A caverna se estendeu por vários metros, quase desisti da possibilidade de Harry ter de alguma forma vindo parar aqui, até que avistei o sangue fresco cheirando doce, brilhante pela luz do sol. A varinha da minha mão tremeu e o pânico vagou das pontas dos meus dedos a lateral da minha orelha, zunindo e me deixando surdo.
Ninguém poderia sobreviver após perder tanto sangue se realmente for de Harry, como ele pode estar vivo?
Cambaleei ainda mais para fora da caverna, sem conseguir puxar o ar para meus pulmões, direito, olhei para todo canto buscando meu amigo.
Merlin! Que eu não o ache aqui! Por favor, que eu não ache o corpo sem vida de Harry nessa nascente! Que ele não esteja jogado entre essa grama lisa, fofa e alta ou no lago borbulhando pelas cascatas constantes da cachoeira.
De repente, sem aviso um vulto acompanhado de um forte estrondo cai de cima na minha frente, me assustando e me forçando a recuar dois passos espaçados de volta a caverna. Quando o susto passou e minha visão focou na figura em alerta reconheci o que tinha alí.
Draco Malfoy, com a espada de Gryffindor atravessada na cintura. Ele gemeu e cuspiu um bocado de sangue franzindo a testa tentando se manter acordado apesar da dor. Seus olhos se encontraram com os meus e se arregalaram em seguida.
Outro vulto e Harry apareceu de pé perto de suas pernas, com uma intenção assassina exalando em sua volta como se todo aquele sangue derramado não fosse o suficiente para matar sua sede. Seu corpo também não estava em bom estado, todô cortado e ralado, com hematomas que começaram a ganhar cor roxa e esverdeadas manchando até mesmo o rosto.
Harry não precisa ser salvo, Draco precisa.
- Harry... - sussurrei seu nome e seu corpo virou para mim e por um momento a razão pareceu clarear sua mente - se afaste dele.
Seus olhos se voltaram novamente para Malfoy que o encarava com desdém ou talvez decepção? Aquela expressão pareceu irritar ainda mais Harry que deu dois passos violentos em sua direção.
- HARRY! - Gritei com todas as minhas forças com lágrimas nos olhos sentindo meu corpo todo tremer apontando minha varinha em sua direção - EU DISSE PARA FICAR LONGE DELE!
Harry congelou, dessa vez ele nem mesmo me olhou encarando Malfoy cuspir mais um pouco de sangue
- Veja só Potter, o seu pior pesadelo se realizando, seu querido 'Rony' descobriu o quão podre você é por dentro - um sorriso sarcástico surgiu em seus lábios finos e claros manchados de sangue, tornando a beleza atípica de Malfoy lamentável - Uma aberração. Uma assombração que nunca deveria ter saído do guarda-roupa.
Aquela dinâmica estava sendo esquisita, Malfoy parecia estar provocando Harry de propósito, como se aquela atenção macabra fosse seu objetivo, como se quisesse ser morto. Eu realmente não sabia em quem lançar o feitiço primeiro, em Malfoy por dizer àquelas coisas horríveis ou em Harry que avançava sobre ele tomado pelo ódio. Na verdade, eu tinha certeza que não conseguiria proferir feitiço nenhum. Meu coração batia forte pelo pânico.
Mas antes que eu pudesse pensar sobre isso Harry já chegou até seu alvo e depois foi lançado três metros quase caindo no lago assim que a última sílaba de "Estupefaça" saiu deslizando pela língua de Blasio.
Meus joelhos fraquejaram e eu caí sobre eles mal conseguindo respirar, lágrimas gordas nublaram minha visão e escorreram pelo meu rosto.
Ouvi Blasio chamar desesperadamente por Draco e proferir feitiços simples e rápidos de cura e então invocar seu patrono pedindo por ajuda.
Como posso ser tão patético? Draco poderia estar morto agora, Harry teria o matado e eu não consegui fazer nada além de ficar olhando.
- Rony - ouvi sua voz gentil e senti suas mãos mais gentis ainda levantarem meu rosto - Você precisa respirar.
Eu tentei, mas o ar não vinha, todo meu corpo em pânico querendo desesperadamente sair da qui., sair dessa vida ridícula e injusta que ando vivendo até agora.
- EU QUERIA ESTAR FAZENDO PANQUECAS AGORA! - gritei entre soluços e mais lágrimas desesperadas.
Blasio me amparou em um abraço, me colocando entre suas pernas acariciando meus cabelos e costas.
- Vamos fazer quantas panquecas você quiser quando voltarmos - garantiu apoiando a cabeça na minha me envolvendo totalmente com seu corpo - então por favor respire, só respire.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor para Ronald Wesley
RomanceEu me perdi em algum momento durante aquela detestável guerra. E essa é a história de quando resolvi me encontrar no amor. - Ronald Wasley.