Capítulo Único

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ERA DA REBELIÃO
03 DBY

O RASTRO LAMPEJANTE da X-wing ofuscou ao desacelerar naquele espaço pontilhado. Ultrapassou os escudos gravitacionais da nave-mãe que pairava o planeta Yavin-4 — este, dono de um prolífico verde. A X-wing pousou sem problemas. A blindagem dela elevou-se para desembarque. E o piloto despira o elmo, seus cabelos encharcados de suor.
       Entretanto, os compartimentos traseiros da X-wing abriram e uma figura trajada de tecido preto com placas que protegiam até os ombros, surgiu lentamente.
       Quando o piloto saltou da cabine,  uma explosão de faíscas o lançaram ao chão.
       A figura resguardou uma pistola-blaster — o longo cano bufando fumaça — próxima ao capacete. Tratava-se de um deathtrooper: uma das unidades especiais do Império encarregada de realizar missões com o mínimo de cautela possível, ao contrário dos stormtroopers.
       Ele roubou o cartão ID do piloto, o qual botou no compartimento da X-wing sem levantar suspeitas. Depois, subira alguns degraus da plataforma de pouso dirigindo-se a um portão. Encostou o cartão num monitor adjacente. Após abrir, entrou; o portão fechou-se atrás de si unindo o símbolo da Aliança Rebelde.
       Mas, que tipo de missão envolveria os esforços discretos de um deathtrooper?
       O tipo que neutralizaria uma nave-mãe por completo sem deixar pistas.

Onde posicinava-se câmeras com lentes de 360 graus de visão, o Trooper arremessara lâminas de metal-negro. As câmeras cuspiram estalos junto a fuligem branca. Cautela acima de tudo.
       As costas do Trooper encontravam o gelo das paredes conforme esgueirava de corredor-a-corredor. A base Rebelde do planeta Yavin-4 era realmente grande como seus colegas haviam lhe dito. Porém, a segurança não ultrapassava a destreza de um deathtrooper.
       Chegando em um vasto pátio pobremente iluminado, dois portões afastaram-se do outro, revelando o Reator Central. Cilindros grossos preenchidos de cor-esmeralda ocupavam boa parte daquele recinto.
       Quando o Trooper avançou um passo, bips contínuos soaram. Ele tirou a limpo: descobrindo um astrodróide engaiolado no canto do cômodo. As grades emitiam cortinas de energia-íon, o suficiente para torná-lo sucata!
       A coisa soou mais bips, agora acompanhados por ruídos.
       O Trooper, irritado, rosnou: — Calado! — E chutou longe a gaiola. O astrodróide emitiu nenhum som; provavelmente entendeu que o humor de um deathtrooper era escasso. 
       Finalmente, diante do Reator, o Trooper retirou da cintura a cronobomba. No teclado numérico, digitou: dez minutos. Ele havia cronometrado a ida, que marcava cinco minutos. Dez seriam suficientes para fugir e apreciar uma explosão de fogos em sua homenagem.
       Entretanto, dos portões gêmeos veio um rebelde: humano de cabelos loiros, pele rosada e com fones cercando-lhe as orelhas. Ele ficou diante do Reator. Destravou a bandeja do circuito e manipulou os fios monocromáticos.
       Um engenheiro, pensou o Trooper, escondido atrás da gaiola do astrodróide.
       Minutos se passaram. O turno pareceu ter acabado; então, o rebelde seguiu ao portão. Mas, do astrodróide fugiu um grunhido e o rebelde notou o Trooper acuado no canto daquele Reator.
       — I-intruso!!
       Ele puxou a pistola-de-raios e disparou. O feixe azul atingiu a gaiola que chuviscou faíscas.
       O Trooper rapidamente agarrou os braços do rebelde e chocou-o contra parede. A arma escorregou das mãos dele. Aquela briga-de-braço levou os dois até o Reator, um rosnando pro outro. O rebelde enfim se libertou dos punhos do deathtrooper e imediatamente empurrou-o. As pernas dele cambalearam até caírem sobre a outra. E — para piorar —, o uivo da cronobomba avisou que o tempo corria, gelando-o na hora.
       — Desligue isso — ordenou o rebelde.
       O Trooper voltou-se a ele, surpreendendo-se com a arma encostada em seu capacete.
       — Desligue! Agor... bazzzzbazbazzzbazbaaa... !! — Ele tombou de cara.
       Estranhando o que de fato ocorreu, o Trooper abanou a cabeça.
       O astrodróide estava ali, na frente dele. Um braço-robótico erguia um pino que gerava cargas elétricas. Este braço resguardou-se para dentro da parte superior — que era curvada e tingida de marrom fosco.
       Bips e giros indicaram o agito do astrodróide.
       Reerguendo-se, o Trooper disse: — Você... me salvou? Foi tu que o eletrocutou?  — Suspirou. — É... te devo uma. — Mesmo daquela distância, ele conseguiu ler o registro na lataria do astrodróide: — R3-S9. Tem dono?
       Bips iguais aos de antes soaram.
       — Ok. Vou considerar isso um “não”.
       De repente, os uivos da cronobomba retornaram mais altos, indicando cinco minutos até a detonação. Maldição, pensou, aquela nave não levantará voo sem co-piloto.
       Após dar dois passos, R3-S9 o seguiu igual a um cachorro fiel.
       O Trooper o encarou. Hesitou. E perguntou: — Sabe pilotar?

Três minutos e dez segundos até a detonação.
       À bordo da X-wing, seu possante roncou quando R3-S9 dera partida. As turbinas gritaram e expulsaram os dróidesmédicos ao redor. A nave içou no segundo que os rebeldes surgiram portando canhões-laser.
       Dois minutos e quarenta segundos.
       Feixes azuis penetraram a carcaça avermelhada da X-wing, mas não impediram-na; então, poderosíssimas rajadas de vento devastaram a área de pouso quando a nave voou célere ao espaço.
       Sobrando um minuto para detonação, o Trooper não esboçou ânimo. Exceto R3-S9 que rodopiava de alegria na asa. A espaçonave cortou velozmente as estrelas e desapareceu — perdendo infelizmente a “festa de fogos”.

À anos luz dali... o Trooper repassou a pilotagem para R3-S9. Desconforto tomava-lhe as costas naquela cadeira dura.
       Ele apalpou o capacete e, quando estava prestes de retirá-lo, notou um luminoso rastro vermelho alinhado em seu peito. De canto, viu cinco figuras negras desabilitarem os octocamos. Eram deathtroopers, assim como ele. Estavam invisíveis ali desde quando?
       R3-S9 assobiou. Mesmo tomando conta da nave lá fora, ele detectou alguma anormalidade.
       Um dos deathtroopers empunhava um rifle-blaster de cano estendido e mira-laser embutida. Ele avançou com passos largos, e disse:
       — A missão acabou. Base rebelde destruída.
       — Certo — disse o Trooper, afundando o punho no coldre. — E... pra quê a arma?...
       O deathtrooper ao invés de respondê-lo, engatilhou o rifle e disse: — Não leve pro pessoal...
       R3-S9 soou bips que remetiam a um grito choroso.
       — ... são apenas ordens.
       Antes que o Trooper sacasse a própria arma, um súbito flash vermelho jogou-o aos painéis. Cheiro de carne queimada isolou o ar-artificial daquela nave. Tudo que podia-se ouvir fora os choramingos do astrodróide, que continuava a cumprir cegamente a função de pilotar a nave.

Fim

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