Acordei sobressaltada com Anna me olhando furiosa. Por um instante esqueci de tudo que aconteceu essa madrugada.
— Tinha um homem no meu sofá. — Disse apontando para trás, para a porta do meu quarto.
— Eu sei.
— Tinha um homem dormindo no meu sofá, Lily.
— É. Eu também sei. — Falei segurando o riso.
— E também tinha uma roupa de príncipe no meu outro sofá.
— Anna, diga algo que eu não sei. — Reviro os olhos indo para o banheiro dentro do quarto.
— Ele foi embora.
Ah.
Anna me olhou olhou com estranheza por longos segundos. E eu a entendia. Isso nunca havia acontecido antes, eu nunca trouxe ninguém para dentro da nossa casa, nunca saí com ninguém.
— Não acredito! Está triste! Você está triste, Lilly. — Ela grita esganiçada.
— O quê?! Não, Anna. Eu não estou triste. Só que é... Complicado.
— Complicado? Pode descrever? O que é mais complicado do que encontrar um homem deitado no nosso sofá?
Levo o indicador e o polegar ao nariz e pressiono aquela região. Aquela seria uma longa conversa se eu não cortasse logo o assunto. Eu havia acabado de acordar e um interrogatório logo de cara me deixaria de mau humor o dia inteiro.
— Anna, respira. Henry foi um garoto bom. Não aconteceu nada. Ele só precisava fazer um telefonema e...
— E aí você o deixou dormir no nosso sofá, porque ele estava vestido de príncipe e sua fantasia estava aflorada pelos filmes? E, Henry??? — Ela leva as duas mãos na cintura enquanto andava de um lado para o outro.
Eu rio. Ela estava sendo ridícula.
— Não, sua idiota. Ele não tinha onde passar a noite.
— Estou reconsiderando a ideia de te deixar sozinha sexta-feira à noite. — Diz apontando o dedo e saindo em direção a cozinha.Quando estava enfim sozinha, um sentimento de preocupação se apodera de mim. Henry estava com medo se seu pai o achasse. Como ele foi embora? Será que o pai veio buscar? Anna teria a resposta?
— Anna?! — Grito. — Como ele foi embora?!
— Homens de preto vieram buscar ele e foram super gentis comigo e te deixaram uma carta — Gritou de onde estava e eu fiquei paralisada.O encontraram.
Castelo de Mourkylewer, Inglaterra.
10amEu só pensava em como argumentar contra meu pai para que Lilly não fosse responsabilizada por meus erros. Jamais me perdoaria se algo acontecesse a ela.
Os homens de meu pai bateram em sua porta exatamente às sete da manhã. Quando ela ainda dormia e enquanto sua amiga chegava de uma noitada.
— ... Essa cidade tem o sobrenome da nossa família, Henry. Você tem responsabilidades aqui! Se for agir como um adolescente rebelde todas as vezes que algo for contra sua vontade. Já pode renunciar ao trono! — Meu pai cuspia essas palavras em mim, sem se perguntar como eu me sentia. Era típico de um homem Mourkylewer, todos eram geniosos, orgulhosos e brutais assim. Eu fora o único a nascer doente.
Meu pai era um sujeito alto e forte. A barba sempre aparada com perfeição e muito bem pigmentada. Seus típicos cabelos lisos e negros eram afastados de seus olhos com voracidade e brutalidade conforme gritava. A roupa de rei tecida com linhas verde escuro e branco, afortunadas e importadas estavam perfeitamente passadas e limpas. Suas botas estavam um pouco sujas de lama, por passar a manhã no campo escolhendo o sermão que me daria dessa vez.
— Você fez sua escolha, Henry. Não obedeceu a seu pai. Se casará com a princesa, e o assunto está dado por encerrado. — Levou as mãos atrás do corpo e se virou para a imensa janela de vidro.No fim, de nada me adiantou fugir. A conversa no leito de morte de minha, foi esquecida da mente de meu pai, onde dizia: "A mão de Henry, nosso filho, futuro rei, estará prometida a mulher a quem por ele se apaixonar. Nada mudará isso.". Mas, qualquer modo, a mão da princesa já estava prometida a mim, príncipe herdeiro do trono de Mourkylewer. E nem éramos apaixonados. O coração da princesa pertencia a outro, e o meu, ainda nem havia sido sequer escolhido.
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FAIRY TALE
FantasyEra só um simples telefonema, mas acabei virando empregada de um palácio.