Capítulo dez: quebrada

4.9K 418 49
                                    

Point of view Lauren Jauregui

Aspirei mais uma grande dose do cheiro primaveril e refrescante da ômega firmemente protegida em meus braços. Me embebedar do cheiro dela foi o único meio que encontrei de me manter sã durante essa maldita noite infindável. Meu alfa interior está descontrolado, praticamente rugindo dentro de mim, brigando comigo com unhas e dentes. Mante-lo aprisionado é desgastante e exige de mim muito autocontrole. Mas eu não posso de maneira alguma deixa-lo sair novamente. Assim que terminei de matar os filhos da puta que ousaram tocar na minha pequena e frágil ômega, eu fui obrigada a esconder meu alfa interior novamente para não assustar Camila ainda mais do que ela já parecia estar. Ele a queria. Ele a quer. Como nunca quis outrem.

Ser uma lúpus tem um preço muito alto. Eu não sou uma alfa comum. Tudo em mim é em dobro. São lutas infindáveis e diárias que tenho que travar para não sucumbir e ser uma completa babaca. Se alfas normais já são um porre para suportar, eu posso ser muito pior. Eu posso, mas não quero. E tento não ser. Gosto de pensar que tenho certo êxito nisso.

Odeio quando pessoas agem e fazem coisas ruins e colocam a culpa no alfa ou ômega interior como se fosse uma segunda pessoa dentro de si que sai, faz a merda e volta e então não merece ser punido por esses atos. Os alfas e ômegas interiores não passam de uma segunda consciência, ou seja, algo como o subconsciente. Nele estão nossos desejos, nossos impulsos, nossos medos e assim por diante. É o que praticamente nos torna híbridos, é o nosso lado, entre aspas, lobo. Ou seja, tudo é uma extensão de nós mesmos.

Meu alfa interior sou eu mesma.

Chamamos de alfa e ômega interior para deixar claro essa, querendo ou não, certa separação de consciência que existe dentro de nós. Somente quem não tem essa separação são os betas e os sucumbidos.

Sucumbidos são pessoas que deixaram uma única consciência comandar, a parte mais forte, a parte lobo. Quando o lado lobo subjuga completamente o lado humano, não tem mais volta. E eu por ser uma lúpus, tenho o dobro de chance de sucumbir.

No mundo antigo ser uma lúpus seria como ter tendências psicopáticas. É complicado, desgastante e muitas vezes insuportável. É, literalmente, uma constante guerra dentro da minha cabeça. Por esse motivo e outros que nós, lúpus, somos praticamente quase inexistentes, a maioria sucumbe ou comete suicídio. Mas eu passei praticamente minha infância toda trabalhando em meu psicológico para que hoje em dia, meu lado humano, seja tão forte quanto o lado lobo. Agradeço meus pais por isso. Se não fosse por eles eu não seria o que sou hoje, provavelmente nem estaria viva.

Ter meu apartamento invadido por pessoas aleatórias e nuas não ajuda em nada minha situação que já está complicada.

-Que merda está acontecendo aqui!?- Minha voz não foi nada gentil quando me pronunciei. Não sou nenhuma idiota, obviamente essas pessoas foram colocadas aqui por alguém que tem acesso ao meu andar e sabe a senha do meu apartamento. E as únicas pessoas que tem esse acesso são Allyson que é uma intrometida e Shawn que é o meu chefe de segurança. Juntando um mais um, não é difícil descobrir quem é o culpado.

O estopim foi quando ao invés de escutar uma resposta, gemidos começaram a soar de algum canto daquele apartamento. Camila apertou seu rosto coberto pelas próprias mãos contra meu peito. Aquilo foi demais para mim. Não é por minha causa que aquela situação está me incomodando, até estou acostumada com isso tudo, o que realmente está me deixando louca é a exposição que Camila está tendo. Depois de tudo o que ela passou ter que presenciar aquela merda toda!?

Rosnei e sem pensar duas vezes peguei a ômega em meu colo. Camila não reclamou ou me afastou, apenas prendeu firmemente as pernas em minha cintura e os braços em meu pescoço.

Mon Cher - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora