Twenty Seven

489 64 1
                                    

- Você tem razão, filho. A sua mentira não me deixou nada feliz. Toda a encenação desse noivado não me deixou feliz. E não me deixa feliz o fato de você achar que precisa ser o que não é para que eu tenha o que eu quero - ele aperta o meu ombro. - Mas eu o criei bem mesmo, porque o que você acabou de fazer é tudo o que um pai poderia querer de um filho.

- Fazer isso me deixou contente, pai - eu digo, e não é exagero. Eu colocaria o meu coração nesse trabalho, porque Deus sabe como eu preciso tirar Gabrielly da cabeça.

Talvez eu até venda a ela a minha parte no bar, para não ter de vê-la nunca mais. Ver todo santo dia a mulher que partiu o meu coração é a minha exata definição de uma vida miserável. Meu pai bate de leve em minhas costas e então me puxa para um abraço.

- Você é um bom garoto, Joshua. Estou orgulhoso que tenha reconhecido que cometeu um erro e que queira reparar esse erro. - Ele interrompe o abraço, coloca as mãos nos meus ombros e sorri, bem-humorado. - Mas terei de recusar a sua oferta.

- Por quê? - pergunto, franzindo as sobrancelhas. Ele ri e pisca para mim.

- Porque você me salvou! Porque durante o jogo eu quebrei a cabeça tentando pensar em uma maneira honrosa de desfazer esse negócio. Eu já não queria mais passar a empresa para aquele chauvinista metido e você me deu a justificativa perfeita - ele aponta para a sua fragmentadora de papel no chão e esfrega as mãos. - Ainda bem que os papéis não foram preenchidos!

Um sorriso surge em meu rosto, o primeiro desde que Gabrielly picou o meu coração em pedaços, depois o moeu e fez hambúrgueres com ele. Eu sei, provavelmente estou exagerando. Mas o órgão em meu peito está pulverizado. Por outro lado, ver meu pai satisfeito me traz alívio.

- Ele era mesmo um nojento - eu digo.

- Não tinha nenhum respeito por mulheres, por sua esposa, por suas filhas. Eu não posso deixar que o legado da Beauchamp's vá parar nas mãos de uma pessoa assim.

- Concordo, pai, não pode mesmo. Deixe a empresa conosco apenas por mais algum tempo, enquanto procuramos outra pessoa que se interesse por comprá-la, alguém realmente adequado - eu sugiro, cheio de orgulho. Sim, sinto orgulho do meu pai pela escolha que ele fez.

- Filho, aí é que está - ele estala a língua.

- Eu já encontrei alguém.

- Já encontrou? - repito, boquiaberto.

- Sim. Mas não para comprar a empresa - ele corre os olhos pelo escritório, pensativo. - Encontrei alguém para cuidar dos negócios enquanto eu descanso. Eu não estou pronto para abrir mão da Beauchamp's de vez, embora eu esteja completamente pronto para trabalhar menos.

- Certo. Mas... quem? - pergunto com hesitação. Mas no instante em que essas palavras saem da minha boca, eu me dou conta de quem é a pessoa. Claro! Quem mais poderia ser tão perfeita, tão confiável e preparada? Eu estalo os dedos. - Heyoon! Você pediu à Heyoon que tomasse conta das operações diárias da empresa? - Ele faz que sim com a cabeça, radiante de alegria.

- E Heyoon disse sim! - Ele bate o dedo indicador sobre alguns papéis que estão em sua mesa. - Era nisso que eu estava trabalhando quando você chegou. No novo contrato dela. Heyoon será a diretora executiva da Beauchamp's e eu permanecerei como fundador e proprietário enquanto navego pelos sete mares na companhia da sua mãe.

- Você é mesmo um romântico - eu digo, sem conseguir esconder a admiração. - A Heyoon é a escolha perfeita, pai. Está ao seu lado desde o início e ninguém conhece o negócio melhor que ela.

- Exatamente - ele responde, deslocando-se com agilidade até o sofá próximo da janela com vista para Midtown Manhattan. - Mas já que eu sou um romântico incurável, casado há trinta e cinco anos e muito feliz, além de ter alguma ideia do que as mulheres querem, vamos falar a respeito do que você vai fazer para reconquistar a Any Gabrielly. Eu vi o modo como vocês olham um para o outro. - Ele bate no sofá, chamando-me para que eu me sente ao lado dele. Vou até o sofá e me afundo ali.

Just Friends | ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ.Onde histórias criam vida. Descubra agora