Lembro-me de ter cinco anos quando
Minhas memórias felizes se faziam
Sem precisar estar me esforçando
Para entender o que elas me traziamA dor de crescer é pior do que outra qualquer
Já tenho quase 17 e uma vida de escolhas
Seria muito mais fácil jovem permanecer
Quando eu não precisava estourar essas bolhasLembro-me que, aos sete anos, ser adulto desejei
Talvez, na minha cabeça, a liberdade me faria feliz
Ainda não posso dizer que me enganei
Mas acho que não é isso que o meu coração me dizPensar em crescer faz meu coração gelar
Não me sinto preparado para nada
Tenho certeza, ainda não me sinto capaz de envelhecer
Não me sinto seguro em ver minha juventude levadaCrescer, perder, errar, sofrer, seguir
Tudo me parece tão assustador
Só de imaginar, meu coração pela boca pode sair
Meus piores pesadelos me apontam como um perdedorÀ beira da idade adulta e o que sei do mundo?
Sei que não sei lidar com a rejeição
Também sei que não posso cavar um buraco fundo
Para me enterrar diante da solidãoE quanto tempo vai levar até que eu cresça?
Leve o tempo que for preciso para que eu não apodreça
Para que eu não seja só mais um humano descartável
E que eu não tenha que me agarrar a alguma esperança maleávelQuantos números vou precisar ultrapassar
Até que finalmente possa me sentir bem?
Quanto mais tempo eu pretendo desperdiçar
Até finalmente chegar ao fim da linha do trem?Quantas memórias ainda vão me marcar
Para que eu finalmente possa aprender
Que a pressão do ar pode simplesmente me matar
Sem que eu ao menos possa perceberAinda me lembro do meu berço
Lembro também de não ligar pra nada
Mas dessas memórias não me lembro um terço
Que não me faça sentir uma completa piadaAcho que preciso nascer mais um vez
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aonde foram as borboletas • volume 1
PoetryUma coletânea de poemas sobre ansiedade, medos e inseguranças. "Meu estômago se enche de borboletas. Então é aí que elas estão?" • • • • • • #3 em poesia (03/10/2021) #2 em poesia (04/10/2021) #12 em poesia (06/04/2022)