taehyung point of view
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Empurro a porta da cafeteria, entrando em um ambiente muito familiar. Que não tive coragem de voltar desde o final da minha sentença. Sete anos.
Meus passos sem rumo dentro do estabelecimento cessam quando noto a luz que entra de uma janela ao fundo, onde uma pequena mesa estava arrumada. Me ajeito na cadeira, suspirando longamente, observando a rua através do vidro que cortava o frio estridente que Seoul caracteristicamente carrega no inverno. Trago as mãos em concha próximas ao meu rosto, soprando meus dedos gelados.
— Tae? Taehyung ?
O baque da bandeja metálica no chão me assusta. Mas nada faz meu coração correr tão rápido quanto reconhecer o dono da voz que me chamou pelo nome. Me levanto impulsivamente, estreitando o olhar, na tentativa de me convencer que estava o vendo de verdade.
— Quando? Quando foi que você voltou?
Ele se aproximou, afoito, a voz e as mãos lançadas no ar em minha direção estavam trêmulas, e ainda assim parecia aliviado, apesar de confuso. Foi quando suas mãos tocaram meu rosto que me recordei daquele toque macio, o sentimento nostálgico de pertencimento que há anos não sentia me acertou no peito, expandindo, preenchendo tudo. Senti minha mão ser segurada, e então apenas me deixei levar por ele, que recolhera a bandeja sagazmente. Passamos pelo balcão e seu colega de trabalho nos encarou sem entender o que estava acontecendo. Em alguma medida, eu também não sabia. O frio arrepiou meu corpo, me fazendo contrair os músculos, enquanto desviamos as escadas depois de sair pela porta dos fundos e pararmos na estreita ruazinha no fundo do estabelecimento.
Ouvia o vento, os carros que passavam, a minha respiração e um choro. Minha mão agora segurava a do garoto à minha frente, que soluçava com a cabeça abaixada. Com a mão livre puxei seu pequeno corpo encolhido de encontro ao meu, abraçando-o com força. Suas mãos agarraram minha blusa e chorou mais alto, enquanto eu afagava seus fios bagunçados, sentindo minhas pernas perderem um pouco da força.
— Jimin.
Vi seus olhos, próximos, inchados e vermelhos. Um rastro brilhante deixava seu nariz ligado fragilmente à minha camisa, seus dedos me prendiam com força perto de si. Seguro seu queixo, e com o auxílio da manga da blusa que usava, limpo seu nariz, enquanto ele funga, e mesmo notando suas bochechas ganhando cor, recolho as lágrimas dos cantos de seus olhos com as pontas dos dedos. Suas mãos deixam minha roupa e novamente seguraram meu rosto em um toque delicado, como se ele ainda não acreditasse em seu próprio tato nem em sua visão.
— Eu vivo sentindo tanto a sua falta, Taehyung.
Meu coração se comprimiu em meu peito, e usei de uma força tremenda para não chorar. A visão de seus olhos me analisando, incrédulos, me trazia todas as lembranças daqueles anos longe. Suspirei, e tentei sorrir. Falhando. Abraço-o novamente, sendo correspondido dessa vez. Alguns segundos inundados no silêncio, fizeram nossas respirações se alinharem, e com algum foco, comecei a sentir as batidas dos nossos corações. E então o frio.
O afasto com cuidado, olhando-o com o mesmo tom de análise e preocupação infindáveis. Como ele esteve aqueles anos?
— Eu vou responder tudo o que quiser Chim... Eu não vou mais ficar longe.
Minhas palavras o atingiram e mesmo soando como se nunca tivéssemos ficado longe por anos, ele sorriu fechando os olhinhos, como antes, como me lembrava, com a mesma doçura e compreensão. Ele apenas confirmou com um movimento da cabeça, me levando de volta para a cafeteria.
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Cartas para Anwa ✧ [taejoon]
FanfictionHá algo que você desesperadamente desejaria à uma estrela? ✧ CONCLUÍDA ✧ "As estrelas recebem milhões de pedidos, relatos, confissões todas as noites. São, para a maioria das pessoas que sonham acordadas, a esperança de um coração aquecido. Só para...