- Abram os portões!
- Abram os portões!
O barulho de ferro das armaduras e lanças fazem eco na sala do trono.
Os soldados da casa Fênix, com sua armadura forjada de aço queimado, representavam bem as cinzas, enquanto seus mantos avermelhados em uma tonalidade de vermelho sangue, demonstravam seu poder de levantar e guerrear mesmo após a morte.Os portões de aço escuro se abrem, revelando uma tempestade barulhenta e furiosa, cujo o vento empurrava até mesmo o guerreiro mais forte.
De dentro da tempestade, surge um vulto na escuridão, que caminha lentamente, como se estivesse passeando e aproveitando a vista. Ao entrar na sala do trono, os portões se fecham com selar das duas asas de ferro que formavam a águia adornada nas duas bandas do portão.
Uma anciã de vestes cinzas e encharcadas caminha lentamente com auxílio de seu cajado de madeira velha em suas mãos, percorrendo o tapete carmesim que liga os portões com a escadaria até o trono real.
No trono, o rei Joan, um homem magro, de estatura média, mas uma expressão imponente e um olhar ameaçador. Os súditos e nobres que ali se faziam presente estavam aterrorizados, não era comum o Oráculo visitar o rei, ainda mais no cenário de guerra em que se encontravam todos os clãs de Pangeia. Mas a velha anciã, parecia não ser afetada pelos olhares sombrios e a energia de angústia que batia como ondas nas paredes e fazia o silêncio virar um grito ensurdecedor. Ela muito pelo contrário, retira seu capuz lentamente do rosto, revelando a face de uma senhora cujo o tempo não foi nada gentil. Marcas de expressões e algumas cicatrizes, além do cabelo bagunçado, fino e grisalho, que formavam um aspecto de nuvem em sua cabeça, amarrados por uma corda vegetal, proveniente de folhas de coqueiro. Ela quebra o silêncio, iniciando seu humilde discurso.
- Imperador Joan, aquele que levantou, após uma lança ter perfurado seu peito, aquele que continuou lutando, mesmo sozinho, mesmo ferido e cansado, contra o exército inimigo, até derrubar o último homem.
Sua voz mansa, confundia os sentimentos do mais sábio homem de cabelos grisalhos sentado ao lado do rei, Cidney, era irmão e conselheiro do rei, um homem alegre, humilde, porém muito sábio.
O rei por outro lado, era voraz e justo, porém nada paciente. E irritado com a tentativa do Oráculo de testar sua paciência, lançou sobre ela um corte seco e barulhento.
- Oráculo, estou sem tempo para relembrar o passado, o exército da casa dos Leões está em nossas fronteiras neste momento. Meus homens estão na tempestade, aguardando o seu rei, para comandar os comandar.
Porém, na mesma calma que entrou, ela se dirige até as escadas reais, parando e fazendo uma curta reverência, que foi retribuída pelo rei com um balançar de cabeça.
- O Oráculo subiu a montanha mais alta, onde as luzes tocam o chão, vi com meus próprios olhos as chamas dançarem e marcarem o futuro no fogo, a fênix será morta e renascerá das suas cinzas.
Pela primeira vez, os olhos afiados do rei se transformam, sua pupila dilata e uma luz de preocupação é cintilada de dentro deles.
- E por qual motivo os deuses nos amaldiçoam com tamanha desonra?
Mas o Oráculo, calmamente, segue seu tom, desafiando a voz imponente do rei.
- A Fênix será desmembrada pelos dentes afiados do Leão, ele comerá de sua carne e saciará a sede pelo seu sangue, mas das cinzas de vossa majestade, o espírito da Casa Fênix será purificado, os deuses escolheram a casa Fênix, para gerar o fruto da redenção. Mas tardia vem o Sol depois da tempestade e tardia a tempestade que primeiro traz o vento do aviso e do conselho. Para o senhor, resta-lhe sete anos. Ao longo de sete anos, o rei terá sete filhos, cada qual nascerá com as sete bênçãos dos sete deuses. Embora o pai se desviaste do caminho da sabedoria e da justiça, cometeu dos sete pecados os sete, mas pelas orações de vossa mãe e de vossa esposa, os deuses pouparão a sua descendência e com ela ele muito se alegrará. Mas para justiça dos céus, cada filho herdará um pecado de seu pai, mas será abençõado com virtude de sua mãe.
Ao terminar o seu discurso, o salão mais uma vez foi tomado pelo silêncio. O medo da guerra já fora esquecido por todos, que se apavoram agora pela profecia de sua anciã. Os nobres pagãos, protestavam contra o Oráculo, insultando e indagando sua autoridade.
- Traidora!
- O Oráculo profetiza contra a vida do rei!
- Ela é uma falsa profeta!
- Está sendo usada pelo demônio!
- Matem-na!
- Queimem-na!
O imperador, suando frio em seu trono, assustado e desestruturado pela profecia, levanta do seu trono em estado de fúria, gesticulando com sua espada em mãos enquanto grita imponentemente ordens para todos no saguão.
- Eu ordeno! Eu ordeno que o Oráculo seja queimado em praça pública por falsa profecia e injúrias contra o meu reinado!!
Os guardas sacam suas espadas, agarrando a velha anciã pelos braços que sequer desvia seu olhar melancólico e infeliz do rei. Que ao perceber, vira-se para os portões que guardam seus aposentos e segue em direção a ele, sendo agarrado por suas vestes pela rainha, que grita e chora pela sua mãe, que está sendo levada pelos soldados para a tempestade fora do salão real.
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A Jornada do Sétimo Filho
Short StoryVitor é um jovem humano, criado por deuses espirituais no jardim do paraíso. Embora aconchegante e com uma vista maravilhosa, não há como se sentir pertencido a um lugar, sem saber quem você é e porque há tantos sentimentos inexplicáveis ardendo em...