Manhã nublada.

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   Eu tenho uma rotina aos sábados nessa qual eu acordo ás 7:15,me arrumo, para ir a um passeio sem rumo. Por mais que eu não tenha força de vontade para nada, nem mesmo comer, me obrigo a ir nesse passeio, porque ainda tenho a esperança de que um dia alguém possa me curar e então toda essa dor vai se mudar para longe...Eu espero.

   A cidade de dia ela é bem bonita, mas a noite parece um lar para todo o tipo de desgraça que pode acontecer, ela se torna o verdadeiro inferno, é onde os sem coragem se escondem em baixo da coberta e com várias tentativas falhas de calar a voz da mente, dormem com dificuldade por causa do barulho de sirenes lá fora...
    E onde os corajosos se jogam de suas janelas, por não aguentar mais essa vida cheia de sofrimentos e angustias, ou uma vida sem nada, sem emoção, sem rumo, sem pessoas, apenas eles e os demônios que os rodeiam.

   Pego a chave que fica pendurada em um chaveiro enferrujado escrito bem vindo. Vou em direção à porta de madeira e abro-a, botando o pé direito para fora e logo vejo o céu cinza.

—Acho que vai chover - digo para mim mesmo, pego o guarda-chuva amarelo em cima da mesa que fica perto da porta...vamos lá não é tão brega assim, eu vi em revistas, por uma mesa perto da porta facilita em muitas coi...quem eu quero enganar é brega sim...- saio de casa andando sem nexo pelo calçada.

   Caminhando sem pressa vou em direção a praça, poste.....gato...muro....carro...homem barbudo..........!!! Oh perdão, eu nem percebi, as vezes eu meio que falo na mente as coisas que vejo... É uma brincadeira que vi em um filme, e acabei pegando mania. Bem de longe já avistei a praça e cada vez me aproximava dela e quando cheguei não passei pelas medianas grades prateadas com poucas ferrugens, na verdade continuei andando, passando reto em frente dela, estava vazia é claro, quem viria a uma praça em um dia nublado? logo iria chover e nenhum maluco iria querer sentar em um banco molhado. Bom... continuei andando reto com um único pensamento em mente.

   O cemitério é aqui perto...

   Tenho pena das pessoas que morrem aqui, sempre que passo em frente do cemitério de greencifor vejo enterros onde á milhares de cadeiras, mas nenhuma pessoa, o corpo é enterrado sem ninguém para chorar, apenas um padre que reza pela alma e depois vai embora, e o funcionário do cemitério enterra o cadáver. Eu sinto pena e de vez em quando, sento em um dos enterros e oro pela alma e vou embora. Pobres almas.

   Sem ao menos perceber meus pés me guiaram ao cemitério e parado em frete a este encontro mais um enterro, sem ninguém outra vez...

   Fui até lá, andei sobre o caminho de pedras e me sentei em uma das cadeiras de plástico branca da primeira fileira.

-Quem é vc? Não me lembro de ter nenhum amigo - uma mulher com duas cadeiras de distâncias de mim, disse com uma expressão fria e profunda, ela olhava para frente apenas observando o padre lendo um versículo qualquer da Bíblia, a mulher tinha cabelos ruivos, pele clara, tão clara quanto um pedaço de papel A4, olhos azuis e usava um vestido branco longo que no fim contia babados com um vermelho aguado.

-... - fiquei sem reação, não sou bom de papo, por isso fiquei parado 

-Deve... Estar com pena, ninguém veio chorar ou se lamentar... Tudo bem, eu já esperava por isso, pode ir embora agora.

-Eu venho de vez em quando, rezar pelo cadáver, que a alma dele não seja tão julgada seja lá onde... E ainda não o fiz, por isso, não vou embora agora. - falei com um pouco de receio, vai que ela era algum parente da pessoa que estava sendo enterrada... Não quero nenhuma briga.

-Hahaha - ela riu, sem graça - você não faz isso pela alma, faz isso por você mesmo... Pra você se sentir bem e aumentar o seu ego de bonzão.

   Talvez ela estivesse certa, mas não tenho mais nada em mente pra fazer.

𝑷𝒐𝒃𝒓𝒆 𝒜𝓁𝓂𝒶Onde histórias criam vida. Descubra agora