Boa leitura! ❤— Tia, por favor, está deixando ela envergonhada. — Dominic intercede ao meu favor e eu suspiro aliviada.
— Não vejo problema. Ambos são jovens, solteiros. — ela pisca para mim. Não sei onde enfiar a minha cara com tamanha vergonha.
— Então Kiki, você trabalha com o quê? — ele muda o rumo da conversa, mas mantém em seus lábios um sorriso divertido.
— Sou advogada. E você? — tentando ser simpática, pergunto dando início a um diálogo.
— Sou estudante de arquitetura e empreiteiro. — ele responde com um sorriso orgulhoso.
Achei fofo.
— Você não estava precisando de um empreteiro, querida? — Nora pergunta e me estende um prato cheio de pães, fatias de bolo, frutas e uma xícara de café. Meu estômago protesta.
— Sim, eu estou. — falo dando uma rápida olhada em Dominic.
— Ótimo. O meu sobrinho é todo seu. — Nora diz em tom malicioso indo para dentro.
Sinto a mão de Dominic tocar a minha por cima da mesa. Me arrepio com o seu toque.
— Peço desculpas pela minha tia. — ele diz visivelmente envergonhado. Assinto e ele retira sua mão da minha, fazendo com que eu solte o ar que não sabia que estava prendendo.
Será um longo dia, tenho certeza.
Nora voltou com mais comida e a todo momento, entre risadas e alfinetadas dela sobre como eu e seu sobrinho formaríamos um casal lindo, eu senti meu coração alegre. Como se o sentimento de solidão desse uma trégua temporária do meu peito.
Depois do café, nós três fomos ajudar a dona da casa a arrumar o seu closet, que segundo ela estava precisando de uma organização, e mesmo eu querendo desistir e argumentando que precisava ir embora, ela insistiu tanto que não tive coragem de dizer não.
— Dominic, porque você não aproveita o dia e vai a casa da Kiki fazer um orçamento? — Nora pergunta com o sorriso nos lábios.
— Tia, eu não sei...— pela voz de Dominic, vejo que ele está envergonhado enquanto me encara incerto.
Realmente Nora está certa, não sei quando terei outra oportunidade para resolver logo a reforma da casa, já que estou sempre na empresa e só chego em casa para dormir.
— Tudo bem por mim ser hoje. A minha casa está mesmo precisando de um empreteiro. — digo e mordo o lábio um pouco tímida ao ver Dominic balançando a cabeça em afirmação repetidas vezes enquanto me encara.
Será que tem algo errado com a minha aparência? Por que ele está me encarando tanto?
— Ótimo, assim que terminarmos podemos ir. — ele diz sorrindo amigavelmente e assinto, sentindo um frio em minha barriga.
Eu sempre fui falante e extrovertida, mas depois de Michael, e principalmente após a traição, eu afundei a minha cabeça no trabalho ao ponto de não saber mais a sensação de sair em um dia para me divertir. Uma pequena angústia foi surgindo em meu peito, e hoje ela reside em mim por completo. A Coorporação Adventure é uma esperança, uma realização, um sonho, uma prova para mim mesma de que não sou apenas dor e angústia, mas que consigo fazer mais do que eu julgava. Que eu posso ser uma renomada advogada e continuar aplicando a justiça.
Agora, tal sonho está ameaçado por uma ideia patética de um namorado.
— Kiki? Tudo bem? — desperto dos meus pensamentos e vejo que passei todo esse tempo encarando Dominic. Abaixo o olhar envergonhada.
— Desculpe, só estou a com a cabeça longe. — rio sem graça e continuo a organizar os lindos saltos de Nora.
— Ou planejando a minha morte. Você estava com uma cara. — ele diz arrancando um sorriso de mim. — Já terminou por aí?
Iria respondê-lo quando meu celular vibra em meu bolso, e vejo uma mensagem de Michael dizendo que precisava falar comigo com urgência. Mas o que esse cara quer agora?
Coloco o celular de volta em meu bolso e percebo que o closet de Nora está totalmente arrumado. Dominic me pergunta se estou pronta para irmos até a minha casa, e eu assinto. No caminho, ele puxa assunto comigo, parece não se importar com o fato de eu não responder a suas perguntas tão amigavelmente. Eu desaprendi a fazer amizades.
