[[s/ɴ] — ᴍᴀʟᴇ ( )
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ᴇɴᴛʀᴀᴍᴏs ᴇᴍ ᴜᴍᴀ ᴇ́ᴘᴏᴄᴀ ᴅᴇ ᴘᴀᴢ. As coisas estavam — finalmente — como um final feliz de contos de fadas. Minha vó voltava a sorrir, comigo — seu neto — e seus filhos podendo correr e darem risadas sem temer uma figura sombria. Sem temer a própria sombra.
Eu, Damian e Athanasia criamos um elo como de irmãos. Nos metíamos nas mais diversas encrencas e aventuras. Era como se todo aquele reinado de terror fosse apenas um pesadelo distante de qualquer realidade. Da nossa, ao menos.
Erámos príncipes apesar de tudo. Mas ainda existiam lugares que as feridas nunca pararam de sangrar. Cicatrizes. Nos olhos do povo. Em suas famílias, afetadas pela corrupção ou pela morte de um membro.
Tudo ainda era muito recente, apesar de todos os quadros do Imperador terem sido tirados das paredes do castelo. Somente uma vez eu o vi. Um rosto gélido e cercado de obscuridade. Feições duras e retas, com olhos frios e ameaçadores de um tom escuro de azul. Na primeira vez que olhei, senti o medo percorrer minha espinha. Na segunda vez, seu olhar não me parecia mais perigoso; e sim triste. Desesperado. Perdido.
Despois, ignorei e segui correndo para encontrar meus irmãos.
O tempo foi passando e nós estávamos crescendo. Mas Damian foi o que mais sofreu com isso. Desde pequeno, ele já era bem parecido com Bruce. Mas a medida que a idade chegava, se tornava sua versão mais nova. E ninguém nunca parou para pensar no quanto isso o afetaria. Todos cochichavam, especulavam e o atacavam. Mas meu irmão sempre suportou tudo de cabeça erguida.
Até que ele começou a se interessar por luta e armas. E era bom nisso. De nós três, era o destaque. E foi ai que tudo piorou.
Todos o temiam sem motivo aparente. E do medo, vinha o ataque. Os olhares repulsivos. A culpa e o martírio jogados em um inocente. Mas seu queixo continuava erguido. E sua espada também.
Mas Jason não era fã da ideia de alguém tão parecido com o homem que lhe deixou tantos traumas. E sequer considerou que Damian era mais parecido com ele do que com o pai.
E em umas das suas discussões sobre meu irmão com meu pai, eu finalmente entendi que as cicatrizes que meu avô deixou o tempo não poderia ajudar. Jamais.
— Você não pode culpa-lo, Jay. Ele sequer o conheceu — meu pai suspirava.
— Mas tem o mesmo sangue podre que eu e você. E mesmo assim você o deixa solto por ai. Armado, com aquele olhar demoníaco que todos nós herdamos!
— Um olhar que você e tantos outros insistem em colocar nele.
— Essa família é amaldiçoada. Não existem uma vida simplesmente feliz para nós. Sempre, e você sabe disso, existe, alguma sombra a solta. Se ele não é o mal, é o que irá trazê-lo — eu sabia que meu pai não acreditava naquilo, mas escutar ainda sim deveria ser horrível.
— Damian está sob minha responsabilidade. Se você não pode suportar olhar para ele, não fique perto. Não fale ou coloque besteiras em sua cabeça — o olhar do Imperador apareceu, afiado e mortal. Como uma adaga afiada e venenosa.
— Você realmente espera que eu olhe para aquele garoto e não veja o monstro que assombrou meus pesadelos por toda minha vida? Não finja que tudo é as mil maravilhas. Como consegue deitar a cabeça e dormir, realmente dormir? No meio da noite, quando ele tem pesadelos e vai até seu quarto, nem você ou a Kory sente um pingo de raiva? De medo ou angustia? Ele não sente isso em você? Espera mesmo que eu fique sentado e esperando para ver se ele vai se tornar OU NÃO o Bruce? UM NOVO TIM?! — meu pai não teve resposta para dá. Mesmo tendo ou não argumento, quando se é criança e é marcado assim, é algo para o resto da vida.
Poucos casos são aqueles que conseguem se libertar das correntes criadas.
Mas tio Jason tinha certa razão. Razão tirada da dor e de encarar cara a cara demônios.
