Capítulo Único.

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Pov Saebyeok.

Ela devia ter levado na brincadeira quando eu disse que seu sotaque era engraçado, e devia pensar muito em como seu toque era magnético demais para manter minhas mãos longe dela, eu queria dizer muitas coisas, tipo, “você é absurdamente linda” mas as palavras nem saíam da minha boca, era um martírio. E cada vez que ela soltava um sorriso para alguma piada minha eu soltava outro e esse jogo eu conhecia muito bem, ela deve ter percebido que só existia eu e ela ali e tocou minha mão, no escuro, dava pra ver pouca coisa naquele canto do bar mas eu enxergava sem esforço o quanto seus olhos se perdiam no meu rosto, e eu fazia o mesmo. Seria loucura demais eu sentir que já estava afundando, mergulhando, morrendo para tê-los pelo resto da noite? Eu odiava não poder ter isso e, talvez, a boca dela e muito mais do que um simples toque de dedos por cima de uma mesa bem no fundo do estabelecimento.

O bar em Nova Iorque, mais uma vez. Eu deveria mandar mensagem ou algo, mas, ela fez isso antes que eu pudesse realmente concretizar qualquer pensamento, o telefone acendeu no balcão e eu nem tive tempo de pedir uma bebida ou coisa parecida, “você pode me encontrar nos fundos”, isso, talvez ela soubesse o meu receio, ter uma reputação não é lá essas coisas e a minha não estava assim tão impecável ultimamente, na verdade, estava indo muito pior do que eu pensei. Jeans escuros e tênis brancos, não muito típico em sul-coreanas, “caramba, eu nunca vi olhos como os seus antes” ela disse antes que eu sonhasse em falar alguma coisa, estávamos perto, próximas demais naquela rua escura paralela a outra muito movimentada que coincidia com a entrada do bar, eu deveria dizer pra ela pensar nas coisas que poderíamos fazer, não? Nós não devíamos fazer promessas e nem ela, com a voz sussurrada deveria propor uma bebida lá dentro, não agora que eu estava entorpecida pela presença dela. É delicado. Não era um encontro nem nada do tipo, nos conhecíamos há algumas semanas, mas foi um misto turbulento de sensações entre eu e uma bela mulher que tinha os olhos que me fariam afundar, ela apenas me convidou e não tinha intenção de ficar ali, ela também sabia do medo que eu tinha de ser descoberta, era incrível que eu nem abri a primeira página mas ela me leu inteira com apenas um olhar que me arrepiou o caminho todo que eles percorreram. O terceiro andar, onde ficava meu quarto, era tão luxuoso quanto o resto do lugar, a minha mansão não chegava aos pés de ter ela se desfazendo em mim, por cima de mim, com mechas do cabelo que tocavam os ossos salientes do rosto delicado como eu aproveitei para tocá-la naquela noite. Eu gostava dela, estava nítido, e nem mesmo tentei esconder por trás de todos os beijos, embaraços de corpos ou suspiros que me levavam ao céu, eu não queria fazer promessas, mas nós fizemos, aquelas que só acontecem no íntimo, que soam como mãos enroscadas no cabelo e lábios soltos pela pele quente, mais tarde quando ela dormiu pensei se sonhava comigo porque ela sorria, como sorriu quando eu respirei fundo na sua boca, e quando meus dedos, inquietos, tocaram seus ombros em puro êxtase.

Eu menti para muita gente sobre isso, eu escondia o fato de estar apaixonada, quase passando da linha com ela, e eu até que gostava de pensar em como eles falariam sobre isso se eu contasse a verdade, minha pele queimava como sempre quando resolviam tentar colocar fogo em algo que eu queria, e eu só sentia fúria e paixão, como uma chama frágil que poderia incendiar tudo ao redor se entrasse em contato com mais uma gota inflamável, como o roçar do corpo dela perdurou em mim durante uma semana, era frenético e quente, não parecia com nada áspero pra mim, era mais do que isso, foi tão raro que eu pensei que explodiria ali mesmo, com os traços inebriantes dela sobre mim e um lençol fino embolado em nossas pernas. Eles disseram que eu fiz uma coisa muito ruim, fotos dela saindo do meu apartamento, e nenhuma me importava tanto, eu gostava da sensação. Era boa, quase como se ela estivesse sussurrando palavras sujas enquanto eu me entregava em suas mãos, encantada e deslumbrada. Eu nem queria mais saber, eles me apontaram as facas e provas e eu não poderia fugir, pareciam receitas perfeitas de como acabar comigo, e daí? Eu ainda pensava nos olhos dela e de repente aquilo se tornou uma promessa.

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