O que mais admiro nos humanos, são seus ingênuos filhotes. Eu conheci muitos durante toda a minha existência, muitos mal chegou a respirar pela primeira vez, e eu já o tive que carregar. Vinham a mim de muitas formas.
Eu os observo de longe, muitas vezes estamos tão perto que até mesmo eu me assusto.
Um homem de poucas palavras, solitário, que vivia dando comida aos pombos para passar os finais da vida com a mente ocupada.
Quem o via ali até sentia pena de sua solidão, mas não havia uma alma que pudesse lhe fazer companhia, exceto os espíritos do passado que o atormentava.
Um dia ele resolveu contar uma pequena parte de sua vida ao comerciante, este que sempre o via sozinho no banco recém pintado de branco na praça.
As crianças eram proibidas de chegar perto ou de trocar qualquer palavra com o velho, ele não aparentava ser alguém de confiança. Pelo menos, aos olhos dos demais humanos, é claro.
O movimento da barraca de cachorro-quente estava fraco, as crianças estavam mais empolgadas em brincar ou implorar por sorvete da barraca que concorria do outro lado da praça. Alguns casais ainda preferiam encher a pança com pão e salsicha, portanto o seu dia de trabalho não seria um fracasso total.
O velho solitário ali comentou com o comerciante frustrado.
Ele teve uma filha, fôra soldado de guerra em sua juventude e se lembra bem do horror da guerra. Ele era jovem, aventureiro, cheio de vida e só tinha olhos para o sucesso. Nada naquela vida poderia atrapalhá-lo. Ele era piloto, segundo em comando de sua unidade de aviadores da aeronáutica brasileira. Movido a honrar o nome da família como o melhor dos melhores, nisso ele nunca falhou, havia uma outra paixão que o tomava de seus pensamentos profissionais.
Quanto bla bla bla
Mas você não contou tudo a ele, não é mesmo, Genaro.
Um belo e jovem piloto. Tinha apenas duas paixões em sua vida, pilotar e uma fêmea, bela e delicada. Ela se chamava Virtudes, era enfermeira, cuidava de todos os soldados. Jovem, bela, talentosa e muito culta. Seus cabelos encaracolados acima do ombro com seu uniforme branco preenchiam os olhos dos homens, e seus pensamentos de luxuria e malignidade.
Magnifica, ele a descrevia.
Demorou para criar coragem para chamá-la para sair, ela não aceitou de primeira, mas logo viu no rapaz um bom partido, para a época, as moças precisavam de bons partidos para ter boa vida, e um militar era mais do que um ótimo partido.
A primeira noite saíram para um restaurante pouco luxuoso, no próximo uma sorveteria e no outro um novo restaurante. O casal apaixonado vivia juntos, e todas as missões de Genaro, Virtudes esperava pacientemente por seu retorno.
Uma noite, Virtudes resolveu agradar seu amado oferecendo-o seu bem mais precioso. Sua pureza, a beleza agraciada de suas curvas nuas. O toque suave de sua pele se misturava com o suor de seu amado, o prazer que nunca havia sentido antes em sua vida, agora estava misturado aquele amor que duraria para sempre.
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As crônicas da Morte
Short StoryCertamente em algum momento de sua vida você precisou ir até o cemitério, seja para dar adeus a um amigo, parente, ou visitar o túmulo caso tenha alguma religião ou acredite em superstições. Já passearam pelos corredores de inúmeras lapides e observ...