Capítulo 13

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Capítulo revisado em: 04/02/2023

***

O dia havia passado depressa demais na visão de Katsuki.

Parecia fazer poucos minutos que ele e Midoriya estavam no restaurante de Fuyumi, e, agora, a noite reinava com seu frescor habitual de outono. No momento, ele se encontrava no quarto de hóspedes, estirado na cama de solteiro; braços cruzados sob a cabeça enquanto encarava o teto.

O despertador na escrivaninha apontava às 22h30, alfinetando o estresse crescente do modelo, que já devia estar dormindo há tempos. Não entendia por que seus olhos não pesavam de jeito nenhum; pelo contrário, estavam muito bem despertos.

Katsuki cumprira todo seu ritual da noite: hidratou cada centímetro de seu corpo e rosto, lixou as unhas das mãos e dos pés e envolveu o cabelo em uma touca de cetim para não o amassar enquanto dormia. Não havia mais pendências, então por que a droga do sono não vinha?

Suspirou. Ergueu-se e calçou os chinelos. Tirou a touca e não se incomodou em pegar uma blusa para colocar sobre a regata, pois iria apenas à cozinha. Beber mais chá talvez ajudasse o sono a vir...

Enquanto atravessava a sala, crispou os olhos às dezenas de revistas recolhidas mais cedo, organizadas em duas pilhas grandes na mesinha de centro. Tentava não interferir nos métodos compulsivos de seu estilista para arrumar inspiração; ele estava livre para praticar todo ato de bizarrice que quisesse, contanto que não bagunçasse o apartamento.

E falando nele...

Antes de entrar na cozinha, Katsuki notou que a porta do ateliê estava entreaberta. Uma fraca iluminação laranja vinha de lá. Franziu o cenho. Jurava que ele já estava dormindo, considerando o silêncio...

Sem saber a razão, foi até lá. Abriu o resto da porta e viu o estilista sentado em um banco alto, debruçado sobre alguns cadernos e aparelhos digitais. A fraca luz vinha de um abajur postado na mesa, à frente dele.

Midoriya não o ouviu entrar, mas sua visão periférica provavelmente captou a movimentação, pois ele retirou os fones e o olhou.

— Ah, ainda está acordado? — comentou ele, surpreso.

Katsuki estalou a língua e enfiou as mãos nos bolsos do moletom cinza.

— Eu que te pergunto... vem cá, você nunca dorme cedo?

Adentrou mais o ateliê, reparando na preparação básica que a equipe fez mais cedo. Havia diversos tecidos empilhados em uma mesa e as máquinas de costura estavam devidamente posicionadas para começarem a trabalhar na manhã seguinte.

Midoriya ajeitou aqueles óculos enormes e voltou ao trabalho.

— Eu nunca fui de dormir cedo — respondeu ele, distraído. — Meus estudos sempre foram à noite, e, quando não era o caso, eu preferia assistir algo na TV. — Por estar de costas, ele não viu Katsuki revirando os olhos. Continuou: — Mas me surpreende você estar acordado a esta hora, já que é sempre tão preocupado com a pele...

— Bem que eu queria estar dormindo, mas aparentemente a porra dos carneirinhos decidiram me dar o foda-se hoje — resmungou Katsuki enquanto mexia em tesouras e marcadores na prateleira.

Izuku esboçou uma discreta careta. Como alguém podia ser tão boca suja? Talvez fosse melhor colocar os fones de volta...

No fim, não o fez. Seria falta de educação, além de que, se o ignorasse, Izuku sabia que as coisas não acabariam nada bem. Decidiu relaxar. Não se preocuparia com o gênio complicado do modelo; ao menos, não hoje. Estava satisfeito e aliviado com o andamento do traje, cuja ideia lhe veio mais cedo. Dessa vez, não haveria atrasos nem correrias.

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