CAPÍTULO OITO

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Palm Springs estava tendo uma tarde calma, extremamente calma... Benjamin estava desconfiando de todo aquele silencio. Foi à primeira tarde do ano em que ninguém havia implicado de alguma maneira com o rapaz.

Ignorou esse estranho silencio, e quando a mãe lhe pedira para ir ao mercado comprar leite, não pensou duas vezes antes de bater a porta e seguir rumo ao mercadinho que se encontrava a dois quarteirões de sua pequena e humilde residência.

Benjamin poderia não admitir com tanta frequência, mas ele gostava de viver em Palm Springs. Quem ele iria enganar? Aquela cidade parecia o paraíso! Muitos turistas já caminhavam pelas ruas, afinal as férias estavam começando e que lugar melhor que um “paraíso”? Infelizmente a beleza do lugar se perdia no meio do caráter podre de tantos moradores! Poderiam cuidar de suas próprias vidas, mas não... Eles preferiam acabar com a do rapaz.

Benjamin era fraco, ele não demonstrava ou aparentava ser, mas era fraco. E, consequentemente, se afetava por todos os comentários ofensivos que recebia em seu dia-a-dia.

Enquanto caminhava, o rapaz observava o vento balançar as enormes palmeiras de um lado para o outro enquanto a temperatura só tendia a aumentar um pouco a cada hora que se estendia. Ele percebeu que, por mais que tenha crescido em Palm Springs, ela já não era mais um lar para ele e o garoto só continuava ali por sua família.

Mas esse era o seu momento, ele havia sido aceito na universidade que queria e poderia acabar com todos os momentos dolorosos que sofrera ali... Ele só não entendia, ir embora significaria abandonar sua mãe com todos aqueles babacas? Seu pai, se tivesse sorte, conseguia passar em torno de três a quatro fins de semana em casa, então tecnicamente ele deixaria Eleonor sozinha.

Finalmente havia chegado a seu destino, entrou sem fazer muito barulho e pegou a caixa de leite, aproveitou que havia dinheiro sobrando e comprara uma caixa de ovos para ajudar a mãe com um bolo surpresa para Harold.

Foi só atravessar a saída que ele sentira o impacto de alguém se chocando contra seu corpo magrelo e frágil. E lá estava Jake e os idiotas que o seguiam.

Jake era um dos valentões que tornavam a vida de Benjamin um verdadeiro inferno. Tudo começou em uma discussão no primário e até hoje a briga entre eles continua, a verdade é que... Eles nem se lembravam porque se odiavam tanto.

- Olha só pessoal, a bixinha não levou nosso recado a sério – Jake sorria ameaçadoramente e em seu olhar havia traços de psicopata, com certeza. O valentão batera na sacola que Harris segurava, a caixa de leite caiu no chão em um baque mudo enquanto o leite vazava por toda calçada – Vamos ter que ensinar que nossos avisos são reais.

E foi a deixa para que arrancassem a sacola com a caixa de ovos de sua mão e começassem a tacar no pobre rapaz. Benjamin? Ele estava péssimo, segurava o choro firmemente e teve que esconder as mãos nos bolsos para não perceberem que ele estava tremendo.

Ao receber o primeiro ovo se chocando contra o seu rosto o rapaz sugou todo o ar que conseguia para seus pulmões e correu enquanto recebia uma ovada atrás da outra.

...

- Mãe eu não quero falar sobre isso – o moreno já havia tomado um banho longo e agora estava finalmente sentado no sofá ao lado de seu pai.

- Mas você precisa Benjamin! – Eleonor falava alto e sua voz estava tremula assim como todo o seu corpo. As lágrimas já corriam por suas bochechas enquanto a mulher se segurava para não desmoronar de vez – Essas pessoas são monstros! MONSTROS! – Harold correra para abraçar a esposa que estava em um de seus momentos mais frágeis. Ela não conseguia suportar a ideia de que aquelas pessoas machucavam e humilhavam seu filho da maneira que quisessem, mas o que doía mais era saber que o jovem preferia ficar sem fazer nada – Eles não podem fazer isso com o meu bebê! Não podem! – a mulher chorava compulsivamente enquanto soluçava a cada palavra dita.

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