Capítulo 7

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 Às oito horas da noite eu estava sentada na minha penteadeira esperando por Jun. Nadja se despediu minutos antes quando a dispensei. Como não tínhamos ideia de onde o príncipe me levaria, acabei usando um vestido simples até os joelhos de tom creme, junto com um par de sapatilhas pretas.

Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha enquanto me olhava no espelho. Meu cabelo estava solto, e a maquiagem não passava de um pouco de cor nas bochechas e rímel. Eu estava natural, mas bonita, foi como Nadja me descreveu.

Quando batidas ecoaram na porta do meu quarto, fui um pouco animada demais para abri-la.

Jun me esperava do outro lado ainda com a roupa que usara no almoço, um terno cinza escuro, mas agora a gravata azul havia sumido. Ele me olhou de cima para baixo antes de sorrir.

— Boa noite, Lady Neva.

— Boa noite, Alteza — devolvi o cumprimento — Posso saber onde pretende me levar?

O sorriso em seu rosto aumentou.

— A senhorita vai ver — disse me estendendo o braço. Eu o segurei.

Caminhamos pelo corredor dos quartos de hóspedes sem pressa.

— Quando terei uma refeição particular com o senhor? — perguntei evidenciando o tom de brincadeira em minha voz. Afinal, ele já me afirmara ter almoçado ou jantado com pelo menos duas selecionadas.

Ele me olhou com as sobrancelhas levantadas.

— É o que a senhorita quer?

— Apenas se tiver cannolis.

— Então terá que ser um café da manhã — afirmou.

Fiz uma careta.

— Esquece o que eu disse.

Jun parou de andar e se virou para mim.

— Qual o problema de tomar um café da manhã comigo? — quis saber minha recusa.

— Acordar cedo, esse é o problema.

— Você acorda cedo todos os dias — respondeu, descrente.

Suspirei.

— Não percebe que sou sempre a última a chegar no salão?

Ele desviou o olhar para longe, provavelmente tenta lembrar de alguma vez em que notou eu chegar.

— E que diferença faria se o desjejum fosse apenas nós dois?

Voltei a segurar o braço dele e o incentivei a caminhar.

— Eu não poderia chegar atrasada, como sempre faço — esclareci, estranhamente o fazendo rir.

— A senhorita é hilária, Lady Neva.

Franzi o cenho.

— O que eu disse de errado?

Jun não respondeu, e eu me senti ridícula. O que eu disse para ele rir?

Quando chegamos nos lances de escadas, Jun me puxou em direção aos degraus.

— Terceiro andar? — perguntei receosa.

Aquele andar era proibido para as selecionadas. Era onde ficavam os quartos da família real. Por que ele me levaria para lá?

— Seja lá o que a senhorita estiver pensando, prometo que não é isso.

— Não estou pensando em nada — admiti, embora agora ele tenha me feito imaginar algumas coisas.

Subimos as escadas até o terceiro andar, e pude perceber que ele era bem parecido com os outros, embora sem todos os quadros que decoravam as paredes do térreo. As portas eram mais sofisticadas, o que já era de se esperar para os quartos da família real.

Ela não é PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora