𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni

Twenty-third Chapter

Help me, it's like the walls are caving in
Sometimes I feel like giving up
But I just can't
It isn't in my blood

❃

LÍRIO VILHENA

— Meu amor? — Ouço e levanto o olhar a entrada da cozinha, onde Emiliano estava de braços cruzados e encostado no batente. — Acordada uma hora dessa?

Franzi o cenho confusa e olhei sorrateira para o relógio de parede ao seu lado, vendo que marcava duas da manhã, automaticamente, fazendo com eu bocejasse.

— Perdi a hora. — Digo, olhando para a quantidade de biscoitos eu havia feito. Bocejei outra vez.

— Vamos para a cama, deixa eu ninar você. — Disse e caminhou devagar até mim, me abraçando por trás, me fazendo sorrir. — Ou se não estiver muito cansada...

— Vou ficar com a... — Me interrompo, para mais uma vez bocejar. — Segunda opção.

— Você está caindo de sono, minha plantinha. — Sussurrou ao meu ouvido, e assenti devagar.

— Eu nem estava com sono até você chegar. — Respondo. Emiliano me virou a ele, ignorando que eu estava toda suja de trigo, me prendendo mais a si.

A cada dia que se passava, eu me apaixonava ainda mais por ele e por cada coisa mínima que fazíamos juntos, seja ela beijinhos durante filmes, sexo nas madrugadas ou passeios aleatórios depois do trabalho em floriculturas desconhecidas. Eu o amava todos os dias.

— Pétala é muito mimada. — Ele resmungou e fez bico. — Eu queria ser mimado igual a ela.

— Meu amor, eu te mimo todos os dias o dia todo. — Respondo, passando meus braços por seu pescoço. — Deixa de serbirrento. — Deixo um selinho casto em seu lábios, tentando demonstrar o que eu afirmava.

— Sinto saudades de quando cozinhava empadinhas e coxinhas pra mim. — Lastimou com voz de choro. Não aguentei e soltei uma risadinha, vendo moreno fazer bico.

— Tá bom, amanhã após a festa da Pê, faço coxinhas e empadinhas para o jantar. — Respondo. — Vamos dormir, tem treino cedo para o jogo contra o Flamengo, comer urubu assado.

— Estou amando seu lado torcedora do São Paulo. — Disse surpreso.

O puxei para mais perto, iniciando outro beijo lento, aproveitando seu corpo coladinho ao meu por mais tempo. Soltei um gritinho assustado, quando ele me pegou em seu colo, caminhando comigo assim até o quarto, me levando ao banheiro em seguida.

Disse que me daria um banho rápido e me colocaria para dormir, me deixando mais mal acostumada ainda.

*

Os biscoitos já estavam em caixas separadas para ir a festinha de heróis na escolinha de Pétala, como era uma festa a fantasia, ela estava vestida de Robin Hood, alegando que esse era seu herói literário favorito.

— Tem certeza que leva ela? — Floribella perguntou, enquanto eu organizava as caixas dentro no bagageiro do meu carro.

— Tenho sim, aproveito e faço propaganda da receita da dona Sida. — Respondo, lhe dando um sorriso. — Não tem com o que se preocupar, é rapidinho, quinze minutos já estaremos lá.

— Estou com pressentimento ruim. — Disse fazendo uma cara preocupada, apertando o terço que tinha de pingente no colar que papai havia lhe dado. — Vamos todos no meu carro, Lírio.

— É enjoo. — Digo.

— Não, é como se algo de ruim fosse acontecer. — Reafirmou e neguei com a cabeça.

— Vira essa boca para lá. — Digo, batendo no caixote de madeira próximo a mim. — Nada vai acontecer, ou não confia em mim?

Ela não respondeu, nem precisava de resposta, já que nada nunca havia acontecido com Pétala enquanto estava comigo, e eu me sentia uma tia bem responsável.

Senti mãos me abraçando por trás e me senti confortável ao perceber que era meu namorado — ainda estou me acostumando com isso —, fazendo com que as borboletas em meu estômago se manifestassem.

— Já estou indo. — Disse moreno, ao meu ouvido. — Nos vemos mais tarde pra você me pagar o que prometeu. — Relembrou e rolei os olhos.

— O que ela te prometeu pagar? — Minha sobrinha pergunta, de forma inocente.

— Coxinhas e empadinhas para o birrento aqui. — Respondo. — Entra no carro, já estamos indo.

Vi ela sair saltitante e minha irmã ir junto a ela, para arruma-la no cinto de segurança. Me virei para Rigoni com um sorriso já estampado no rosto, seguro em cada lado do seu pescoço, o puxando para um beijo singelo.

— Parem, eu fico enjoada. — Resmungou Flor, e quando a olhei, ela estava com cara de nojo.

— Ninguém mandou você engravidar. — Digo. — Bom, deixa eu ir, nos vemos lá.

— Toma cuidado. — Rigoni pediu, me fazendo olhá-lo antes de me afastar. — Eu te amo, ok?

— Eu também te amo. — Sorrio. — Meu moreno.

Ele sorriu e me deu um último selinho. Digo ate logo para todos e entro no carro, e coloco a música que Pétala me havia pedido antes mesmo de entrar no veículo. Dei partida e seguimos caminho, para a escola.

O caminho foi tranquilo, e ouvir minha sobrinha cantarolando era o mais interessante do caminho, paramos no sinal e a olhei pelo espelho.

— Animada? — Pergunto, vendo que ela estava toda enrolada no sinto de segurança. — Sua mãe é doidinha. — Sussurro.

— Estou sim, bem animada. — Respondeu. — Serei a heroína mais realista daquele lugar, quem é homem de ferro na fila do pão?

— Ei, eu adoro o Tony. — Faço uma carinha triste, lhe arrancando uma risada. — Também gosto do Capitão América.

— Ele eu também gosto, Chris Evans né. — Disse como se aquilo fosse o obvio.

O sinal ficou verde, e dei partida mais uma vez. Olhei de relance para o meu celular que estava sobre o banco, vendo uma mensagem de Rigoni: "Cuidado no trânsito, te amo e até mais tarde". Carros me parecem seguros, eles devem ser seguros, mas talvez os motoristas não fosse o bastante.

Franzi o cenho ao ouvir uma buzina, vindo na minha lateral, virando rápido o rosto para ver do que se tratava, e vi o carro vindo em minha direção, não me dando nenhum tempo de ação, batendo com tudo.

Lembro de bater a cabeça bem forte no volante, e o grito de Pétala, ecoar estridente por meus ouvidos e em seguida um zumbido. Até escuridão me tomar e eu não conseguir mais me manter acordada.

Silêncio outra vez.

**
ai ai essa clara