Twenty-eighth Chapter

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Fiz esse regge pra você
Pra nunca mais se esquecer
Que eu ainda estou aqui
E que não tem pra onde fugir

EMILIANO RIGONI

— Finamente, meu lar.

Lírio disse, após entrar em sua casa e puxar o ar com o nariz, sentindo o aroma do almoço de dona Sida ficar pronto. Dois dias depois de eu ter descoberto que possivelmente, posso ser pai de uma criança, minha namorada havia recebido alta e isso era motivo de muita alegria.

Mas mesmo assim, isso ainda me preocupava, não sabia como ela reagiria ou como se sentiria em relação a tudo isso.

— Dona Sida invadiu sua cozinha. — Conto, a ajudando a sentar-se no sofá. A fisioterapia estava fluindo bem, apesar da dor no pé que era a mesma no ombro, ela estava melhor do que, a dias atrás.

— Que ótimo, estou morrendo de saudades de comida de verdade. — Disse alegre e fazendo um pouco de careta, ao movimentar o ombro.

— Precisa de mais alguma coisa? — Questiono, e deixo um selinho rápido em seus lábios.

— Água e chocolate. — Fez beicinho e quase cedi, mesmo sabendo que ela não poderia ingerir nenhum tipo de doce até a glicose baixar.

— Não funciona. — Digo, me direcionando a caminhar em direção a cozinha, ouvindo ela murmurar que eu era chato.

Ao entrar no recinto, vi a mãe de Cris cantarolar uma música não conhecida por mim, mas bem alegre para ela. Peguei o copo, o enchendo de água e antes que eu saísse da cozinha, dona Sida trocou a melodia da música e me lembrou minha mãe no mesmo instante, com isso, tudo o que deixei para trás no meu país.

Engoli em seco, juntamente com a saudade e voltei para a sala, vendo minha namorada toda esticada e de olhinhos fechados, provavelmente pegou no sono ali mesmo, e como eu não queria acorda-lá e nem movimentá-la para não causar nenhuma dor, apenas deixei o copo sobre a mesa de centro e me direcionei a cozinha novamente.

— Está muito pensativo hoje, Emiliano. — A mulher que ainda cantarolava disse, levantando o olhar a mim por breves segundos. — O que está lhe fazendo refletir?

Suspiro fundo e lembro dos dois últimos dias, dos exames que tive que fazer, dos testes disso e daquilo, e ainda nem me submeti a ver Dhía, e nem saber nada sobre a gravidez. Não até agora.

— Eu vou ser pai, dona Sida. — Murmuro, totalmente perdido e sem nenhuma expectativa quanto a este sentimento. — E ainda não sei como conto isso pro amor da minha vida, sem ela descobri que eu já fui casado e ocultei isso dela.

Meus olhos embasaram no mesmo instante, o nó na garganta pareceu mais apertado e eu poderia jurar, que senti meu coração parar por alguns segundos. Era agonizante me sentir assim e não poder conversar com ninguém, além da minha própria mente.

— Vejo que você ainda não conhece a Lírio. — Falou, e a olhei rapidamente vendo sua expressão tranquila. — Lírio é a menina mulher mais compreensiva do mundo todo, ela vai entender que isso foi o seu passado e que são seus demônios. Ela jamais vai ficar brava com você porque vai ser pai, não. — Disse, me olhando por fim e me faz fazendo encolher os ombros. — Ela não vai ligar muito pro seu passado, se o importante agora é aproveitar o presente e futuro de vocês, junto.

Um suspiro fundo e talvez demorado, foi a minha resposta.

— Essa mulher ama você, Emiliano. — Continuou, me fazendo olhá-la ainda mais atento. — E acabou de vencer um acidente que poderia ter a levado, muito facilmente. Então, não se lastime porque ocultou algumas coisas que, no momento, não lhe pareceram tão importantes. — Ao fim, abriu um sorriso reconfortante e lhe retribui.

𝐒𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬 & 𝐑𝐨𝐬𝐚𝐬 ━━ Emiliano Rigoni Onde histórias criam vida. Descubra agora