Trinta e Um

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Quando estamos numa montanha russa e o carrinho corre em alta velocidade por aqueles trilhos de ferro em aspirais, o nosso corpo fica em alerta e há uma rápida liberação de adrenalina. E como respostas imediatas, ocorre uma diminuição da circulação do sangue na área do abdômen, uma contração no estômago e liberação de uma maior quantidade de ácido. Tudo isso causa aquela sensação momentânea do frio e a barriga encolhe. A cabeça gira se não fixar o olhar num ponto fixo e por muitas vezes a bile sobe na garganta.

E a sensação que eu sentia naquele momento era trinta vezes pior.

Meus olhos estavam fechados fortemente, os dentes trincados e tudo girava, e girava, e girava... até que não senti mais nada, pois minha consciência havia me abandonado.

Quando minha consciência retornou, abri meus olhos lentamente, a pouca iluminação não dava para ver muita coisa. Minha cabeça doía e meu estômago não era dos melhores. Levei alguns minutos para perceber que estava caída no chão frio de terra batida e o cheiro úmido de mofo e algo a mais não era nenhum pouco agradável.

Com as mãos no chão impulsionei meu corpo e consegui ficar sentada, mas tudo girava ao meu redor, me fazendo levar a mão a cabeça e fechar os olhos mais uma vez para que aquela vertigem aliviasse.

- Você está bem?

Abri meus olhos novamente escutando passos pararem ao meu lado.

- Ino... – franzi o cenho, tentando enxergar seu rosto naquele escuro. – O que... o que está acontecendo? Que lugar é esse? Ai minha cabeça – e voltei a fechar os olhos mais uma vez.

Ela se agachou a minha frente.

- Me desculpe, vai demorar um pouco para seu corpo restabelecer com a viagem.

Abri os olhos, mal conseguindo enxergar seu rosto com a pouco iluminação.

- Viagem?

Do que ela estava falando?

Ino segurou meu braço e me ajudou a ficar de pé, e conforme a minha cabeça ainda girava, ela me conduziu até uma cadeira de madeira e eu me sentei.

Ela caminhou às escuras, remexendo nas coisas e logo em seguida uma fraca luz de uma vela iluminava o local, me dando o prazer do vislumbre de seu rosto e seu perfil enquanto depositava aquele pedaço pequeno de vela em cima de uma mesa de madeira velha que estava a minha frente.

- Aonde estamos, Ino? – Observei o cômodo nenhum pouco familiar e nenhum pouco bonito ou limpo. - Não estamos na casa do Sasuke.

E aquilo era óbvio. A casa de Sasuke que era toda trabalhada no luxo não se comprava aquele lugar fedido com poucos móveis escuros e velhos, uma lareira no fundo com um caldeirão preto pendurado. Uma pequena cama num canto, e um baú velho ao lado, sem contar em várias outras coisas, tudo bagunçado.

- Sim, não é a casa do Sasuke – ela concluiu, atraindo minha atenção para si. – Essa é uma cabana de uma velha senhora camponesa que vive nesse lado das montanhas um pouco longe da aldeia. Ela é uma espécie de curandeira, e nesse exato momento está vagueando pela floresta a procura de plantas medicinais. Isso nos dar algum tempo para conversarmos.

- Nós invadimos uma casa? – Eu a fitava incrédula, as palavras montanha e aldeia havia passado despercebido por mim. – Isso é contra a lei.

Ino apenas deu de ombros e puxou a outra cadeira de madeira velha e se sentou a minha frente.

- Isso é uma emergência.

- Emergência – murmurei, ainda incrédula. – Ino, não sei o que está acontecendo. Confesso que estou muito surpresa por ver você... por você ter surgido do nada e agora estamos – e olhei a minha volta – neste lugar. – Mordi o lábio e balancei a cabeça para os lados, tudo parecia tão errado, fora do comum. Eu estava confusa com aquilo tudo. – Não têm nem três horas que eu saí do apartamento aonde Naruto estava hospedado, implorando para que ele te encontrasse e fizesse a sua segurança. Você corre perigo, Fugaku sabe que existe bruxas Bragadini ainda viva. Ele vai atrás de você!

The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora