26/10/2021

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Oi, prometo que vou tentar escrever todos os dias aqui.

Eu acho que isso pode ser gatilho para outras pessoas, então se você sofre de problemas psicológicos ou é muito sensível leia com cuidado.

Há tempos eu me sentia ruim, uma espécie de ansiedade no meu peito. Acredito que tudo isso começou quando eu era criança, meus pais tinham uma vida conturbada, eu e meu irmão víamos suas brigas e aquilo nos deixou apreensivos e nervosos.

Aos 10 anos mais ou menos sofri assédio sexual do filho adotivo do meu avô, na época eu não sabia o motivo do meu assediador fazer aquilo, eu achava que era apenas uma brincadeira, porém conforme eu ia crescendo percebi a real intenção dele.

Nessa parte da minha vida o que eu mais lembro são de dois momentos, quando eu estava assistindo a tv, o quarto dele ficava de frente pra sala, ele apareceu na porta que era dupla, com uma janela e a portinha embaixo que estava fechada, dando pra ver da cintura para cima dele.

Ele balançava o braço de uma forma estranha, como se estivesse mexendo em alguma coisa abaixo da cintura. Nesse momento ele ficava me chamando, chamando pra eu ver.

Graças a Deus eu nunca cheguei perto pra saber o que era, eu só ficava sentada na cadeira observando, no meu pensamento era uma brincadeira.

Com o passar dos anos, percebi que aquilo que ele fazia era masturbação, isso tirou meu juízo. 

O segundo foi quando eu estava brincando no meu avô que era zona rural, minhas colegas que moravam perto de lá estavam comigo até que me deu vontade de fazer xixi. 

Pedi pra elas me esperarem, nós estávamos correndo no meio das árvores, era um local de difícil visualização.

Fiz xixi, olhei para trás e vi ele me observando. Lembro que comecei a chorar quando levantei e corri para casa. Aquilo despertou um ódio em mim tão grande que quando eu ouvia a voz dele eu sentia vontade de matá-lo.

O pior disso tudo é saber que ele fez com outras garotas, que ele tem um processo andando mas está a solta, nunca foi preso, mora perto da casa do meu avô, e a dor é toda minha por não ter contado pra minha mãe os detalhes o quanto antes.

Quando meu avô faleceu sua casa ficou de herança para minha mãe, o assediador ainda morava lá. 

Minha mãe não sabia dos acontecimentos comigo, mas ela sempre me alertava de não ficar sozinha com ele.

Em 2020 minha mãe disse que era pra ele sair da casa que agora era dela.

Ela ajudou ele, a esposa e os 3 filhos crianças a se sustentarem e fazerem uma casa para eles perto de lá.

A casa foi feita e ainda em 2020 eles se mudaram, porém sempre quando estávamos na casa da minha mãe ele aparecia e ficava como se nada tivesse acontecido, até falar comigo o desgraçado achava que tinha direito.

Eu sentia vontade de acabar comigo naquelas horas, vontade de desaparecer, de me cortar.

Eu não aguentava mais, quando eu o via minha ansiedade batia, mãos soando, sensação de desmaio, coração batendo forte, falta de ar.

Eu precisava fazer alguma coisa por mim.

" Mãe, eu não quero ir se for pra aquele homem ficar dentro de casa" 

A gente morava dentro do distrito então íamos pra zona rural nos finais de semana.

" Por qual motivo tu odeia tanto ele? Ninguém pode ser assim não, ele fez alguma coisa pra ti?"

Naquele momento meus olhos encheram de lágrimas, eu não podia dizer o que realemente aconteceu pois tinha medo de minha mãe passar mal já que ela tem hipertensão.

" Ele ficava me chamando pra dentro do quarto" 

Ela ficou estática, eu só disse aquilo.

" Mas ele fez mais alguma coisa?"

"Não, foi só isso mesmo."

Durante 3 dias seguidos ela ia na minha cama de madrugada perguntar se ele tinha feito mais alguma coisa
Eu sempre dizia não.
Não queria que ela ficasse doente.
Guardei para mim

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Diário da minha ansiedadeOnde histórias criam vida. Descubra agora