As coisas que odeio em você

1 - Suas festas

Mais uma noite com a minha desejada noite de sono interrompida pelos Lavakia.

Sendo mais específica, mais uma noite sendo obrigada a escutar a batida eletrônica repetitiva da casa ao lado, de mais uma das festas insuportáveis de Soren Lavakia, o meu indesejado vizinho que desconhecia a palavra limite.

Que otimo.

O meu dever de casa das aulas de escrita nunca me pareceram tão odioso como naquele momento, porque a essa hora da noite, ao em vez do documento aberto no meu notebook com apenas oitenta e cinco palavras escritas de uma redação sobre a importância da mamografia, era para eu estar com uma dissertação impecável e digna de elogios vinda dos meus professores, como sempre costumava fazer.

E prestes a deitar e entrar em meus sonhos com Channing Tatum. Ou com a minha paixão secreta.

Detalhe importante: É para entregar amanhã.

Mas pelo visto, mais da metade dos estudantes da Royal School já terminaram a tarefa ou fingiram que não leram o aviso em letras maiúsculas que o professor Thompson deixou anotado na lousa, pois segundo os vídeos postados em seus perfis das redes sociais, se encontravam na casa luxuosa ao lado participando de mais um dos eventos daquele festeiro babaca.

- Mas que merda. – Suspiro fundo pela decima vez, fechando o meu notebook forte o suficiente para balançar a minha escrivaninha branca.

Pressiono as mãos em minhas têmporas e apoio os meus cotovelos na madeira, tentando controlar a crise de dor de cabeça que me pegou desde uma hora atrás, quando comecei a tentar digitar aquilo em meio a gritaria e as vozes animadas.

Mas antes que pudesse me permitir relaxa e fechar os meus olhos por alguns instantes, o toque alto e estridente do meu celular soa pelo meu quarto, fazendo com que após uma hora e meia sentada nessa cadeira, eu me levante em um salto.

A tela brilhante jogada em minha cama sinalizava o contato de Devan, o meu irmão mais velho, com a nossa foto juntos na festa de lançamento do livro da nossa mãe.

- Por que você está me ligando sendo que está no quarto ao lado, Devan? – Já impaciente, é a primeira coisa que digo ao puxar o telefone e atender a chamada, passando os dedos pelos fios rebeldes que escapavam do meu rabo de cavalo.

Como se aquele final de dia não pudesse piorar, não é a voz irritante do meu irmão que responde a minha acusação, mas sim, uma que era conhecida por ser o seu melhor amigo e braço direito.

- Talvez o de La Luna de número um não esteja no quarto... – O tom grave de Andrew Hall se destaca em meio ao barulho de música do lugar onde ele estava.

Digerindo o que ele tinha acabado de dizer, ando em direção ao corredor vazio e espreito da casa, iluminado pelo lustre gigante, e observo a porta fechada do quarto do final do corredor.

Devan me disse que iria dormir.

- Andrew? O que está fazendo com o celular de Devan? – Faço a pergunta que poderia ser considerada a mais besta o possível, conduzindo em passos firmes e pressionando a maçaneta da porta do quarto do meu irmão. Ao abrir, me deparo com a cama intacta e vazia. O meu raciocínio lento desperta segundos depois de me dar conta do que estava acontecendo. - Não me diga que esse idiota...

As próximas palavras de Andrew me cortam, confirmando o que estava prestes a dizer.

- Sim, fugiu para a casa ao lado e agora está bêbado o suficiente para não conseguir formular uma frase que alguém consiga compreender. – Ao ir escutando a sua explicação, passo os meus olhos em direção ao ambiente apagado e perfeitamente arrumado. – A única coisa que Brandon conseguiu entender nesses últimos trinta minutos foi quando ele pediu para nós te chamarmos. E acho que também implorou para que você não o mate.