meu caminho. Aquele dia havia sido o limite de minha paciência e cordialidade.

Tudo começou com a chegada dos príncipes. Eu ainda estava fragilizada pela perda do meu filho quando Augusto e Gastão chegaram, acompanhados do General Dumas. E a chegada de Dumas afetou Pedro de uma forma inimaginável. Os ciúmes, as cobranças, e por fim, as dúvidas.

Em anos de relacionamento Pedro jamais demonstrou qualquer sentimento além de amizade e respeito por Teresa, mas subitamente lançava olhares de raiva toda vez que Dumas estava conversando com a esposa. E mesmo em nossa conversa sobre isso ele foi capaz de virar tudo contra mim.

Eu sabia que ele me amava, mas nosso relacionamento tinha prazo de validade e Pedro sabia disso. Sabia que eu estava no Brasil pela missão de educar as princesas, e não por meu relacionamento com ele. Eu o amava profundamente, mas meu papel na vida era mais do que viver às sombras de um amor. E eu jamais me sujeitaria ao papel de amante.

O casamento das princesas seria também nosso fim. Eu voltaria para a Europa e essa dúvida nunca existiu. Mas Pedro insistiu em transformar essa discussão em uma briga por ciúmes, como se minha partida iminente fosse por Dumas, por Eugênio, ou por qualquer outro homem, e não por mim mesma.

E vê-lo com ciúme e receio da aproximação de Teresa e Dumas também me lançou o alerta. Era cômodo para Pedro. Eugênio havia ido embora e eu era uma mulher livre para nosso relacionamento. Ele era um homem poderoso, e ninguém ousaria menosprezá-lo por um relacionamento extraconjungal. E Teresa era uma mulher acorrentada pelo casamento e que por anos alimentou a esperança de Pedro dar à ela uma chance.

Mas nossa briga ter terminado com Pedro me dizendo duras palavras havia sido um golpe maior do que qualquer outro. "Se quer ir, vá. Vá, Luísa. Eu não vou insistir para que fique". Doia mais do que eu poderia admitir, mas ainda assim eu estaria disposta a cumprir minha missão.

A dor no meu braço me lembrava dos motivos da minha decisão final. Um surto de raiva e acusações da Imperatriz, como se meu envolvimento com Pedro fosse planejado desde o início. Como se eu estivesse naquela casa para roubar seu papel de mãe e esposa, e não cumprindo um papel importante na educação de Isabel e Leopoldina.

E em meio à confusão, a revelação para Isabel sobre meu envolvimento com Pedro. Seu olhar de decepção e mágoa. Suas palavras tão duras quanto as do pai, tão diretamente em qualquer resistência que eu tinha. "A senhora ouviu minha mãe, Condessa. Não é bem vinda nesta casa."

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