Capítulo 3

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POV VICTOR

Cheguei em casa exausto, não imaginei que morava tão longe da faculdade.

Já que ainda não tenho dinheiro pra comprar um carro, trataria de comprar um skate ou uma bicicleta até a próxima semana pelo menos.

Como a faculdade terminou às 15, quando cheguei em casa encontrei um bando de garotas no sofá da sala junto com a minha irmã, rindo, assistindo tv e uma delas estava pintando as unhas de Julia.

- E aí como foi o primeiro dia? - Julia me pergunta, parecendo finalmente notar minha presença.

- Tranquilo - respondo enquanto deixo a mochila na cadeira da mesa da cozinha e pego um copo d'água - nada demais. E o seu?

- Normal também, mais legal do que eu esperava.

Passo a mão no cabelo, e nossa, eu to nojento. Eu tenho esse problema, tenho quase certeza que puxei do meu pai. Eu suo muito. Não posso respirar que já to suando.

- Falou maninha - digo indo em direção ao meu quarto.

Agora todas elas pareciam muito concentradas em assistir Keeping Up With The Kardashians para se quer notar a minha presença, então eu nem me preocupo em cumprimentar as amigas da minha irmã.

Levo a mochila para o quarto e vou direto pro banho. Assim que termino, vou até o espelho e realmente, essa barba parece meio... fora de controle. E lá se vai o trabalho de um ano.

Acabo não tirando tudo, até porque por favor né, eu tive muito trabalho pra conseguir a aparência de uma barba decente, então não passo na zero.

Passo a mão pra sentir, me olho e até que eu gostei do resultado. Fiquei com cara de quem acordou um dia, se esqueceu de fazer e resolveu deixar assim. Visto uma regata preta, e uma bermuda também preta .

Resolvo passar o resto do dia no meu "segundo" quarto escutando Nirvana. Devo estar há uns 2 meses aprendendo a tocar Smells Like Teen Spirit. Eu fiz algumas aulas de violão e bateria quando era mais novo, parei uns anos depois por preguiça, mas nunca parei de tocar.

Meus pais sabiam que eu gostava bastante de música, e a bateria ajudava a desestressar quando eu era adolescente, então pegaram um quartinho dos fundos que não tinha muito uso, além de servir de depósito pra coisas que nós não usávamos, colocaram isolamento acústico, uma bateria, guitarra, amplificadores e algumas almofadas no chão.

O espaço ficou legal, parecia um bom lugar pra trazer amigos, imagino que talvez esse ano alguém possa conhecer o que eu chamo de meu "universo particular".

Depois de horas meu pai bate na porta me chamando pra jantar. Digo que vou em 10 minutos.

Mentalmente agradeço por terem me parado, tem dias que eu passo tanto tempo trancado aqui que acabo com as minhas mãos. Tenho calos na mão toda e nos dedos também por caisa das baquetas e das cordas de guitarra.

Chegando na cozinha, dou um beijo na cabeça da minha mãe e me sento pra comer.

Assim que começo a comer sinto dois pares de olhos sobre mim, lentamente ergo os olhos e vejo minha irmã e minha mãe me encarando.

- Tá tudo bem?

- Finalmente dá pra ver o seu rosto né meu filho! Tá lindo.

- Ah sim, a barba - digo passando a mão no queixo - eu tirei hoje mais cedo, assim que voltei da faculdade. Não quis tirar tudo mas acho que ficou bom.

- Ficou sim - Julia fala, enfiando comida na boca - pelo menos não tá mais igual a um homem das cavernas.

- Fala sério, mãe - digo me virando pra ela - não tava tão ruim assim né?

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