Call the police

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Naoto entrava em seu apartamento soltando um suspiro cansado, o dia em seu trabalho havia sido exaustivo e sua cabeça já dava indícios de sua enxaqueca diária. Às vezes se arrependia de ter tomado o rumo da mesma profissão que seu pai, mas o sentimento passava ao lembrar que finalmente ele e Takemichi conseguiram atingir o futuro desejado; e que neste momento ele e sua irmã provavelmente estariam escolhendo o nome de seu futuro sobrinho, que já estava a caminho.

Mesmo com o cansaço o impossibilitando de diversas maneiras, ele ainda percebeu, como o bom detetive que era, a sujeira de terra que marcava o solado de um sapato que não o pertencia indo em direção ao seu quarto. Só o que me faltava.

Ele deixou seus pertencentes em cima da bancada próxima à porta, tentando fazer o mínimo de barulho possível, enquanto se movia para o cômodo que lhe garantia a presença de um invasor. Passando seus olhos pelo resto da casa, procurando evidências de roubo ou qualquer outra coisa que sua paranoia o fazia acreditar.

Se apoiou na parede ao lado da porta que dava acesso aos seus aposentos, estava prestes a entrar no local e abordar qualquer que fosse a "ameaça", quando uma voz grave ecoou pelas paredes.

— Naoto, é você?

Era Kazutora.

— Eu já não disse que era para me avisar sempre que você viesse para cá, Hanemiya? — Naoto falou, entrando no quarto de uma vez, seus músculos relaxando. — E outra, ainda são cinco da tarde, o Pet Shop não fecha às seis?

Kazutora estava com uma toalha presa em sua cintura e seu cabelo bicolor molhado, deixando gotas solitárias de água cair por cima de sua tatuagem e seguir caminho por seu tronco. Ele mexia nas gavetas do armário do dono da casa, provavelmente procurando uma das diversas mudas de roupa que havia deixado ali.

— Fuyu fechou mais cedo hoje. Ele e Baji iam comemorar alguma coisa, provavelmente era só uma desculpa para os dois irem foder ou sei lá o que — Ele respondeu ainda alheio, achando uma cueca dobrada no meio das outras roupas. Retirou a toalha que usava, ficando completamente nu, colocando a peça de roupa. — Ele disse que deveria aproveitar e passar mais tempo com o meu namorado também, já que ele é uma pessoa extremamente ocupada...

— Por isso você se sentiu no direito de invadir minha moradia? — Naoto perguntou, retirando seu paletó, tentando ignorar o rubor que acomodou suas bochechas ao ver toda glória do outro homem por alguns instantes. — E que história é essa de "namorado"?

— Eu tenho a chave do seu apartamento e já estamos saindo a, sei lá, uns 6 meses? Achei que já tivesse passado pela fase de negação, Tachibana — Kazutora falou rindo, ditando o sobrenome do amante de forma debochada a maneira como Naoto o chamava. — Mas Chifuyu estava certo, deveria passar mais tempo com você...

O homem com mechas loiras se aproximou do outro, abraçando-o por trás e enfiando seu rosto no pescoço do mais novo, o perfume amadeirado ainda se mantinha forte na pele clara. Naoto deixava seu olhar vagar pelas paredes brancas, fingindo não se abalar com a presença forte do outro.

Como acabaram daquela maneira, era um tanto quanto confuso. Neste futuro, em algum momento, Naoto conheceu Kazutora antes que ele saísse da prisão, sendo que quando saiu da penitenciaria o irmão de Hinata já acompanhava o outro rapaz até seu novo emprego, o Pet Shot de seus amigos. Meses depois Naoto já tinha uma gatinha chamada Tigresa, adotada neste mesmo estabelecimento, e um homem com tatuagem de tigre que levantava quase todas as manhãs ao seu lado, quase sempre ambos estavam nus.

Tachibana se virou e empurrou Kazutora, deixando o companheiro com um olhar confuso. Ignorou e se empenhou em abrir os botões de sua camisa social, lentamente, olhando no fundo dos olhos dourados de seu mais novo "namorado".

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