Capítulo 37

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Como o esperado, Lucy já chegou reclamando, mas também parecia muito feliz ao me ver.

- Você tá mais morena... – reparou. Ah, pronto.

- A gente foi pra cachoeira – admiti.

- Curtiram a visita? – sorriu maliciosamente, o que me arrancou uma risadinha. Ahh, se ela soubesse.

- Sim, muito. Tinha uma gruta ou espécie de caverna subaquática. Foi bem interessante – respondi fingindo inocência enquanto tentava disfarçar meu próprio sorriso malicioso.

- Você não é nada divertida – resmungou.

- Por que você não pergunta logo o que você quer saber?

- Porque quando eu sou direta você se finge de idiota de qualquer forma.

Dei de ombros.

- Às vezes eu só não quero falar sobre isso, o que acha?

- Você nunca quer falar sobre nada, Sam.

- Isso não é verdade – me defendi. – A gente fala sobre coisa pra caramba. A única coisa sobre o qual você pode reclamar é sobre eu não ficar te falando sobre tudo o que eu faço com o Seth.

- Eu não preciso mais ficar sabendo essas coisas – sorriu vitoriosa. – Agora que vocês namoram, eu já estou satisfeita. Meu trabalho de cupido foi cumprido com maestria.

Ri e me deitei na cama.

- Você é maravilhosa, sabia? Eu não sei o que eu faria sem você na minha vida.

- Provavelmente ia viver a mesma vida chata e sem graça de sempre – fiz uma careta.

- Se você diz que minha vida era chata e sem graça... O que é uma vida animada pra você? – questionei, realmente curiosa.

- Sei lá. Acho que isso depende da pessoa. Tem gente que diria que sair, ir à festas e baladas seria uma vida animada. Outros diriam que ficar com um monte de gente e fazer um monte de merda é uma vida animada. Outras já poderiam dizer que viajar e ou conhecer lugares é uma vida animada. Eu acho que minha concepção fica no meio desses três.

- Ou seja, eu tive uma vida medianamente animada, até, deixa eu ver... um ano atrás? – sorri. – Pra mim é justo.

- Acho que tem razão. E se for realmente esse o divisor, a minha vida é tão chata quanto a sua – admitiu. Um pouco mais, eu imagino, se for levar em consideração o terceiro fator. Não que ela saiba que eu simplesmente sumia para poder explorar por aí.

- Bem-vinda ao clube então – ironizei e levei uma travesseirada. – Como estão as coisas com o Matt?

- O mesmo de sempre – deu de ombros. – A gente sai, a gente conversa, a gente namora... O básico, eu acho.

- Isso é ruim? – perguntei, estranhando seu tom de voz.

- Não. Eu prefiro nos manter no simples que é algo que tá dando certo do que inventar ideia e estragar tudo. Ele pensa da mesma forma.

- Mas?...

- Ah, é só preocupação com o futuro. Vou pra faculdade?, arrumo um trabalho? Eu ainda não sei o que eu quero. E eu não sinto particularmente nada me chamando para algum caminho também – arqueei a sobrancelha, mas ela me interrompeu antes que eu tivesse tempo de perguntar sobre a prova de admissão que ela fez pra faculdade. – Ah, eu sei que eu passei, mas sei lá... Eu estou tentando me decidir se sigo ou não com esse ideal. O Matt também não tá animado de ter que fazer faculdade por causa que os pais querem que ele siga a linhagem de médicos da família. Ele tentou muito fugir disso.

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