Entramos na minha casa e enquanto Nora observa admirada a minha péssima decoração, Dominic começa a fazer fotos no seu tablet e observar atentamente a minha sala de estar, cozinha, corredor, varanda. Ele assume uma postura profissional e vai conversando comigo a todo momento, me explicando termos técnicos da arquitetura e me dando opções sobre o que fazer em cada espaço.
Como profissional, ele é incrível.
— Eu sugiro trocar a instalação hidráulica do banheiro. — ele diz sério ainda mexendo em seu tablet, e depois de alguns segundos, seus olhos recaem na minha torneira quebrada.
— Pode segurar pra mim, por favor? — ele me encara estendendo o tablet e eu seguro confusa. Ele vai até a torneira e após algumas manobras que deixaram seus músculos ainda mais evidentes, a torneira estava em sua mão?
— O que você está fazendo? — questiono ainda surpresa ao ver ele desligar a transmissão de água da casa, ainda com a minha torneira em mãos.
— Evitando que você pague uma fortuna com a conta de água. Essa torneira estava com um vazamento, precisa ser trocada com urgência. — confirmo com a cabeça ainda perplexa com o seu modo atencioso.
— Dominic, eu quero contratar o seus serviços. —digo e ele sorri, embora sua expressão seja surpresa. — Mas, eu não entendo nada de decoração, texturas ou acabamentos.
— Não se preocupe com isso, sua casa ficará ainda mais linda. — ele estende a mão para que eu aperte e assim faço, sentindo uma estranha eletricidade percorrer meu corpo.
Fomos caminhando até a sala de estar e vejo Nora sentada no meu sofá folheando um álbum de fotografias.
— Dom, vem ver a Kiki bebê. Uma fofura. — ela diz assim que nos ver, e o olhar de Dominic se alterna entre mim e sua tia, que está com o álbum em mãos.
— Eu posso? — ele sussurra ao meu lado, encarando a tia e balançando a cabeça, talvez julgando o seu jeito espaçoso.
Apenas assinto com a cabeça ainda envergonhada por algo tão íntimo está sendo mostrado a um desconhecido. Mas o que eu iria dizer, afinal?
A verdade, é que nesses dois anos e meios que moro nesta casa, eu sempre observava Dominic de longe, ao entrar na casa da sua tia, ou ouvia a mesma me falar sobre ele. Nunca tivemos a oportunidade de nos conhecermos, até ontem, mas agora, com os dois juntos, consigo associar a imagem a tudo o que a tia falava.
— Olha, na formatura. — desperto com a voz de Nora apontando para uma foto, e me aproximo sentando ao seu lado e observo a Kiki adolescente na formatura do terceiro ano. Eu sorria junto a minha mãe, meu pai, e minhas irmãs.
— Sim, eu estava tão feliz nesse dia. — falo em tom nostálgico.
— O seu pai é um gatão. — Nora diz e dou risada.
— Tia! — Dominic a repreende me lançando um olhar de desculpas, assim como o de mais cedo no café da manhã.
— Não é porque estou velha que estou cega. — ela devolve o encarando entediada. — Nossa Dominic, esse garoto parece muito com você. —ela diz apontando para uma foto em que todos da minha turma sorriem para a foto. A última foto juntos.
— Sou eu mesmo. — ele diz com o álbum em mãos e uma voz chocada. Me aproximo dele e vejo seu dedo encima da foto, apontando para um garoto no meio da turma, sorrindo.
— Você é Dominic Jhones? — pergunto descrente. Ele balança a cabeça afirmando.
— Vocês já se conhecem? O que o Dominic fez? Salvou você de um dragão? — Nora pergunta em tom debochado, mas estou ocupada demais revisitando o passado para rir de algo.
Dominic Jhones me ajudou em uma crise de ansiedade.

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o namorado de fachada
RomanceKimberly, ou Kiki, como gosta de ser chamada, é uma jovem advogada ambiciosa, doce, e que faz de tudo pelas pessoas que ama. Quando seu namorado a trai com a que costumava ser sua amiga, e os sócios de uma grande Coorporação a qual Kiki sonha em tra...