Olhar para Damian deve ser um inferno pessoal para ele. Eu, meus irmãos, minha família. Todos temos medo de nos tronamos Bruce Wayne.
Mas Damian... ele é alguém que merece confiança. Alguém de valor inestimável. Os gêmeos sempre foram a luz em toda essa escuridão. Que Bruce não pode macular. São a esperança de que um amanhã bondoso que pode chegar. De que, alguma merda de forma, podemos atravessar tudo isso.
Mas isso não se aplica a mim. Nunca se aplicou.
Os três filhos do Imperador seguiram um caminho de estratégia e guerra. Guerreiros habilidosos. Símbolos de algo novo que surgia.
Mas isso — também — nunca se aplicou a mim. Abandonei meu posto de príncipe herdeiro, que sucedeu a Damian. Ele será um ótimo governante. Continuará o legado que meu pai tenta construir.
Minha irmã o ajudará nisso.
Meu destino é voltar as sombras. Fazer certo, em minha nova chance.
Jason e o mundo sempre temeram que Damian se tornasse alguém como o antigo Imperador. Mas o medo deles sempre esteve em baixo de sues narizes. Desde criança, sempre, sempre que estava na frente de um espelho, não conseguia ver meu reflexo. Sempre acabava criando a imagem de um homem sombrio.
Eu sempre fui diferente. Era como se minha mente não tivesse a mesma idade que meu corpo. Sempre que estava nos braços carinhosos e calorosos de meus pais, havia uma parte de mim, bem no fundo, que se sentia uma sombra se contorcendo por dentro. Como se estivesse fazendo algo errado recebendo o amor de meus pais. Como se faltasse algo. Tinha sonhos onde eu era outra pessoa, ferindo de várias formas uma criança de olhos azuis, assim como os de meus pais ou de minha família. Outras vezes, via minha mãe arrancando minha cabeça. Sempre com um misto de sentimentos ruins e danosos. Arrependimento em tantas coisas.
E, simplesmente do nada, isso sumia, como se não fosse meu.
Eu sou a reencarnação do antigo Imperador Bruce Wayne. Ou no mínimo, meu corpo é alvo de uma possessão de uma alma que vive no inferno e quer sair de lá, de alguma forma. O filho que não honrei, a família que não cuidei e causei tantos danos. Danos que estarão para sempre lá, provando a existência do passado. Meu primogênito é meu pai. A mulher que me matou e me deu a luz, me olha como se fosse o bem mais precioso que já teve. Meus filhos, meus gêmeos... são a única família que consegui fazer algo certo.
Mas quem sou eu? O homem que fez tudo diferente e errado ou uma nova criança que merece uma nova chance? Eu sou culpado pelo que fiz no passado ou os erros pertencem a Bruce Wayne e não a mim? Mereço ser feliz se tudo que meu passado deixou de legado foi dor? Ou mereço fazer diferente e trazer alegria a essa nova existência? Será que o manto e a máscara preta que usei ajudou meu povo?
Não tenho uma resposta para essa questão.
Eu ou ele ou os dois. Não importa.
Eu irei lutar pelo meu povo. Independente se minha alma será perdoada ou será mandada para o inferno. Eu irei fazer o Imperador Richard Wayne orgulhoso. Honrarei seu legado.
Não importa o que aconteça com meu corpo. Não importa terei que usar o medo como ferramenta. Minha vida será em prol de proteger os inocentes, em um caminho sem fim.
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ᴅᴄ ᴄᴏᴍɪᴄs || ɪᴍᴀɢɪɴᴇs [ʀᴇᴠɪsᴀ̃ᴏ ʟᴇɴᴛᴀ]
Fanfic🌿 sᴏ́ ʟᴇɪᴀ ᴇssᴇ ʟɪᴠʀᴏ sᴇ ᴇsᴛɪᴠᴇʀ ɴᴏ ᴡᴀᴛᴛᴘᴀᴅ 🌻 ▪︎ ɪᴍᴀɢɪɴᴇs ᴅᴇ ᴍɪɴʜᴀ ᴀᴜᴛᴏʀɪᴀ, onde haverá estórias em que [s/ɴ] terá o sexo feminino e outros terá sexo masculino; e ainda outros onde o sexo será indefinido. ▪︎ personagens de todo o universo ᴅᴄ;...