_ É assim que termina?! - ele engasgou - O que aconteceu depois? Você e o Papai foram separados? Tio Eustáquio voltou para Nárnia? O que aconteceu com esse tal de Caspian? O tio Pedro, tia Susana e Tia Lúcia...
_ Acalme-se.. - eu ri, colocando-o de volta em sua cama - Eu posso responder a todas as suas perguntas outra noite.
_ Você promete, mamãe?
Eu estendi meu dedinho.
_ Eu prometo, de dedinho.
Ele sorriu para mim com seus olhos negros como os do pai e empinou o nariz altivamente antes de inclinar a cabeça curiosamente para mim.
Charles era a cópia exata do pai.
_ Mamãe, você contou essa história um pouco bem demais, com muitos detalhes.. Tem certeza de que Nárnia é apenas uma história?
Eu sorri, uma pequena risada escapando, estendendo minha mão.
_ Por que não vamos perguntar ao seu pai? - ele acenou com a cabeça ansiosamente e nós dois saímos de seu quarto e atravessamos o corredor do que já foi a propriedade do professor Digory.
Passamos por alguns artefatos interessantes que não existiam na época dele, mas que meu marido e eu colecionamos ao longo dos anos de amizade com um homem muito legal chamado Abraham, que era dono de uma loja de antiguidades no centro da cidade. Ele era um pouco mais velho com um cabelo de aparência selvagem, mas sua voz profunda e olhos gentis eram calmantes enquanto ele explicava a história de seus itens que tinha à venda. Seu assistente era um rapaz animado chamado Richard, que sempre estava mais ansioso para nos ver quando íamos à loja. Alguns de nossos artefatos incluíam algumas belas espadas longas, até conseguimos um bom negócio em um busto de leão com o qual nosso filho conversava ocasionalmente.
Sempre dissemos que ele tinha uma imaginação bastante ativa. Quando chegamos ao escritório, batemos levemente antes de espreitar para dentro.
_ Não passou da hora de uma certa pessoinha dormir? - ele sorriu com um olhar astuto enquanto erguia os olhos também negros de seu trabalho e passava a mão em sua franja, tirando dos olhos, os fios de mesma cor.
Eu balancei a cabeça.
_ Desculpe incomodá-lo amor, mas alguém tinha uma pergunta para você.. - eu sorri.
_ O que é? - ele perguntou inocentemente.
A criança correu, pulando no colo do pai.
_ Mamãe estava me contando tudo sobre Nárnia e as aventuras de Reis e Rainhas! Não é apenas uma história, certo papai?
O homem riu enquanto se levantava, mantendo o garoto seguro em seus braços.
_ Você sabe o que eu acho? Eu acho que é hora de você ir para a cama, rapazinho.. - ele brincou enquanto pegava minha mão e nós três voltamos para o quarto dele.
Ele o colocou levemente na cama e o ajudou a se acomodar enquanto eu pegava seu brinquedo favorito, um leão de pelúcia, e beijava sua testa.
_ Você vai me contar a história de novo amanhã? - ele me perguntou esperançoso.
Eu balancei a cabeça.
_ Eu vou te contar a história quantas vezes você quiser, até elas se tornarem reais.
_ Quero ouvir novamente sobre aquela feiticeira, papai..
_ Como você quiser.. - Edmundo fez uma reverência para ele.
_ Boa noite, meu príncipe.. - falei depois de depositar um beijo na bochecha dele.
Ele riu.
_ Eu não sou um príncipe, mamãe!
Edmundo e eu nos entreolhamos, escondendo os sorrisos em nossos rostos.
_ Boa noite, Charlie.
[...]
Enquanto caminhávamos de volta para o nosso quarto, passamos pela familiar estátua do Leão com a boca aberta. Edmundo foi na minha frente e por um momento pensei ter visto um lampejo de luz cintilando perto do busto do Leão.
_ Cuide do meu menino enquanto ele estiver lá.. - pedi baixinho, sabendo que Ele me ouviria.
Senti uma leve brisa soprar meus cabelos e sorri.
_ Amor? - Ed se virou totalmente alheio, me chamando para entrar em nosso quarto - Ouviu o que eu disse?
_ Desculpe, pode repetir?
_ Ah... - ele ficou ligeiramente corado - Estava dizendo que Charlie já é grandinho.. andei pensando na ideia de termos outro filho..
_ Para que ele seja sua cópia também? - ri enquanto nos arrumávamos para dormir e íamos para a cama.
_ Ah.. - ele suspirou - Como se você não me achasse maravilhoso.
_ Eu não disse hora nenhuma que você não era.. - ri me aproximando dele e beijando seus lábios rosados - Você é maravilhoso Rei Edmundo, o Justo. Sou imensamente feliz por ter me casado com você, eu te amo.
_ Eu também amo você Rainha Elizabeth, a escolhida. Que bom que me acha bonito, mas gostaria que o nosso próximo filho tivesse os seus cabelos.
_ Contanto que tenha o seu nariz bonitinho.. - ri.
_ Trato feito.. - ele também riu, como se nós realmente pudéssemos escolher a aparência do bebê - Quer começar fazê-lo agora?
_ Ed! - ri enquanto ele me virava na cama e subia em cima de mim - Você não era assim! O que aconteceu com o meu neném inocente?
_ O neném já tem um neném e quer fazer outro neném, ou seja, o neném não é neném mais.. - ele sorriu maliciosamente antes de me beijar.
_ Algo me diz que nós teremos um bom tempinho à sós.. - sorri para ele que retribuiu.
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Entre Reis e Guerras • || Edmundo Pevensie
RomantizmO amor é a força mais poderosa nesse e em todos os outros mundos. É o elo perfeito que tem o poder de unir pessoas e restaurar corações, mesmo em tempos de guerra. Amar é uma escolha. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vanglori...