Prólogo

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- Lucca, eu não quero ir. - disse pela milésima vez, como se pudesse mudar o que estava para acontecer a seguir.
- Ju, você esperou por esse momento por muito tempo. Não pode simplesmente querer acabar com tudo agora.

Ele tava certo, por anos, durante toda a minha vida eu quis ter um pai. Um que fosse presente, mas minha mãe exerceu esse papel da melhor forma que pôde. Ela fazia de tudo para que eu não me sentisse mal em relação à esse assunto. Mas eu sentia falta, sabe ?

Eu queria ser como as outras crianças e ter uma figura paterna presente. Queria poder chegar em casa e assistir o jogo de futebol com ele. Queria entregar todos os presentes, desenhos e cartas que eu fiz no Dia dos Pais. Ao invés disso, eu me mantive quieta o tempo todo.

Eu tentava a todo custo não pensar nele, em certo ponto da minha vida eu me acostumei com a ausência. Esqueci o significado da palavra pai. Ela passou a não existir mais no meu vocabulário.

Como eu disse, eu não gostava de pensar nele, mas esse ano foi praticamente impossível. Minha mãe descobriu que tinha câncer, já estava num estágio muito avançado e era chance zero de cura.

Desde que eu descobri sobre a doença, eu não parava de pensar nesse homem, minha mãe podia morrer a qualquer momento e eu ficaria sozinha, sem ninguém. Eu tinha meu melhor amigo, Lucca, mas não poderia me manter na casa dele por muito tempo, e além do mais eu não gosto de incomodar.

Só de pensar que eu poderia parar em um orfanato qualquer por não ter ele comigo, me causava arrepios.

Eu não me lembrava da aparência dele, muito menos sabia o nome, minha mãe também nunca tocou no assunto. Até mês passado. Quando o médico me disse que eram as últimas semanas de vida dela e eu devia aproveitar. Aproveitar? O que exatamente? Os últimos dias da minha mãe? Os últimos dias que eu vou ser feliz? Aproveitar enquanto o câncer corroe o cérebro dela ?

Eu me sentia exausta, minha rotina se baseava em passar a maioria do tempo no hospital. Eu tenho 17 anos e tive que parar a escola para me dedicar totalmente à minha mãe.

Os médicos já estavam desacreditados, me diziam que iam desligar os aparelhos se não houvesse melhora. Eu pedia, praticamente todo dia, eu implorava para que não levassem ela de mim. A cada dia que passava, nossa dívida com o hospital ia aumentando, eu não queria deixar ela no hospital público da cidade por que sabia que lá, ela ia ser tratada da pior maneira possível. Não somos ricas,óbvio. Mas eu juntei nossas economias, os salários que eu tinha guardado do meu antigo serviço, que eu também tive que largar, enfim, paguei o tratamento dela com muito custo, mas, os mais caros mesmos eram os remédios. Eu sabia que eles não curariam ela, só prolongavam seu tempo de vida. Eu já estava preparada para o pior.

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